Egipto, a viagem perdida de Egéria

 

(Texto íntegro)

 

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     É muito o que nas últimas décadas se tem conseguido no estudo do «ltinerário» de Egéria de modo que actualmente já nom se duvida da sua autoria, e existe um geral consenso em aceitar à indicada como a mais genuína entre as diferentes formas que do seu nome aparecem nos códices.
     Assi mesmo, depois de ter-se baralhado um amplo abano de possibilidades cronológicas, parecem já definitivas as consideraçons que estimam que a peregrinagem descrita no «ltinerário» foi efectuada entre aproximadamente o mes de Fevereiro do ano 381 —o dia de Páscoa do 384, 25 de Março, já se cumpriam três anos da chegada de Egéria a Jerusalém, segundo nos manifesta (1)— e Junho deste ano (2).
     Esta dataçom fai inviável a hipótese, tantas vezes utilizada, de que Egéria tivesse coincidido em Terra Santa com Sam Jerónimo, já que este nom arribaria a ela senom ao final de 385, ou a começos do seguinte ano (3), nem, por suposto, com Avito ou Paulo Orósio de Braga (4), ou Hidácio (5), os seus paisanos, já que todos eles coincidirom ali com o santo.
     Infortunadamente, o texto que do «Itinerário» se conserva, nom cobre tam dilatado período de tempo, senom só os últimos seis meses. Durante eles Egéria viaja polo Sinai, a Delta do Nilo, Palestina, o monte Nebó, Idumea —lugar da sepultura de Job—, Fenícia, Mesopotámia e Síria. Por último, desde Antioquia volve «de novo a Constantinopla» (6), «seguindo o caminho, já conhecido, polas mesmas províncias que atravessara ao ir» (7), passando por «Tarso, onde já estivera ao ir a Jerusalém» (8).
     Há que admitir que apesar da reduzida parte que do «Itinerário» se tem salvado, nela aparece nitidamente claro que Egéria estivera anteriormente em ConstantinopIa, lugar desde o qual, seguindo umha rota facilmente reconstruível, graças aos dados que aporta, alcançara Jerusalém. Quanto isto aconteceu, também no-lo indica ela própria, tal como acabamos de antecipar, ao referir, no momento de iniciar a volta a Constantinopla: «como fazia já três anos completos que vinhera a Jerusalém, depois de visitados todos os lugares santos aos que vinhera para fazer oraçom, e com ánimo de regressar à pátria...» (Vide 1).
     Isto afirma-o o 25 de Março do ano 384 (9). Portanto, a sua chegada à Cidade Santa tivo que acontecer em Março de 381 (Vide 2).
     Assi, pois, temo-nos que defrontar com o feito de que o «Itinerário», bem porque Egéria nom o tivesse considerado necessário consignar ou —cousa mais provável— porque ao referir-se na parte perdida do mesmo, nom nos oferece a descriçom do percorrido de Constantinopla a Jerusalém —no qual inverteu ao redor de um mês— así como dos quase três anos que mediam entre a sua chegada à Cidade Santa —Março de 381— e o momento em que alcança a albiscar o Monte Sinai, o sábado 16 de Dezembro de 383 (10), ponto em que inicia a narraçom.
     Chegados aqui, e sabedores dos feitos e circunstáncias que acabamos de examinar, entendemos que cumpre perguntar-se: que outros lugares pudérom ter sido visitados por Egéria durante esses quase três anos de silêncio a que nos condena a mutilaçom do texto? É possível tentar a identificaçom ou salvar, ainda que seja parcialmente, esta falta do «Itinerário»?
     Ao redor do ano 680, Sam Valério do Berço, dirigiu aos monges deste território umha carta de louvor em honra da «beatissima santimonialis» Egéria, à que punha como exemplo de virtude e de fortaleza, superior a «todos os homes do século». Segundo aparece indicado nela, esta mulher excepcional emprenderá «umha longuíssima viagem por todo o orbe», chegando «aos sacratíssimos e suspirados lugares do nascimento, paixom e ressurreiçom do Senhor e, por diversas províncias ou cidades, aos sepulcros de inumeráveis santos mártires». «E ainda que a sua peregrinagem durará muitos anos, percorre nom obstante todos esses lugares co auxilio de Deus, até que, finalmente chega às partes do Oriente, visitando com sumo debezo os gloriosíssimos cenóbios das várias congregaçons dos santos monges da Tebaida e as santas celas dos anacoretas, desde onde, bem protegida polas bençons dos santos e recobrando as forças com o doce alimento da caridade, dirigiu-se a todas as províncias do Egipto» (11).
     A cita é longa, mas pensamos que vale bem a pena porque, umha vez estudada, resulta mui difícil admitir que Sam Valério tenha podido pormenorizar os feitos que relata sem ter contado com umha cópia, senom íntegra, polo menos muito mais ampla que a que nós conhecemos, do «Itinerário».
     Graças a Sam Valério puderom os investigadores saber quem era a autora do anónimo e incompleto «Itinerário» que estavam a estudar (12), assi como a sua condiçom de galega (13).
     Graças também à sua carta, sabemos agora que a destemida viageira estivo na Tebaida, província desde a que depois percorreria o resto do Egipto, que seguiu o Éxodo israelita e que ascendeu aos montes Farám, Tabor, Hermom, de Elias, e das Bem-abenturanças, além de visitar os santos lugares de Palestina.
     A concorrência entre a ordem em que estes últimos aparecem citados por Sam Valério e do próprio «Itinerário», fai-nos pensar que os demais aqueles que, aparecendo na carta, ignora este, isto é, os enumerados em primeiro termo, tenhem que ser as paragens que Egéria visitou durante esses anos que a mutilaçom do texto nos impedia conhecer (14).
     Reconstruir, no possível, umha dessas perdidas viagens, é o objecto deste trabalho. Para consegui-lo, ajudamo-nos realizando um percorrido polos lugares presumivelmente visionados por ela.


