A expediçom luso-dinamarquesa ao noroeste atlântico: alcançárom América os Portugueses antes do que Colom?

 

Primeira parte

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    «Da presente dignará-se deduzir a Vossa Alteza Real que as terras da V. M. na Gronelândia se estendem por ambas as duas partes para o Novo Mundo e para as ilhas achadas polos Portugueses e polos Espanhóis, polo que é possível chegar a elas desde a Gronelândia. Este ano vim uns mapas da terra de Islândia, da Vossa Real Majestade, publicados em Paris, da França, com a descriçom de todas as maravilhas que ali se podem ver e saber, em que consta que Islândia é duas vezes maior do que Sicília, e que os dous navegadores Pynningh e Poidthorsth, foram providos de alguns navios polo augusto avô da Vossa Majestade o Rei Christian I, a convite da Sua Majestade o Rei de Portugal, para procurarem novas terras e ilhas nos mares do Norte.
     No penedo de Wydthszerk, diante da Gronelândia, mesmo frente a Sniefeldsiekel, na Islândia, erguêrom um grande marco virado para o mar, por causa dos piratas gronelandeses, que, em grande número, com muitas pequenas embarcações sem quilha, atacavam os navios de improviso, etc.; e eu já escrevim para mandar vir os tais mapas, e logo que chegarem enviarei-nos à maior brevidade à Vossa Majestade».




A. O DOCUMENTO REVELADOR

     A citaçom precedente foi tomada da carta que Carsten Grypp, Burgomestre da cidade de Kiel, escreveu no dia 3 de Março de 1551 ao rei Christian III (1535-59) da Dinamarca. Este importante documento foi publicado pola primeira vez em 1909 polo Dr. Louis Bobé na Parte Quinta, do Tomo Sexto, do Danske Magazin, páginas 309 a 311.
     Digamos também que Burgomestre, o cargo que ostentava o redactor da missiva, se corresponde com o de Presidente do Concelho Municipal. Quer dizer, que Carsten Grypp era Alcaide da referida cidade hanseática de Kiel.
     Situada numha baía do Báltico, Kiel pertence geograficamente ao ducado alemám de Holstein. No ano 1460 este ducado fora herdado polo monarca dinamarquês Christian I (1448-81), o primeiro da dinastia Oldenburg. Para os habitantes do mesmo, Christian I, o organizador da expediçom ao Noroeste Atlântico da que se fala na carta, nom era mais que o seu Senhor Feudal. E seguiam a considerar-se alemães. Na prática, porém, estes ingénuos vasalos seriam governados directamente tanto polo referido Christian I, como polos demais soberanos que ocupárom depois o trono da Dinamarca. Holstein, e com ele Kiel, nom voltariam à soberania alemã até ao ano 1864 (1).
     Queremos significar com isto a curiosa circunstância de que Carsten Grypp escreveu em 1551 ao seu Senhor, o duque de Holstein, mas nom ao seu Rei.
     Segundo nos informa o descobridor do documento, Carsten Grypp é o mesmo Christianus Grypp que em 1517 rematava o seu Bacharelato em Rostock (Alemanha) e que, cinco anos depois, chamando-se entom Christianus Gripp, era já funcionário do Concelho de Brema, e como notário público no domicílio do seu pai, o alcaide Detlef Grypp, emitiu entom um documento notarial que ainda se conserva.
     Sabemos também por Louis Bobé que, em 1528, o nosso home fora nomeado governador de Aero polo rei dinamarquês Frederick I (1523-1533). Algo mais tarde, em 1535, Carsten Grypp, chegaria a síndico, —Secretário Municipal— do Concelho de Kiel, vila da que acabaria por ser eleito Burgomestre cinco anos depois. No momento de redigir a referida carta do 3 de Março de 1551 a Christian III, Carsten Grypp continuava no exercício deste cargo, e permanecia ainda nele a princípios de 1553, quando o surpreendeu a morte, sendo entom sucedido polo seu irmão Ditlev.
     Casado com Anna Ahlefeldt de Haselau, Carsten Grypp utilizava como selo umha pouta de águia, emblema que nos permite diferenciar a sua estirpe de outra família nobre —Grib, ou Grip— do mesmo ducado de Holstein, e de outra família dinamarquesa epónima residente entom em Rislev. Cabe pensar assim mesmo que Carsten Grypp deveu de ser descendente de um tal Detlev Gryp, que fora Burgomestre da mesma Kiel no período 1489-1522.
     Achamo-nos, pois, diante de um singular personagem, estreitamente ligado a Kiel —unha irmã sua fora esposa doutro burgomestre da mesma—. Um personagem especialmente dúctil e acomodatício, como veremos mais adiante, que, além de se ocupar das finanças de Christian III no ducado, desfrutava de amplos poderes, e ocupava-se também de labores tam particulares como os de procurar-lhe mapas e livros raros.
     Carsten Grypp, como se deduz da análise da sua extensa missiva, foi um home culto, que fazia uso de umha excelente caligrafia nos escritos que dele se conservam (2).
     No que diz respeito ao conteúdo da sua carta, e ainda antes de proceder à sua análise pormenorizada, podemos salientar já que este breve retalho descobre ao investigador vários factos de grande relevância histórica, que sintetizamos nos quatro pontos que seguem:
     —Em 1551, Islândia e Gronelândia estavam integradas na coroa dinamarquesa.
     —Nesse mesmo ano, o informador tivera ocasiom de ver uns mapas publicados em París, com informes sobre a segunda destas ilhas, entre eles o de que era «duas vezes maior que a Sicília».
     —Informavam também tais mapas que os navegadores Pinningh e Pothorst, providos de alguns navios polo monarca dinamarquês Christian I (1448-1481), a convite de um rei de Portugal, andárom à procura de novas terras e ilhas nos mares do Norte.
     —Ambos os expedicionários erguêrom entom um sinal de aviso —«grande marco virado para o mar»— no penedo de Wydthszerk, situado diante da Gronelândia, frente a Sniefeldsiekel, Islândia, a causa dos piratas gronelandeses, que em pequenas embarcações sem quilha, atacavam os navios.
     Pontos todos eles que nos conduzem ao hermético e ignorado mundo das explorações Atlânticas do fim da Idade Média, bem como ao conhecimento da possível participaçom portuguesa numha delas, numha data tam prematura como pode ser o reinado na Dinamarca do primeiro dos monarcas da dinastia Oldenburg, o já citado Christian I. Quer dizer, no período de 1448 a 1481. A confirmaçom de semelhante facto situaria estes viajantes portugueses, quando menos na área da Gronelândia, com mais de dez anos de anterioridade ao descobrimento das terras americanas efectuado por Cristovo Colom.
     O documento descoberto por Louis Bobé contribui, pois, informações de capital importância, que vamos tentar penetrar no possível neste trabalho.



