Carne triturada

Ramiro Vidal Alvarinho

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Podre mae prostituta,
Com a lírica decadente dos rostos da misséria,
Com a épica brutal das tuas gruas e os teus motores,
Com a pantofágia das tuas costras de cimento,
Com a dureza dos teus braços de asfalto; mae minha, sentinela dos meus anos…


…o teu ventre de chúvia é a minha casa, o meu caminho, a minha cançom, o meu metalúrgico riff banhado em versos slam…


…esta cidade tam puta e misserenta é esse poema violento tatuado na minha olhada,

um poema de luita operária, de violência racial, de desarraigo

de ruído de comboios agonizantes e enferrujados

de barcos esquecidos

de pessoas grises, sem esperança

de travesias dolorosas até um naufrágio seguro no teu estómago.


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