A VIAGEM AO EGIPTO

     A este respeito, o «ltinerário» oferece-nos umha importante base documental. Situando-nos no seu início, podemos seguir com meridiana claridade a marcha de Egéria ao longo da península do Sinai, e a sua chegada à terra de Gessem, na Delta do Nilo, o lugar onde se estabeleceram o patriarca Jacob e os seus filhos (15). A nossa peregrina alcançou Gessem no mês de Janeiro do ano 384 (16).
     Mas Egéria nom era umha viageira qualquer. Com a Bíblia na mao —há mais de 140 citas do livro sagrado no seu texto—, conhecedora do grego —em nengum momento parece necessitar intérprete, e utiliza helenismos ao se expressar—, informada documentalmente sobre quanto está a visitar, segundo nos lembra Sam Valério (17), trata de ser sempre objectiva, de modo que as companheiras às quais dirige o relato podam compreendê-la em todo momento. Graças a estas precisons, pudérom ser localizados em pleno século XX, alguns dos lugares que descreve.
     Pierre Maraval fai dela esta semblança:
     «Infatigável, audaz, curiosa, ávida de ver e conhecer, habelenciosa por outra parte em salientar o dado de interesse, e a referir com frescura» (18).
     Velaí por quê o que o seu relato nom tem desperdício.
     Examinemos, pois, o que nos di durante a marcha pola Delta do Nilo:
     «Ainda que, em realidade, já conhecia a terra de Gessem, da primeira vez que estivem no Egipto» (19).
     «Assi, pois, o santo bispo hospedou-nos quase durante dous dias; era um santo e um autêntico homem de Deus, que eu conhecia bem desde o tempo em que estivem na Tebaida. Este santo bispo fora antes monge, e desde pequeno educado num mosteiro» (20).
     «E ainda que conhecia estes lugares, como dixem anteriormente, de quando fora a Alexandria ou à Tebaida...» (21).
     Estas citas som suficientes para que nos demos conta de que, além da viagem à Delta de Janeiro do ano 384, já fixera Egéria outra com anterioridade, presumivelmente aquela durante a que, segundo Sam Valério, visitara a Tebaida, aos anacoretas, e às restantes províncias do Egipto. Se a estes lugares Ihes acrescentamos também a Alexandria que ela admite ter visitado, teremos configurado, a grandes traços o seu itinerário.
     Maiores precisons só podem ser conseguidas a base de conjecturas ou referências. A este respeito, a mais importante é o «ltinerarium de locis sanctis» que Pedro Diácono, escreveu por volta do ano 1100 no mosteiro de Monte Casino e conserva-se completo.
     Pedro Diácono nunca estivo em Terra Santa. El mesmo confessa que confeccionou a sua descriçom recolhendo matéria —«ex omnibus, ut dica, libris»— de todos os livros. Estas fontes fôrom, principalmente o «Liber de locis sanctis» de Beda «O Venerável», e o «Itinerário» de Egéria, feito este último que se pode comprovar comparando os dous textos (22).
     Mercé a esta circunstáncia contamos com um excelente auxiliar para recompor a viagem de Egéria. Nom obstante, dado que nom foi ela a única fonte na qual bebeu Pedro Diácono, teremos que manejar os dados que aponta com as devidas reservas.


A DATA DA VIAGEM

     A mençom do bispo que Egéria conhecera na Tebaida, sendo monge, infere já umha dimensom temporal. Este primeiro encontro, acontecido durante a anterior viagem ao Egipto, deveu de dar-se algum tempo atrás dentro da margem dos escassos três anos que mediam entre a sua chegada a Jerusalém —Março do ano 381— e a viagem ao Sinai do Natal de 383.
     As fragmentárias referências do «Itinerario» em relaçom com os movimentos da nossa viageira em Terra Santa, ou as datas das festas litúrgicas que comenta ter vivido, som os restantes elementos sobre os que devemos fundamentar a cronologia do seu primeiro periplo egípcio.
     Assi, Pierre Maraval, sem conseguir apurar mais a precisom, estima que esta viagem pudo ter sido efectuada a fins dos anos 381 ou 382, «em todo caso antes do 18 de Maio de 383, dia em que assiste, na Basílica de Belém, à celebraçom da festa dos Santos Inocentes, sendo possível, por outra parte, que tivesse regressado polas festas da Páscoa» (23).
     O Padre Arce, que viveu sessenta dos seus cem anos no Oriente Médio, e conheceu «de visu» a maior parte da rota de Egéria, estima que a viagem deveu de ser realizada durante o outono e o inverno do ano 382, «quando já iriam diminuindo os grandes calores do verao, que no Egipto som mais insuportáveis do que na Palestina» (24).
     Cremos que, de momento, nom parece possível precisar mais.



QUE BUSCAVA EGÉRIA NO EGIPTO?