B. EM 1551 ISLÂNDIA E GRONELÂNDIA ESTAVAM INTEGRADAS NA COROA DINAMARQUESA.


     B.1: ISLÂNDIA

     Situada no Atlântido Norte, entre 63° 25' e 66° 30' de latitude, e 13° 30' e 24° 30' de longitude oeste, a Islândia tem umha superfície de 102.846 quilómetros quadrados. É um território em precário equilíbrio, sempre entre a benéfica influência da Corrente do Golfo, a sua proximidade do Círculo Polar e as ameaças sísmicas e vulcânicas. A sua climatologia, por estes motivos, resulta mui pouco estável.
     E se bem que seja certo que no Suleste da mesma fôrom achadas três moedas romanas, pertencentes ao período 270 a 305 d. de C., bem como umha quarta na sua costa meridional, lugares adequados todos eles para o normal acesso à ilha por qualquer nave que chegasse do meiodia, nom parece apropriado pensar senom que podam proceder de umha ocasional arribada ou, quiçá mais fácil ainda, que tivessem sido levadas ali por algum dos colonizadores escandinavos (3). Sabemos que os Nórdicos obtinham a maior parte da prata de que precisavam polo cómodo sistema de procurarem-se moedas nos países meridionais. Mas nom todas elas fôrom fundidas. Assim, os mais de mil tesourinhos atopados na Escandinávia, contenhem mais de 60.000 moedas árabes de prata, cunhadas com anterioridade ao ano 1000 nas principais cecas de Al-Andalus, Norte da África, Egipto, Oriente Médio, Cáucaso, Pérsia, e mesmo ao Leste de Samarcanda. Tam só no achado de Stora Velinge, na ilha de Gotland, contabilizam-se 7.853 moedas desta proveniência. Noutros tesourinhos há também moedas bizantinas.
     Todo isto fai que podamos considerar como provável o facto de que também se tivessem conservado na península nórdica, polas mesmas razões, moedas romanas, algumhas delas levadas posteriormente à Islândia polos seus possuidores durante a colonizaçom deste território (4). Por outra parte, a polo de agora incontrovertível realidade histórica e arqueológica é que a Islândia permaneceu desabitada até pouco antes do ano 795, momento em que foi escolhida como lugar para o desenrolo da vida ascética por alguns monges irlandeses, segundo pode tirar-se do que refere o geógrafo Dicuil, contra o 825, no seu Liber de Mensura Orbis Terrae:
     «Há agora trinta anos que uns clérigos, que estiveram nesta ilha desde Fevereiro a Agosto, me dixérom que nom só durante o solstício do Verão, mas também nos dias que o precedem e o seguem, o sol poente esconde-se ao solpor, como atrás de um pequeno outeiro, de modo que nom se produz escuridade nengumha durante um breve período de tempo, senom que, polo contrário, um homem pode fazer o trabalho que queira como à luz do dia, mesmo despiolhar a sua camisa, e, de se achar num monte elevado, em nengum momento desaparecerá o sol da sua vista» (5).
     Redescoberta de novo a Islândia, na década do 860, polos noruegueses Naddodur e Floke Vilgerdsson, bem como polo sueco Gardar Svavarsson, a colonizaçom seria iniciada pouco depois por Ingólfur Arnarson, bem na tradicional e admitida data do ano 874, já na do 870 que aparece consignada no Islendingabók, ou "Livro dos Islandeses" (6). O facto motivou o abandono da ilha por parte dos clérigos ou eremitas irlandeses —chamados "papar" polos nórdicos—, que se fôrom, talvez precipitadamente, já que deixárom abandonados devocionários, sinos e báculos, segundo recolhem o Landnámabók, o Islendingabók, e Theodricus Monachus, na sua Historia de Antiquitate Regum Norwagiensi (7).

