Matar as pedras

Miguel Vento

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Augas mainas das fontes
ávidas de juventude,
batem nas pedras.

Ríos de bágoas
deitadas desde a senectude,
batem nas pedras.

Riadas impetuossas
que baixam das serras,
batem nas pedras.

Trebóns de revolta
que envolvem a terra,
batem nas pedras.

Galernas sedicciossas
do mar das tebras,
batem nas pedras.

Ondas dondas,
do mar encantado
batem nas pedras.
Da man do canteiro,
a marreta e o buríl
batem nas pedras.

Batem nas pedras,
os elementos, implacaveis.
Batem nas pedras,
os instrumentos, inflexiveis
Batem e batem,
segundo umha orde estabelecida;
quer a reja man do canteiro,
quer os elementos dominantes.
Mais velaí ¡que essa orde,
avala um caos permanente.

¡Som as areias!
essas areias arredadas das rochas
por mor dos elementos intolerantes.
que precipitándo-se como projetís
contra doutras rochas
dam lugar a mais areias
e como náufragos inmorrentes
no seu devalar infinito,
pousam cansadamente
na terra ou na agua.


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