     Nom parecem existir excessivas dúvidas a este respeito. O «Itinerário» parece claro à hora de mostrar-nos a hierarquia das preferências de Egéria, e também o é Sam Valério ao lembrar-nos o seu debezo por conhecer «os sacratíssimos e suspirados lugares do nascimento, paixom e ressurreiçom do Senhor»..., «os sepulcros de inumeráveis santos mártires»..., «os gloriosíssimos cenóbios das várias congregaçons dos santos monges da Tebaida e as celas dos santos anacoretas». (Vide a nota 11) Isto, e o cohecimento dos cenários bíblicos, som o objectivo desta audaz mulher.
     Agora bem, as únicas partes do Egipto directamente relacionadas com a Bíblia, encontram-se no Sinai ou na Delta. Nom obstante, Egéria rebasou amplamente esta cara ao sul, para visitar a Tebaida.
     Por outra parte Sam Valério, asceta e animador da vida monacal —o Berço era no seu tempo a Tebaida da Galiza—, denomina a Egéria «beatissima sanctimonialis», quer dizer, «bem-aventurada monja», e insinua o seu carácter de virgem. Além do mais, ela escreve para certas mulheres às que denomina: «affectio uestra», «dominae uenerabilis», «dominae animae meae», «dominae, lumen meum», «dominae sorores» ou «dominae uenerabilis sorores». Embora o texto manejado por Sam Valério nom fosse mais explícito que o que chegou a nós, e se tivesse manifestado por conjecturas, a respeito da condiçom de Egéria, nom podemos menos que concluir que, nom sendo tais tratamentos habituais entre seculares, por força tenhem que corresponder aos utilizados entre pessoas submetidas à disciplina religiosa. Egéria era, pois, umha monja. Daí o seu grande interesse por conhecer os santos lugares e acudir ao autêntico germe do movimento monástico, um de cujos núcleos principais se encontrava na bisbarra de Tebas.
     Nom é possível determinar agora se alcançou esta por terra ou em barco. Ainda que os dados de Pedro Diácono permitam considerar a possibilidade de umha viagem terrestre entre Jerusalém e Mênfis, convém reparar no feito de que este situa em ordem inversa as etapas egípcias, circunstáncia que lhe resta umha grande parte do seu valor provatório. Por outra parte, Egéria realizou duas vezes, em ambos os sentidos, a viagem Jerusalém-Delta, sendo perfeitamente possível que o frade de Monte Casino tomasse os seus dados de qualquer, ou de todas elas (25).
     Porém, o feito de que a nossa viageira tenha passado por Alexandria, cidade nada relacionada com temas bíblicos ou monacais, inclina a supor que, polo menos umha parte do deslocamento, tenha sido feita em barco. Para o resto, há que pensar nessa «agger publicus», ou via que, desde Tebas, conduzia ao norte, passando por Mênfis, Babilónia, Heliópolis, Arábia e Pelúsio, que ela demonstra conhecer (26), parte da qual reproduz Pedro Diácono, conservando este sentido de marcha, como acabamos de comentar.
     O feito de que Egéria cite a Alexandria e depois a Tebaida, parece querer indicar que foi a cidade mediterránea a primeira que visitou.


POLA ROTA DE EGÉRIA

     Vamos partir, pois, do suposto de que Egéria tenha chegado a Egipto por mar. A este efeito deveu de embarcar, como era habitual entre os viageiros que deixavam Terra Santa, em Cesárea. Enquanto se achegava a Alexandria, os seus olhos pudérom admirar, como um saúdo de boa-vinda, umha das mais grandes maravilhas da antigüidade: o Farol.
     Construído havia 700 anos num pequeno ilhó, e unido a terra por umha calçada de mais de um quilómetro, tinha umha altura de 120 metros. Esta assombrosa construçom contava com umha complexa máquina hidráulica, e trezentos alojamentos para os mecánicos e operadores que a mantinham em funcionamento. [Fig. 2]

Fig. 2.— A fortaleza Daitbay, construída no século XV sobre o assento do Farol de Alexandria. O seu interior acolhe agora um Museu Naval. Nos sol-pores, como se de um regalo aos olhos se tratasse, as suas pedras, procedentes em boa parte da lendária construçom, adquirem a cor do mel.

     Nom obstante, Alexandria nom devia de ser, naquel momento um lugar capaz de produzir-lhe excessivos estímulos. Cidade cultivada, inqueda e mercantil, os seus bispos, sacerdotes e monges, rivalizavam por situar-se na avanguarda das mas controvertidas polémicas doutrinais. Os seus seguidores eram, ademais, violentamente monofisitas. Para eles Cristo tinha só natureza divina, teoria que Roma nom compartia e que acabaria por condenar. E junto a eles, abundavam também os gnósticos, os neoplatónicos e os arrianos.
     Em Alexandria, o mesmo que no resto do Egipto, permaneciam ainda abertos ao culto umha boa parte dos templos dos velhos deuses, e a metade da sua populaçom era hebrea. Resulta mui pouco provável que Egéria se tivesse detido mais do estritamente necessário num lugar tam pouco proclive como este cara aos piedosos motivos que a impulsavam.
     Tampouco podemos saber se a sua sede de conhecimentos pudo ter sido o suficientemente importante como para fazê-la saltar sobre as suas convicçons e permiti-la visitar a sonada Biblioteca. Destruída acidentalmente a primeira por Júlio César, Cleopatra e Marco António criaram depois, junto com o pouco que se pudo salvar, um novo centro do saber na colina do Serapeum, que, naquel momento, continuava a pleno rendimento. [Fig. 3]

Fig. 3.— Com os seus 30 metros de altura, a chamada «Coluna de Pompeio» é o que resta das 400 com as quais contava o Pórtico da Biblioteca construída por Cleopatra e Marco António no Serapeum. Baixo ela conserva-se ainda um longo corredor soterrado.