Fig. 1
O cenário do nosso estudo: ao Leste, à altura do paralelo 70°, a fortaleza de Vardohus, da que foi gobernador Didrik Pining em 1490, e no Oeste o assentamento «L'Anse aux Meadows», em Terranova, de arredor do ano 1000, que se identifica com o realizado pola mesma data por Leifur Eirikson. Além da provável rota da sua expediçom, sinalam-se também a das do seu pai, Erico o Ruivo, que coincidem por aproximaçom com o bordo da plataforma continental do Leste gronelandês, denominada por esta causa «Deriva de Erik» polos geólogos, bem como a distância entre Kögur e a Gronelândia.

     A partir de entom, e durante mais de trescentos anos, a Islândia foi politicamente independente, até à chegada de um recrudescimento climático (8) e, posteriormente, os graves enfrentamentos que se dérom no país entre a hegemónica família Sturlung, a Igreja, e outros grupos de poder, que acabárom por minar social e economicamente o país. Arruinados e privados os seus habitantes de subministros exteriores, o Althing, ou parlamento islandês, aceitou em 1262 a oferta do monarca noruego Haakom IV (1217-1263), que lhes garantia o aprovisionamento, em troca «da sua lealdade e de uns tributos razoáveis». O pacto, «Gámli Sáttmali», permitia-lhes conservar a sua autonomia interna, bem como o Parlamento, mas nom o poder económico, que passou às mãos de governadores reais, por desgraça incapazes de manterem o prometido abastecimento (9).

Fig. 2
Thingvelhir. Ao ar livre, entre estes muros de basalto, juntou-se desde o ano 930 o Althing islandês. Cada solstício de Verão, durante 15 dias, os representantes dos 12 Things comarcais, elaboravam aqui as leis da comunidade e administravam justiça. Neste mesmo lugar decidiu-se em 1262 que Islândia se integrasse na coroa norueguesa. Umha decisom que marcaria o início de um dilatado período de esmorecimento e penúrias para o país.

     Convertida em colónia da Noruega a partir de 1262, a Islândia correria desde entom a sorte deste país. Assim, algo mais de um século depois, estando casado o monarca noruego Haakom VI (1343-1380), desde 1363, com a princesa dinamarquesa Margareta, aconteceu que, por morte do pai desta, Valdemar Atterdag (1340-1375), se converteu na raínha da Dinamarca. Este facto produziu-se em 1375. Cinco anos depois, falecia também o seu esposo, o referido Haakom VI, polo que Margareta passou a ser assim mesmo raínha da Noruega (10).
     Este facto, e a posterior Uniom Kalmar, ou uniom perpétua dos três estados, em 1397, determinárom que a Islândia passasse a integrar-se na coroa Dinamarquesa, hegemónica dentro da Uniom, na que já nom deixaria de se manter até 1918, data em que recobrou a sua soberania, ainda que aceitando o de Dinamarca como soberano. Islândia voltou a ser República plenipotenciária o 17 de Junho de 1944 (11).


     B.2: GRONELÂNDIA

     Esta imensa ilha, de 2.175.600 quilómetros quadrados de extensom, está situada ao oeste da Islândia, entre os 59° 46' e os 83° 39' de latitude. Geológica e geograficamente é parte integrante elo continente Americano.
     Avistada casualmente por Gunnbjor Ulf-Krakason, a princípios do século X, passaria a integrar-se no mundo nórdico graças a um tanto complicado processo. No ano 982 um noruego instalado no ocidente de Islândia, Eirik Thorwalsson, mais conhecido como Erico o Ruivo, foi condenado a um desterro de três anos por ter dado morte a dous homens numha liorta. Suspeita-se que Eirik, que entom contava arredor dos 30 anos, e fora vizinho por algum tempo dos descendentes de Gunnbjor, deveu de saber por estes da existência da Gronelândia. Mas também podia tê-lo sabido polo simples facto de que, nos dias claros, é possível albiscar as suas margens tanto desde as alturas do noroeste da Islândia, no que vivia, como logo de percorrer em barco um terço da distância que separa ambos os territórios, já que entom é possível enxergar as montanhas gronelandesas de Bloserville (12).

