À beira do Sar (nojo e ódio)

Senlheiro

n2senlheiroabeiradosar.html

À beira do Sar 
arrojo pedras de ponta afiada aos porcos mortos 
sobre o fedor da água podre, e aguardo a resposta 
dos jardins de luto abandonados 
cos seus moinhos e os seus electrodomésticos 
estropeados, nom só os condons rezumariam arrepentimento, 
nem a humidade de pila acabada que afunde o meu corpo 
na lama gris. 
Há muito, muito mais à beira do nojo e o ódio: há pneumáticos, 
insecticidas, quartos inteiros destroçados, vidro opaco 
cavando umha tumba aos versos ferventes, coma um deserto invasor 
transportado com sigilo polos mosquitos... 
aqui estám as provas. 
Aos meus pés construem-se colunas de chuva áceda, 
alongando os planos desta tragicomédia com pinceladas rectangulares, 
parece que os impostos indirectos
escalárom o preço dos para-bágoas rosas, 
e um aceite de carro descomposto
trepa polas minhas ventas coma óxido de eucalipto. 
Aqui, desde esta ponte do olvido,
desde a catedral da sujidade e a desesperança, 
neste valo afundado em si mesmo,
assiná-lo aos culpáveis (e aos cúmplices) doutro crime ingénuo.


logoDeputación logoBVG © 2006 Biblioteca Virtual Galega