     Mas, se Alexandria, pudo nom ter sido um lugar do seu interesse, nas suas proximidades, abundava quanto a conduzira a realizar esta viagem.
     A uns 50 quilómetros ao oeste encontra-se a tumba de um jovem mártir cristao, convertida em importante centro de peregrinagem cem anos atrás. Hoje, o lugar recebe o nome de Abu Menas, e continua ainda a ser massivamente visitado.
     Nom obstante se esta isolada tumba nom foi suficiente para atraer a sua atençom, é mais que provável que si o fossem os cenóbios e os anacoretas do Wadi Natrum.
     Situado uns 80 quilómetros ao sul de Alexandria, em pleno deserto, Wadi Natrum é umha longa depressom que alcança os 24 metros por debaixo do nível do Mediterráneo. As abas descem nel suavemente, permitindo umha visom ampla e dilatada da paisagem. No seu fundo, umha dúzia de lagos salobres convive com terra feraz e partes desérticas. Em tempos de Egéria, esta singular comarca recebia o nome de Nítria.
     Sete décadas atrás a violenta persecuçom decretada por Diocleciano enchera este lugar de fugitivos. Segundo os dados da Igreja Copta (27), houvo umha média de sessenta mortos diários durante os cinco anos que durou a repressom. Esta foi a causa de que o daquela incipiente monacato egípcio conseguisse um impresionante florecimento.
     Havia cinqüenta mosteiros con mais de cinco mil monges e eremitas no momento da viagem de Egéria. A Nítria passa por ser o berce do monaquismo cristao, embora, em realidade, este poda ter sido a comarca próxima ao golfo de Suez, onde, cem anos atrás, vivérom Sam Paulo de Tebas e Santo António Abade. Ali, nas abas do Gebel el-Galala, permanecem ainda os seus mosteiros, olhando para a lonjana montanha do Sinai.
     Parece coerente que Egéria se sentisse atraída pola Nítria, onde aqueles ermitanhos, organizados por Ammónio, mantinham fornos e faziam pam comunalmente, teciam o linho ou ajuntavam-se cada semana para tratar das tarefas a realizar. O Padre Arce chega a aventurar a possibilidade de que ali pudo ter-se encontrado Egéria com Sam Joám Casiano, fundador mais tarde de mosteiros em Marselha.
     Só ficam quatro cenóbios agora em Wadi Natrum. Mas, a sua importáncia segue a ser grande. Um deles, o de Abu Magar, foi a residência do pontífice Copto, até que o desterrou o presidente egípcio Sadat.
     Surprendentemente, neste lugar o cristianismo é umha fé autenticamente viva. O visitante pode encontrar-se nele com monges barbudos, revestidos de escuras túnicas, tripulando tractores. Os mosteiros [Figs. 4 a 6], seguem a estar rodeados de altas muralhas, em previsom de que os beduínos podam voltar às andadas. No interior acham-se os torreons de defesa, os campanários, as celas dos monges, a capela, o hospício e o refeitório, espalhados em torno a hortos e jardins prodigamente regados. Fora da sua modernidade, o seu desenho e forma seguem a manter o estilo primitivo, o mesmo que deveu de ter contemplado Egéria.

Fig. 4.— Porta de acesso ao «Deir Amba Bishoi». Discípulo de Sam Macário, e retirado ao Wadi Natrum no ano 340, Sam Bishoi converteu-se em pai espiritual de muitos dos eremitas que nel residiam. Morto no 417, o seu corpo permanece incorrupto. Sam Bishoi vivia no momento da visita da Egéria, polo qual mui bem pudérom ter-se conhecido.


Fig. 5.— A sugerente liturgia Copta na capela do «Deir Amba Bishoi». 


Fig. 6.— Mosteiro Copto de «Deir es-Suriani» no «Wadi Ntrum».




A TEBAIDA

     Para cobrir os 900 quilómetros que mediam entre Alexandria e Tebas, Egéria pudo utilizar o barco, viajar por terra, ou fazer uso de ambos os meios. Mas, como adiantamos antes, a sua referência ao caminho que de Tebas conduz a Pelúsio, induze-nos a considerar que deveu de ter utilizado este no retorno, polo qual preferimos imaginá-la na ida numha nave de remo e velas remontando o Nilo preguiceiramente, a contemplar as admiráveis construçons das suas beiras. Baixo um sol e um ceu luminosos e sereos, olharia a úbeda vegetaçom das suas margens [Fig. 8], o desfile constante de aldeias, gentes e animais, a lavar, trabalhar, ou rebuldar no rio, e o contínuo trasfego das nórias. E, mais alá da estreita margem habitável, colinas, montes ou lombas espidos, da cor do mel ou avermelhados. Ao redor do barco, a corrente mostraria-se-lhe adobiada de plantas acuáticas ou com a estampa exótica dos crocodilos. Nom existem estes agora no Egipto. Fôrom desaparecendo desde que, em 1905, erguérom os británicos a primeira presa de Assuam.

Fig. 7.— As branhas e lagoas que rodeam Alexandria presenciárom a passagem de Egéria cara, ou de volta, de Tebas.


Fig. 8.— As ribeiras do Nilo nas proximidades de Tebas.