Fig. 3
Kögur, um dos extremos da inóspita comarca de Hornstrandir, no Noroeste da Islândia, em que no ano 960 tivérom de se assentar, fugidos de Noruega a causa de um delito de sangue, Thorvald Asvaldssom e o seu filho Erico o Ruivo. Kögur dista uns 260 quilómetros de Gronelândia, da que, nos dias claros, se podem observar desde esta altura o Monte Rigny (2385 m) e as suas proximidades. O Snaefjölh, algo mais alto (793 m), que cita Wahlgren, acha-se à direita, fora já da imagem, e a certa distância.

     Há que precisar, porém, que a Gronelândia que se pode albiscar desde o promontório Kögur, o ponto islandês mais próximo a ela, é excesivamente nórdica. A grande contribuiçom da viagem exploratória de Gunnbjor Ulf-Krakasom foi a de facilitar a compreensom de que aquele imenso território continuava para o Sul, caminho de latitudes climatológicamente mais adequadas, que deveu de ser o que decidiu a Eirik a passar ali o desterro.
     E chegado a ele procedeu a explorá-lo meticulosamente. E decidiu chamá-lo «Grönland», quer dizer, «Terra Verde».
     Este atractivo nome, bem como quanto referiu acerca do novo país ao seu retorno à Islândia, no ano 985, produzírom tal impacto entre os habitantes da ilha, que, na Primavera seguinte, Eirik foi seguido por unha autêntica expediçom colonizadora de nada menos que 25 barcos ateigados de colonos, animais, trebelhos e sementes, ainda que alguns nom teriam mais remédio que desistir.

Fig. 4
Morto o seu pai, e casado já, Erico transladou-se ao vale de Hauka, situado mais para o Sul, no fiorde de Breida. Outras mortes obrigárom-no a se instalar depois nestas ilhas de Brokey e Öxney, do mesmo fiorde, que vemos na gravura. Nas suas redondezas aparelharia Erico a sua nave no ano 982, ao ser de novo desterrado por um outro delito de sangue, para ir explorar a Gronelândia na que acabaria por ter definitivo acougo.

     O astuto noruego repartiu entom aquela xente, maioritariamente islandesa, em dous assentamentos. O Oriental —Eystribyggd—, situado no Suloeste da ilha, e o Ocidental —Vestribyggd—, a umha distância duns 300 quilómetros e vários dias de navegaçom ao Noroeste do primeiro. Assombra advertir agora que ambos os lugares som os pontos de melhor climatologia desta escassamente acolhedora ilha, o que nos dá a medida da grande capacidade exploradora de Eirik.
     Este seria o início da colonizaçom escandinava da Gronelândia que, no seu momento culminante chegou a contar com umhas trescentas granjas, principalmente dedicadas à criaçom de cavalos, vacas, ovelhas, ou cabras, bem como à caça, à pesca, e ao artesanato (13).

Fig. 5
Bratahalid, na margem ocidental do Eiriksfjord, o ponto em que Erico o Ruivo fixou a sua residência na Gronelândia no ano 986. O aeroporto internacional de Narssassuaq acha-se na outra banda. Os paramentos do primeiro termo som os restos da pequena igreja construída no século XIII sobre a que, arredor do ano 999, erguera a sua esposa Thjodhild, que abraçou o cristianismo levado entom à Gronelândia por Leifur, o filho de ambos.

     A escavaçom das 400 ruínas deixadas polos nórdicos neste remoto território permitiu-nos saber que em Eystribydd —actualmente Juliane-haab—, houvo um mosteiro agostinho, um convento de monjas bieitas, umha Catedral, em Gardar —hoje Igaliko—, e 12 igrejas paroquiais, enquanto que na colónia Ocidental —Vestribydd— se localizárom tam só 4 igrejas.
     Ainda dentro do reduzido número dos seus habitantes, que se estima que nunca devêrom de ultrapassar os 5.000, Gronelândia organizou-se jurídica e constitucionalmente, a imitacióm da Islândia, como umha República. O seu Laugmader, ou Legislador, residiu sempre na localidade de Bratahlid, na Colónia Oriental, o lugar escolhido por Erico o Ruivo como residência. O Thing, ou Assembleia Nacional, juntava-se em Gardar, a que logo havia de ser a Sé episcopal, a escassa distância.
     O homem moderno nom pode deixar de se admirar perante o facto de que com recursos humanos e económicos tam escassos como os que aquele reduzido número de colonos se podiam proporcionar naquele território sem árvores, pudessem os nórdicos ter aços e capacidade suficientes como para explorar e tentar estabelecer colónias no território continental americano, ou que atingissem em expedições de caça o paralelo 78° da própria Gronelândia. Nesta latitude fôrom achados amilhadoiros de pedras, idênticos aos que ainda hoje enchem Noruega. E aparecêrom, assim mesmo, artefactos de origem nórdica ainda mais ao norte, e ao noroeste, se bem que, neste caso, poderiam ter sido levados ali por esquimós.
     No ano 1261, um ano antes que a Islândia, o Thing Gronelandês aceitou a soberania norueguesa em troca também de certas concessões comerciais. De modo semelhante também ao caso islandês, a finais do mesmo século —ano 1294— a Coroa concedeu o monopólio do comércio com a Gronelândia aos mercadores da cidade de Bergen. O concerto proibia transladar-se ou comerciar com a colónia sem a autorizaçom real, mas assegurava a aqueles longínquos vassalos a assistência de umha nave estatal anual, o chamado Knor gronelandês, umha linha, aliás, de umha elevada rentabilidade, já que os Gronelandeses pagavam mui bem a madeira, o ferro, o grão e o sal, produtos dos que andavam mui escassos.

