À beira do Sar
arrojo pedras de ponta afiada aos porcos mortos
sobre o fedor da água podre, e aguardo a resposta
dos jardins de luto abandonados
cos seus moinhos e os seus electrodomésticos
estropeados, nom só os condons rezumariam arrepentimento,
nem a humidade de pila acabada que afunde o meu corpo
na lama gris.
Há muito, muito mais à beira do nojo e o ódio: há pneumáticos,
insecticidas, quartos inteiros destroçados, vidro opaco
cavando umha tumba aos versos ferventes, coma um deserto invasor
transportado com sigilo polos mosquitos...
aqui estám as provas.
Aos meus pés construem-se colunas de chuva áceda,
alongando os planos desta tragicomédia com pinceladas rectangulares,
parece que os impostos indirectos
escalárom o preço dos para-bágoas rosas,
e um aceite de carro descomposto
trepa polas minhas ventas coma óxido de eucalipto.
Aqui, desde esta ponte do olvido,
desde a catedral da sujidade e a desesperança,
neste valo afundado em si mesmo,
assiná-lo aos culpáveis (e aos cúmplices) doutro crime ingénuo.
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