     Ainda que nom o podia adivinhar, Egéria estava a realizar a sua viagem num significado momento. Um momento em que o cristianismo estava a mostrar no Egipto um impulso e umha vitalidade que nom conseguira em nengumha outra parte. Nom importa que muitos dos seus militantes —monofisitas, arrianos, gnósticos, ou neoplatónicos— caminhassem polos bordes da heterodoxia ou mesmo da heresia. Semelhantes desvios só se dam nas sociedades profundamente vivas e vigorosas.
     Egéria pudo ver, ainda intactos, a maioria dos templos e monumentos egípcios, os mesmos dos quais hoje apenas podemos contemplar os despojos.
     Sete anos depois da sua estadia no Oriente Médio, o panorama mudou violentamente. No ano 391, o nosso paisano Teodósio o Grande, decretaria o feche de todos os templos nom cristaos. Amparando-se em tal disposiçom, umha turba de fanáticos irresponsáveis queimaria esse mesmo ano a Biblioteca de Alexandria, acabando para sempre com os seus inapreciáveis tesouros, e os bispos desta cidade, antes liberais, começariam a cincelar inscriçons, demoler templos, ou destruir as tumbas, laboriosamente construídas ao longo de mais de quatro mil anos.
     «Os deuses —diria Sam Jerónimo— tinham como única companha nos seus nichos, as curujas».
     Como conseqüência desta nova atitude, no ano 394 cessariam os jogos Olímpicos e, umhas décadas depois, desapareceriam também os últimos seres capazes de interpretar os velhos textos egípcios.
     Mas o golpe de graça para aquel mundo, foi sem dúvida o brutal assassinato do último científico que ensinou na Biblioteca de Alexandria, Hipatia, matemática, filósofa, astrónoma e física, acontecido no ano 415. Com ela seriam destruidos os derradeiros tesouros da Biblioteca.
     Porém isto era ainda impensável no momento em que Egéria alcançou a noutrora poderosa Tebas, a cidade das cem portas, segundo a soubo cantar Homero, ubicada num amplo val emarcado por colinas vermelhas em torno ao Nilo.
     Tebas era, sem dúvida, o núcleo mais fascinante que existia naquel momento no mundo. As ruínas de quarenta templos, calçadas, esfinges, obeliscos, estátuas colosais, lagos sagrados, ou necrópolis, como as dos Reis, das Raínhas ou dos nobres, dam ainda testemunho de aquela prodigiosa riqueza ornamental. Cabeça da comarca da Tebaida, era também o principal dos vários núcleos cenobíticos com os que contava o Egipto.
     Pacómio, um antigo soldado imperial originário destas terras, fora a pessoa capaz de organizar, setenta anos atrás, aos seus anacoretas. A sua primeira fundaçom realizou-na em Akhmim, perto da actual Abydos, uns 120 quilómetros ao norte de Tebas. Ali viviam muitos deles utilizando as covas da montanha.
     A grande obra de Pacómio consistiu em ajuntá-los, organizá-los e dar-lhes directrizes por meio de umha regra. Com a finalidade de conseguir comunidades instruídas e auto-suficientes, elaborou um calendário de actividades para cada hora do dia, entre as quais figuravam o trabalho artesanal e o da terra, além da meditaçom e o estudo da Bíblia; determinou o uso da tonsura e os hábitos, e estabeleceu umhas rigurosas provas de selecçom para os aspirantes, e umha ajeitada vertebraçom interna.
     Com ser importantes estas inovaçons, o principal mérito das congregaçons criadas por Sam Pacómio —onze mosteiros, entre eles dous de mulheres, inicialmenle com mais de sete mil monges, mas que chegárom a alcançar os cinqüenta mil—, foi a de erguê-los, nom em pleno deserto ou em lugares afastados, senom perto dos assentamentos humanos. Graças a esta medida, os seus componentes estivérom sempre em contacto com a gente, colaborárom com ela, e consta que chegárom a ajudar economicamente a alguns vizinhos, ainda que nom fossem cristaos. O seu prestígio fixo que fossem solicitados para mediar em conflitos de terras ou de águas.
     Com congregaçons como estas, praticamente desconhecidas ainda no Ocidente, trabou conhecimento Egéria. Supomos que, ademais, deveu de visitar também a alguns dos anacoretas que viviam isolados nos arredores, assi como nos mosteiros instalados nalguns dos abandonados templos de Tebas [Fig. 9] Nalgum deles conheceria ao monge que, criado ali desde pequeno, converteria-se logo no bispo da mansom de Arábia, com o qual se topou o dia 5 de Janeiro do ano 384, segundo nos refire (Vide a nota 20).

Fig. 9.— O templo da faraona Hatshesupt, imediato ao Val dos Reis, onde existia um mosteiro cristao já no tempo da viagem de Egéria. O lugar denomina-se ainda «Deir el-Bahari», «Convento do Norte», e é um dos lugares que deveu de visitar, junto com algumha das covas das suas proximidades.



O RETORNO

     Imaginamos a Egéria na sua viagem, para o norte, utilizando o «agger publicus» que desde Tebas salvava os aproximadamente 800 quilómetros que a separavam de Pelúsio. Este caminho estava partilhado em «mansiones», assentadas ao final da distáncia que se podia cobrir num día, e «mutationes», inslalaçons menores siluadas a treitos de umhas nove milhas, onde os viageiros podiam almorçar ou mudar de monturas ou carruagens.
     No seu percorrido, deveu deter-se no mosteiro Tebanensis, outra das fundaçons de Sam Pacómio, perla de Dendera, ou nesta mesma, em cujo ainda relalivamenle recente templo de Hathor, construira-se umha igreja cristá.
     Umha ou duas jornadas depois, Egéria acharia-se, sem sabê-lo, ao pé dos faralhons agora conhecidos como Nag Hammadi, onde naqueles dias procediam os perseguidos gnósticos a ocultar os seus escritos, algum deles posterior só nuns anos à crucifixom de Cristo. Tais documentos nom seriam achados até 1945.
     Nom duvidamos tampouco de que a comunidade fundada por Sam Pacómio nas imediaçons de Khemmis, hoje Akhmim, situada a outros dous dias de caminho, fosse outro dos seus objectivos. Tampouco deveu de deixar de visitar, algo mais ao norte, o «Deir el-Adhrah» ou «Mosteiro da Virgem», encolgado no alto de um desfiladeiro, ao que houvo de aceder por umha longa escada labrada na rocha. Embora, como afirma a tradiçom, nom fosse fundado poIa lmperatriz Santa Helena, a construçom é do seu tempo, polo que levava já umhas seis décadas em pé no momento da viagem de Egéria.
     A diocese de Oxyrhynchos, seguinte etapa de interesse, tinha sonada de contar naquel tempo com umha populaçom de umhas vinte mil virgens solitárias, e a metade de homens, entregados à vida anacorela. Todos eles seguiam as normas de Santo António Abade, ajuntando-se só umha vez à semana para tomar acordos em comum. A meio dia de distáncia da cidade, situa-se o «Deir el-Moharraq», mosteiro erigido em lembrança de ser este o lugar mais meridional alcançado pola Sagrada Família durante o seu exílio no Egipto.