Fig. 6
A igreja de Hvalso —hoje Qaqortoq—, vista desde o Noroeste. Está situada uns 37 quilómetros ao Sul de Bratahalid sendo a mais nomeada e a melhor conservada das construções nórdicas na Gronelândia. Erguida contra o ano 1100, tinha, segundo Paul Herrmann, vidros nas janelas, com diferença ao que entom acontecia na Europa. Hvalso acha-se a escassa distância de Gardar, o lugar onde no ano 1261 o «Thing» aprovou a uniom com a Noruega.

     Gronelândia seguiu, politicamente, um caminho parelho ao islandês. Mas, com diferença a este, veria-se afectada por outros factores determinantes. O pioramento climático (Nota 8), o acoso esquimó, ou a própria lonjura dos assentamentos, levárom estes à sua destruiçom, ou ao abandono, a princípios desse século XVI no que Carsten Grypp lhe falou a Christian Ill acerca desta sua possessom ultramarina.
     O que nunca desapareceu na Dinamarca foi a memória da vinculaçom deste território com a metrópole, e enviárom-se, ao longo do mesmo século, ainda que sem resultado positivo, diversas expedições à procura dos seus povoadores.
     Em 1721 daria começo a nova colonizaçom da Gronelândia. Nesse ano chegou à ilha, disposto a evangelizar a sua populaçom esquimó, Hans Egede. Ele seria o fundador da actual capital do território, Nuuk-Godthaab, situada sobre o assento da antiga Vestribydd ou Colónia Ocidental. Gronelândia acabaria por constituir-se como condado autónomo da Dinamarca em Maio de 1979, com um governo próprio —Landstyre— e umha assembleia legislativa, o Landsting.
     Sem necesidade de que sigamos a afundar na questom, parece ficar claro que a informaçom até aqui manejada, perfeitamente contrastada, e contrastável, ratifica plenamente a afirmaçom do Burgomestre Carsten Grypp de que em 1551, tanto a Islândia como a Gronelândia pertenciam à coroa do monarca dinamarquês Christian III, a quem dirigia a sua carta. E permite-nos saber, ainda, d a importante circunstância, para o que estamos a tentar estudar, de que se encontravam na mesma situaçom jurídica durante o reinado de Christian I (1448-1481), aquele seu antecessor que cedera embarcações para a realizaçom da viagem exploratória da que soubemos através do referido Burgomestre.



