Punho e letra

Ângelo Pineda

n3angelopinedapunhoeletral.html

Vós
crípticos
elípticas
eucalípticos
epilépticas?
deixai de visitar
a cratera do vosso embigo!
Sodes, à literatura nossa, um surro
que alguém haverá de limpar.
Eu
porém
entrei na poesia
como o pobre entra a cear
na casa do rico,
sem saber que talher é para a carne
e qual é para o peixe e
contudo,
a pesar das brincadeiras?
Mas nom
Eu som esse pobre
que logo se zanga.
este pobre está furioso
prende lume à casa?
a casa arde!
Incêndio! Incêndio!
Mas dizei:
Quem botará a faltar essa morada?
Vós achade-la imensa,
mas as grandes almas
nom colhemos.
Precisamos
conquistar novas praças,
despreçar
a
letra do letrado,
a dos adoçados
por umha liturgia invissível.
Necessitamos
gritar que é mais útil o ofício
de estibador ou de padeiro,
que nunca a letra substitui o punho
mas que pode acaraciá-lo
amante,
quando até ela chega sangrando.


logoDeputación logoBVG © 2006 Biblioteca Virtual Galega