DA MAO DE PEDRO DIÁCONO

     Até o Baixo Egipto nom fixemos mais que intuir o itinerário da nossa viageira, amparados na frase de Sam Valério de que, depois de visitar a Tebaida «dirigiu-se a todas as províncias do Egipto» (Vide a nota 11). Desde esta parte do país até o momento em que alcança as comarcas da Delta, cuja descriçom conhecemos perfeitamente através da parte conservada do relato (28), podemos segui-la por meio do códice de Pedro Diácono.
     Segundo este recolheu, em Mênfis existia ainda naquel tempo o palácio ao que José, o descifrador dos sonhos do Faraom, entrava freqüentemente. E a seis milhas de distáncia, num monte mui alto junto ao rio, os tronos de Moisés a Aarom. Desde eles orava o libertador ou dirigia-se aos seus irmaos escravizados, que naquele lugar fabricavam tijolos. Também situa Pedro Diácono nos arredores de Mênfis umha das residências da Sagrada Família.
     Todos estes lugares som hoje inidentificáveis. Da Mênfis dos tempos do patriarca José nom queda nada, nem possivelmente quedava já em pé resto algum no momento da visita de Egéria. Na actualidade só se podem contemplar, umha estátua de Ransés II, umha esfinge de alabastro e as cimentaçons de vários edifícios deste monarca, ou posteriores a el. Algum deles deveu de ser o que os devotos lhe mostrárom a Egéria.
     A respeito dos tronos de Moisés e Aarom, nom existem montes altos nos arredores de Mênfis. A informaçom talvez nom seja excessivamente exacta e poda referir-se às colinas Gebel Tura ou Gebel Hor, situadas a umha distáncia algo superior às seis milhas indicadas, na outra banda do rio. [Fig. 10]

Fig. 10.— Pirámide escalonada de Djoser, em Saqqara, nas aforas de Mênfis. Pudo Egéria ter tomado a esta, ou as imediatas de Abusir, como os tronos de Moisés e Aarom?

     «Entre Mênfis e Babilónia —refere a seguir Pedro Diácono— há doze milhas; e ali há muitas pirámides que fixo José para armazenar o grao».
     lnformaçom quase exacta. Babilónia achava-se —acha-se ainda— a essa distáncia, junto á ilha de Roda, na parte velha do Cairo, o ponto onde o «agger publicus» cruzava o rio. E as pirámides —a maioria das quase cinqüenta que ainda existem numha distáncia de 100 quilómetros desde a actual capital egipcia— acham-se nesse curto espaço. A única inexactitude encontra-se no feito de que, ainda que algumha é do tempo de José, a maioria som anteriores, nengumha foi ergueita polo patriarca e tampouco o fôrom para utilizaçom indicada. A crença, nom obstante, aparece recolhida também na «Historia monachorum in Aegypto» escrita no ano 394, e posteriormente por Sam Gregório de Tours (29). [Figs. 11 e 12]

Fig. 11.— Pirámides de Giza, nas imediaçons do Cairo, contempladas por Egéria, junto com as outras que se erguem nas ribeiras do Nilo, na sua viagem de ida e volta a Tebas, e que ela creu construídas polo patriarca José para armazenar o grao destinado aliviar os anos de penúria.


Fig. 12.— Sol-por em Giza. A Esfinge em primeiro termo; detrás as pirámides de Kefrem e Micerino.

     Babilónia encontra-se no bairro Copto do Cairo. A planta baixa das suas defesas está agora asulagada, e há que percorrê-las, nom sem risco, sobre pontons. Nela conserva-se a que a tradiçom lembra ter sido a residência da Sagrada Família no Egipto. Surprende-nos que Egéria nom a tenha visitado. [Fig. 13] Quiçá a informaçom de Pedro Diácono situando outra residência em Mênfis se deva a um erro, e em realidade seja a da cripta da igreja de Abu Serga à que tratava de referir-se.

Fig. 13.— Cripta da Igreja de Abu Serga —Sam Jorge—, dentro dos muros da Babilónia cairota. Esta construçom existia já nos tempos de Egéria. A tradiçom situa no seu interior a morada da Sagrada Família durante a sua permanência no Egipto. Actualmente está invadida pola infiltraçom das águas do Nilo.

     «Heliópolis dista de Babilónia doze milhas. No meio desta cidade há um campo imenso, no qual se encontra o templo do Sol, assi como a casa de Petefre; e entre esta e o templo, a casa de Asennet. Mas o muro interior da cidade é mais antigo, e tanto o templo como as casas de Asennet e Petefre som de pedra. AIi vê-se também o jardim do Sol, e nele umha coluna grande, chamada «Bomon», na qual o Fénix costuma residir cada cinqüenta anos».
     Se a cita está tomada de Egéria, como parece, nom podemos menos que queixar-nos polo dano que, para o conhecimento da história egípcia, representa a perda da maior parte do «ltinerário». Porque esta informaçom resulta de enorme interesse, Petefre e Asennet, som nada menos, que Potifera e Asenat, sogro e esposa de José, respectivamente. Potifera —«dom de Ra»— era sacerdote do deus do sol na cidade de Om. Esta é a denominaçom bíblica que os gregos traduzírom por Heliópolis (30), ou Cidade do Sol.
     Heliópolis encontra-se nas imediaçons do Aeroporto do Cairo. Nela foi sacerdote o sogro do patriarca José. Mas, alá da sua passada grandeza nom resta mais que um obelisco de 21 metros de altura de Sesostris l. Outros dous, denominados Agulhas de Cleopatra, originariamente pertencentes a ela, acham-se agora em Londres e Nova lorque respectivamente. Algum deles pudo ser esse «Bomon» ao que acodia pontualmente o Ave Fénix ao ressurgir das suas cinzas, cada cinqüenta anos.
     Como final, repitamos agora as derradeiras palavras de Pedro Diácono:
     «Ainda que o Egipto é fertilíssimo, os lugares que possuírom os filhos de Israel som os melhores [Fig. 14]. A parte de Arábia que confina com Palestina tem caminhos inacessíveis; porque nas quinze jornadas que tem de caminho nom se encontra água em nengum lugar».