C. CARSTEN GRYPP EXAMINOU EM 1551 UNS MAPAS, EDITADOS EM PARIS, COM INFORMES SOBRE A ISLÂNDIA.

     A segunda das informações que da carta de Carsten Grypp salientamos é a que se refere a ter visto este funcionário, naquele mesmo ano, uns mapas, editados em Paris, que se ocupavam de determinados aspectos da Islândia.
     O único trabalho cartográfico sobre a Islândia do que se tenha conhecimento que foi editado em Paris, se nom com imediatez à data de Março de 1551, na que o Burgomestre escreve, sim com umha proximidade temporal adequada para que este o pudesse ter visto pola primeira vez naquele momento, é o realizado por Hieronymus Gourmontium em 1548. Quer dizer, publicado havia um máximo de três anos.
     Isto nom significa, claro é, que nom tenha havido outros. Som bastantes os mapas antigos perdidos, dos que sabemos que existírom, e devem de ser também muitos os que se perdêrom, sem que fiquem sequer informes que nos permitam saber da sua existência.
     Hieronymus Gourmontium, o autor, foi membro da família Gourmont, Gurmontius, ou Germontius, que se distinguiu na publicaçom de obras no Paris do século XVI. Além deste sobre Islândia, de 1548, Hieronymus publicou vários mapas mais: de França, das viagens de Sam Paulo, um cordiforme do mundo (1538), outro da Palestina, bem como vários mais, anónimos, da Alemanha, Itália e Inglaterra. Sabe-se, assim mesmo, que em 1536 existia um catálogo das obras editadas pola empresa familiar que, tristemente, tampouco chegou a nós (14).
     De todos estes mapas, o que realmente nos interessa, é o da Islândia. Foi gravado sobre umha plancha de madeira, e tem umhas medidas de 356 x 500 mm. O único exemplar que dele se conserva acha-se na «Thüringische Landesbibliothek», de Weimar (Alemanha) (15).
     Pode ser este um dos mapas que Carsten Grypp asegura ter olhado, e que acabava de pedir, para ofrecer-lhos à Sua Majestade Christian III?
     Podemos razoar a resposta:
     1°) O mapa de Hieronymus Gourmontium é, efectivamente, da Islândia.
     2°) NeI há um texto de onze linhas, que principia: «Haec insula duplo Sicilia maior est»... («Esta ilha é duas vezes maior que a Sicília»).
     3°) Outro texto seu, de 17 linhas, intitula-se: «Rerum mirabilium declaratio». («Declaraçom das cousas maravilhosas»)(14).
     4°) Texto baixo umha ilha situada ao noroeste da Islândia: «Mons excelsus Witzarc appellatus, in cuias summitate Index marinus factus este á duobos piratis Pinnigt et Pothorst, in nautarum protectionem á Gruntlandia» («A grande montanha chamada Witsarc, em cujo cimo os dous piratas Pining e Pothorst colocárom um Sinal marinho para a protecçom dos navegantes da parte de Gronelândia" (16).
     Resulta fácil advertir que, além de apresentar umha cronologia adequada, todo quanto Carsten Grypp lhe comunica ao monarca ter visto nos mapas por ele examinados, aparece neste de Hieronymus Gourmontium. Todo um cúmulo de circunstâncias que haverá que considerar como um tanto determinantes. Mantêm-se ainda, todavia, duas diferenças substanciais:
     a) Que o Burgomestre chama a Pining e Pothorst, navegadores, nom «piratas», como se lê neste texto.
     Como veremos mais adiante, no apartado em que nos ocupamos das biografias destes dous personagens, existem sobre eles informações excessivamente contraditórias, e pode que interessadas, para que devam ser considerados, sem mais, como piratas. Se o primeiro deles chegou a governador tanto da Islândia como da Lapónia, deu-lhe aos islandeses umhas novas leis, e ainda dirigiu a expediçom luso-dinamarquesa, haverá que supor-lhe também certos valores, e, portanto, terá de peneirar-se a intencionalidade de quem o definiu como malfeitor. Por outra parte, o Burgomestre deveu de se medir muito à hora de outorgar-lhes um qualificativo a quem um antecessor de Christian III elegera para levar a termo a importante exploraçom que lhe está a comunicar. Isso, sem contar que Carsten Grypp, como também poderemos ver em posteriores contributos, parece ter informações diferentes das que continham os mapas examinados, polo que cabe pensar que soubesse, assim mesmo, de outras circunstâncias acerca dos supostos «piratas».
     b) Que o Burgomestre fala de «mapas» , enquanto que aqui contamos nada mais que com um.
     A explicaçom cómoda para esta segunda questom seria a de dizer que nom há outros mapas, porque se perdêrom. Perdeu-se o catálogo das publicações da família Gourmont, existente em 1536, e perdêrom-se também todas as cópias que deste mapa se fizérom, a nom ser esta que se conserva em Weimar. Portanto, que impede pensar que se tivessem perdido também os demais mapas que, complementando este, tivo diante dos seus olhos Carsten Gripp?
     Razoemos, porém, esta possibilidade, principiando por dizer que R. W. Karrow considera que o mapa de Weimar é «umha mui fiel cópia» de umha parte da famosa  «Carta Marina» de Olaus Magnus, e de que as notas que contém fôrom tomadas directamente das lendas que nesta aparecem (Nota 14), enquanto que para Sofus Larsen é umha cópia «com poucas modificações», também da mesma  «Carta Marina» (17).
     Olaus Magnus —Olaus Magnus Gothus (1490-1558)—, arcebispo de Uppsala desde 1544, é um autor de decisiva importância para o conhecimento do mundo nórdico, do que nos havemos de ocupar com mais vagar nos próximos capítulos. No ano 1539 publicou em Veneza um mapa da Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Islândia e parte da Gronelândia, denominado  «Carta Marina» , em que maneja abondosa toponímia e nos mostra mais de cem excepcionais desenhos de monstros marinhos, naves, pessoas e animais, complementado todo com textos explicativos em latim. Cumpre esclarecer, todavia, que nada se diz neles acerca do tamanho da Islândia, comparando-o com o da Sicília, nem sobre Pining e Pothorst, embora si coincidam com o de Gourmontium na descriçom das cousas admiráveis da Islândia. A afirmaçom de R. W. Karrow, pois, é real tam só em parte (18).
     O prelado sueco publicaria mais tarde umhas explicações complementares, em italiano, «Opera Breve», e umha traduçom mui livre da mesma ao alemám, «Ain kurze Auslegung und Verklerung der neuvem Mappem alten Goettenreich», («Breve exposiçom e explicaçom dos novos mapas do velho domínio dos Godos»), que é onde se encontram as restantes referências das que pudo ter extraído as suas informações Hieronymus Gourmontium (19).
     Esclarecido este ponto, expliquemos também que a «Carta Marina» consta de nove planchas de madeira, e que dela sobreviveu tam só umha cópia, propriedade da «Staatsbibliothek» de Munique. Neste lugar foi achada por Oscar Brenner, quem a publicou em 1886 sob o título «Die ächte Karte des Olaus Magnus vom Jahre 1539», («O verdadeiro mapa de Olaus Magnus do ano 1539»). Neste caso as nove xilografias aparecem coladas umhas às outras, formando um único mapa de 170 x 125 cm. Com ele encontrava-se também um facsímile mais reduzido (20). E existe ainda outra versom, assim mesmo em formato menor, impressa em Roma em 1572, desde lâminas de cobre, da que existem sete cópias (21). Esclareçamos, nom obstante, que o exemplar de Munique parece nom pertencer à ediçom de 1539, como pensara no seu dia o professor Brenner, mas à de Basileia de 1567, já que se observam em ambas as mesmas imperfeições. Enquanto a de Roma de 1572 mantém todas as suas representações intactas (Nota 14).
     A «Carta Marina» supujo no seu momento um autêntico impacto no mundo cultural europeu. Umha grande parte da cartografia posterior está em dívida com ela, e os seus desenhos acabárom por ser repetidamente copiados em mapas e livros de viagens (Nota 21), aparecendo também, ainda que em diferentes lugares, no mapa de Gourmontium de 1548.
     Na «Carta Marina» de que dispomos, podem-se advertir perfeitamente os pontos de uniom das suas nove planchas originais, sinaladas ainda com as letras «A» à «I». Na cópia do mapa de Hieronymus Gourmontium que nos foi faciliatada pola «Stiftung Weimarer Klassik», («Fundaçom Clássica de Weimar»), de 356 x 500 mm, parecem assim mesmo perfeitamente claros os pontos de uniom de DUAS PLANCHAS inicialmente independentes, de acima para baixo, na parte central do mapa. A circunstância resulta perceptível mesmo na cópia reduzida que se mostra neste trabalho.
     Por consequência, além da possibilidade de Hyeronymus Gourmontium ter podido fazer no seu momento, com mais informaçom, algum outro mapa mais da Islândia e os seus arredores, hoje perdidos, através do que acabamos de examinar parece provável que o que este cartógrafo publicou em Paris em 1548 fôrom DOUS MAPAS, cada um da sua METADE DA ISLÂNDIA, e que puderom ser estes os consultados polo Burgomestre Carsten Grypp.
     A conclusom seria válida mesmo para o caso, estudado por Sofus Larsen, de que Hieronumys nem sequer se inspirasse na obra de Olaus Magnus, senom que ambos tiraram as suas informações de umha fonte anterior, comum (22).
     Ainda com todas estas analogias, existe em contra umha circunstância ao nosso jeito de ver insalvável: os mapas de Gourmontium desconhecem tanto a expediçom de Pining e Pothorst como a ubicaçom de Hvitserk. Como consequência, temos de concluir que, ainda que pudesse haver mais folhas da obra deste cartógrafo, nom pudérom ser estas as que informárom a Carsten Grypp acerca de ambas as questões, já que muito dificilmente poderia nengumha delas contradizer o que se referem os dous mapas que de Gourmontium se conservam.

Fig. 7
Bergen no século XVI. Capital oficiosa da Noruega durante o XIII, adquiriria do rei Eirik Magnusson (1280-99) o monopólio do comércio com a Islândia e a Gronelândia, e contou desde meados do século seguinte com umha representaçom Hanseática. A maioria dos edifícios de pedra que aparecem na imagem enfeitam ainda a Bergen actual, o mesmo que a maior parte do bairro de madeira que aparece na parte norte do Vágen. O complexo fortificado da esquerda foi erguido entre 1247 e 1270, ainda que tem retoques do século XVI.


Fig. 8
Este mapa corresponde a umha parte («hluti») da «Carta Marina» («Sjókort») de Olaus Magnus, de 1539, segundo a publicou em 1991 a «Póstur og Sími» («Correios e Telefones») da Islândia.


Fig. 9
Reproduçom do mapa Hieronymus Gourmontium conservado em Weimar, Alemanha. Há grandes semelhanças entre os mapas das figuras 8 e 9. No requadro superior esquerdo deste aparecem as onze linhas que informam sobre o tamanho da Islândia. Debaixo dele, o compás colocado por Pining e Pothorst no ilheu de Witzarc, com umha breve explicaçom. No ângulo da direita acham-se as 17 linhas da «Rerum mirabilium declaratio», que coincidem quase ao pé da letra com o parágrafo «A» da «Carta Marina».