Fig. 14.— A úbeda paisagem das terras da Delta, onde vivérom os israelitas. Depois de percorrer o árido Sinai, Egéria escreveria sobre elas entusiasmada: «Penso que em nengumha parte vim país mais formoso que a terra de Gessem» (9.4).

     A primeira frase parece indicar que a viagem de Egéria deveu discorrer sempre —ou quase sempre— polas beiras do Nilo. Egipto, ermo e desértico num noventa e cinco por cento do seu território, é fértil só na breve banda das margens do rio, o qual nom parece suficiente para justificar esta afirmaçom.
     Chegados aqui, e perfeitamente documentada já Egéria a respeito das particularidades da vida monacal e os santos lugares egípcios, deixamo-la já no difícil caminho sem água que, desde Pelúsio, conduz a Jerusalém.
     Mas se alguém se sente interessado em saber o que lhe aconteceu depois, de entre a bibliografia que temos utilizado, recomendamos-lhe como a mais ajeitada para conhecê-lo directamente, as obras de Pierre Maraval e Agustín Arce. A de este contém, ademais, os textos latinos de Sam Valério, Pedro Diácono e o «ltinerarium Burdigalense anni 333», assi como o texto grego da correspondência entre Jesus e o rei Adgar, que Egéria tivo ocasiom de ler.
     Pensamos que vale bem a pena.

Vigo, Setembro -Natal, 1989

 






—————————— NOTAS ——————————



(1) Egéria, 17, I: «Item in nomine Dei, transacto aliquanto tempore, cum iam tres anni pleni essent, a quo Ierusolimam uenissem, uisis etiam omnibus locis sanctis, ad quos orationis gratia me tenderam, et ideo iam reuertendi ad patriam animus esset»... Vide (9) e (10).
(2) Itinerario de la Virgen Egeria, Agustín Arce, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1980, págs. 54 e 58. Journal de Voyage et Lettre sur la bienhereuse Égérie, Pierre Maraval e Manuel C. Díaz y Díaz, Les Éditions du Cerf, Paris, 1982, págs. 27 a 38. La Galicia Romana, Casimiro Torres Rodríguez, Fundación «Barrié de la Maza», Corunha, 1982, pág. 265. La Iglesia en la España Romana y Visigoda, Ricardo García Villoslada, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid, 1979, pág. 370. Mon pèrelinage en Terre Sainte, Edición Hélène Pétré e I. H. Dalmais, Vienne, 1977, pág. 7.
(3) Itinerario de la Virgen Egeria, o. c., pág. 21.
(4) Paulo Orosio, su vida y sus obras, Casimiro Torres Rodríguez, Fundación «Barrié de la Maza», Santiago, 1985, pág. 35. Le Storie contro i Pagani, Adolf Lippold, Arnoldo Mondadori editore, 1976, pág. XXI. Gran Enciclopedia Gallega, Silverio Cañada editor, Vitoria, 1975, tomo 3, pág. 27. España Sagrada, Henrique Flórez, Fortanet, Madrid MDCCCCVI, tomo XV, págs. 308 e 338.
(5) Egeria, monxa galega do século IV, Casimiro Torres Rodríguez, Ediciones Galicia, Buenos Aires, 1976, págs. 26 e 27. España..., o. c., Impr. José Rodríguez, Madrid, 1859, tomo IV. Cronicon de Idacio, pág. 351: «Hieronymus Presbyterio praeditus in Bethleem Judae vicinia consistens, praecipuus habetur in cunctis».
(6) Egeria, 23, 8: «et reuertendi denuo Constantinopolim».
(7) Egeria, 23, 7: «et faciens iter iam notum per singulas prouincias; quas eundo transiveran»...
(8) Egeria, 22, 1: «ubi quidem Tharso et eundo Ierusolimam iam fueram».
(9) Journal..., o.c., pág. 197.
(10) Journal... o.c. págs. 120 e 121.
(11) Carta de Sam Valério. Itinerario de la Virgen Egeria, o.c., págs. 4 a 17. Journal..., o.c., pág. 321 a 349. España Sagrada, o.c., tomo XVI, págs. 366-370. A primeira ediçom da mesma foi feita por Francisco Xavier Manuel de la Huerta y Vega em 1736, em Anales de el reyno de Galicia, 148 anos antes de que G. F. Gamurrini realizase en Arezzo o providencial achádego do Itinerario.
(12) Itinerario de la virgen..., o. c., págs. 18 a 22. Egeria monxa, o.c, pág. 11. De Santa Silvia a Egeria, Vicente Almazán, Grial 94, Galaxia, Vigo, 1986, págs. 400-401. Journal..., o.c., pág. 15-27. Mon pèlerinage..., o.c., págs. 8-9. La Galicia Romana o.c., págs. 263-264. Historia de la Iglesia en España, o.c. pág. 367. Peregrinación de Egeria, Víctor J. Herrero Llorente, Aguilar, Madrid, 1963, págs. 9-13. Foi Marius Férotin, em 1903, quem determinou a autoria do controvertido Itinerario.
(13) Que o Padre Henrique Flórez, na página 361 do tomo XV da sua España Sagrada, determinasse a galeguidade de Egéria em 1759, 125 anos antes de que se descobrisse a existência da sua obra, pode considerar-se como umha curiosidade científica.
(14) Itinerario de la Virgen Egeria, o.c., págs. 78-84. Journal..., o.c., pág. 56-104.
(15) Chamada Gogém na Biblia: Génesis 45, 10.
(16) Journal..., o.c., pág. 150-165.
(17) «Lendo, pois, com grande debezo os livros  do Antigo e o Novo Testamentos e quanto atopou escrito sobre os lugares santos mais sinalados nas diversas partes do mundo...». Entre tais escritos, cabe a possibilidade de que tivesse utilizado as obras de Eusebio de Cesarea: Onomasticon, Historia Eclesiastica e Vita Constantini, acabadas meio século antes. Desta última pode proceder o conhecimento que Egéria amosa sobre os santuários e a liturgia de Jerusalém. Outras obras que pudo ter consultado som o Itinerarium Burdigalense —notas de umha peregrinage a Jerusalém no ano 333—, as Catecheses de Cirilo de Jerusalém, e a Vida de Sam António, o mais conhecido dos anacoretas do Egipto.
(18) Journal..., o.c., pág. 39.
(19) Egeria, 7, 1.
(20) Egeria, 9, 1-2.
(21) Egeria, 9, 6.
(22) Itinerario de la Virgen Egeria, o.c., pág. 144.
(23) Journal..., o.c., págs. 34 e 86.
(24) Itinerario de la Virgen Egeria, o.c., pág. 80.
(25) Journal..., o.c., págs. 80-86. Itinerario de la Virgen Egeria, o.c., págs. 146-165.
(26) Egeria, 8,3.
(27) A palabra «copto» procede de «aigupttos», nome com o qual os gregos designavam aos egípcios. Posteriormente passou a denominar exclusivamente aos cristaos egípcios e, por extensom, à sua arte e à sua cultura.
(28) Egeria, 7 e seguintes.
(29) Journal..., o.c., pág. 84.
(30) A Biblia, Sociedade de Estudos, Publicacións e Traballos, Sept., Vigo, 1989, págs. 48, 53 e 1.215.







————— OUTRA BIBLIOGRAFIA CONSULTADA —————



ATLAS DE HISTORIA ANTIGUA. F. Beltrán Lloris e F. Marco Simón, Libros Pórtico, Zaragoza, 1987.

ATLAS DE HISTORIA MEDIEVAL. Salvador Claramunt, Manuel Riu, Cristóbal Torres e Cristofol Trepat, Aymá, S.A., Barcelona, 1980

BIBLIOCAL HOLY PLACES AN ILUSTRATED GUIDE. Riuka Gonen, Palphot Publication, Jerusalém, 1987.

¿COMO ERA TIERRA SANTA HACE 1.600 AÑOS? APASIONANTE DIARIO DE UNA ESPAÑOLA. Juan M. Calvo Roy, Tierra Santa, 59, Jerusalém, 1984.

EGERIA CON LOS MONJES DE SU TIEMPO. Agustín Arce, Tierra Santa nº 53, Jerusalém, 1978.

EGIPTO. Hisham Youssef e John Rodenbeck. El País-Aguilar, Madrid, 1988.

EGIPTO. Atlas culturales del mundo, John Baines e Jaromir Málex, Círculo de Lectores, Barcelona, 1988.

EGIPTO, TRAS LAS HUELLAS DE LOS FARAONES. Jean Vercoutter, Aguilar Universal, Madrid, 1989.

EGYPTE. Hachette Guides Bleus, Paris, 1986.

EL NOMBRE Y LA PATRIA DE LA VIRGEN EGERIA, LA FECHA Y EL MANUSCRITO DE SU «ITINERARIO». Agustín Arce, Tierra Santa nº 51, Jerusalém, 1976.

ENCICLOPEDIA DE LA BIBLIA. Editorial Verbo Divino-Ediciones Paulinas, Madrid, 1983.

EN EL XVI CENTENARIO DEL VIAJE DE EGERIA. Braulio Manzano, Tierra Santa nº 59, Jerusalém, 1984.

GUIA DE LA BIBLIA. Isaac Asimov, Aldafil-Laia, Barcelona, 1985.

HISTORIA DE LA IGLESIA CATÓLICA. Edad Antigua, Bernardino Llorca, R. García Villoslada e F. J. Montalbán, Biblioteca de Autores Cristianos, Madrid MCMLXIV.

HISTORIA DEL MUNDO EN LA EDAD MEDIA. Cambrigde Universtiy Press-Sopena, Barcelona, 1978.

HISTORIA UNIVERSAL. Carl Grimberg e Ragnar Svanström, Barcelona, 1982.

LAS PEREGRINACIONES DE GALICIA A TIERRA SANTA EN EL SIGLO V. Casimiro Torres Rodríguez, Cuadernos de Estudios Gallegos XXXII, Santiago de Compostela, MCMLV.

LOS EVANGELIOS GNÓSTICOS. Elaine Pagels, Edit. Crítica, Barcelona, 1987.

LUXOR. Giovanna Magi, Editoriales Bonechi, Firenze, 1988.

MAP OF EGYPT. MacMillan Publishers Ltda., 1988.

POLOS CAMIÑOS DA GALEGA EGERIA NO SINAI. Julio César Trebolle Barrera, Grial nº 45, Vigo, 1974.

TEBAS. Ediciones Orbis-Montena-Mondibérica, Toledo, 1985.


 

 

 


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