D. RELAÇÕES ENTRE PORTUGAL E DINAMARCA

     A terceira e, quiçá, mais surpreendente das novas que se podem tirar da carta de Carsten Grypp é a de que o monarca dinamarquês Christian I (1448-1481) provira de barcos os navegadores Pining e Pothorst, para levar a termo a sua expediçom, «a convite —ou pedido— da Sua Majestade o rei de Portugal».
     Porque, à margem dos valores semânticos que poda acarretar a própria palavra, convidar a participar numha expediçom exploratória —os relatórios e as rotas dos descobrimentos portugueses mantinham-se no mais arcano dos segredos—, nom se pode entender mais que no quadro, se nom de umha estreita colaboraçom, sim de umha especial relaçom. Penetrar nessa possível vinculaçom entre Portugal e Dinamarca no século XV, vai ser o propósito do presente capítulo.

Fig. 10
Descobertas e praças tomadas polos Portugueses até a morte de Dom Henrique o Navegante. As datas que acompanham cada lugar corresponde à do ano da descoberta. Indicam-se assim mesmo os pontos onde actuárom os dinamarqueses Herolden Lolland e Vallarte.

     E dado que o objecto da colaboraçom entre ambos os países, fora, segundo Carsten Grypp, «procurarem novas terras e ilhas nos mares do Norte», cumpre relacioná-lo já, de primeiras, com o mundo das descobertas.
     A expansom, e com esta as descobertas portuguesas, dérom começo no 25 de Julho do ano 1415. Nesse dia, umha frota ao mando do rei João I, e os príncipes Duarte, Pedro e Henrique, partiu de Lisboa e alcançava a conquista de Ceuta no 21 de Agosto seguinte. Os três infantes seriam entom armados cavaleiros na mesquita, convertida em catedral, da vila conquistada (23).
     Existem muitas lacunas no conhecimento das explorações portuguesas. Habitualmente recorre-se ao «sigilo que imperava na ciência náutica e navegações portuguesas», ou a que a «depredação levada a cabo nas bibliotecas e arquivos históricos portugueses, durante o período de domínio filipino (60 anos, de 1580 a 1640) extraviou uma muitíssimo valiosa documentação» (24) para explicar a falta dos correspondentes informes. E ainda que, nalguns casos poda resultar discutível semelhante recurso, dado que umha boa parte das descobertas sim se acham ampliamente documentadas, a realidade é que é mui pouco o que sobre as expedições para o Oeste e Noroeste Atlânticos se tem conservado.
     Principiemos, pois, por dizer já que o monarca português João I (1383-1433), estivo casado com Filipa de Lencastre, filha do duque de Lancaster, John de Gaunt, e irmã de Henry IV da Inglaterra (1399-1413). Por outra parte, umha filha deste, chamada também Filipa, casou com o monarca dinamarquês Eric de Pomeránia (1397-1438). De todo isto vém resultar que os infantes armados cavaleiros em Ceuta, dom Duarte (1391-1438), dom Pedro, Duque de Coimbra (1392-1449), e dom Henrique o Navegante (1394-1460), filhos do referido João I de Portugal, eram curmaõs da consorte do rei dinamarquês.
     Digamos assim mesmo que este dom Pedro, partícipe na tomada de Ceuta, foi homem de umha excepcional cultura e preparaçom, que percorreu umha grande parte da Europa, entre os anos 1425 e 1428, participando com Segismundo da Hungria nas suas luitas contra Turcos e Hussitas (25). No fim deste périplo, além de traer consigo de Veneza o livro de Marco Polo, e um mapa-mundi coas vias comerciais com Oriente, segundo afirma o cronista António Galvão —morto em 1557—, nos seus muitos contactos ao longo do mesmo, dom Pedro adquiriu, em frase de Oliveira Martins, «um tesouro de saber e de experiência», que haveria de ser de grande utilidade para o futuro do país.
      Dom Pedro deu também ímpeto à traduçom de livros e traduziu pessoalmente ao português diversas obras, sendo assim mesmo o primeiro a advertir, já de imediato, o onerosa que ia resultar para o país a expansom territorial em Marrocos entom iniciada (26). Suspeita-se também que pudo ter estado na Dinamarca em 1426, assim como que conheceu pessoalmente o seu rei e parente, Erico da Pomeránia, um ano antes, na própria corte de Segismundo da Hungria, onde este estivo efectivamente. Cabe também dentro do possível que os datos geográficos e sobre navegações que o infante dom Pedro recolheu, ou puido ter entom recolhido, estivesem destinados ó seu irmão Henrique (27), segundo se pode entender por algumhas actuações suas posteriores.
     E ainda que a historiografía portuguesa tenha demonstrado já a inexistência daquela sonada Escola de Sagres, sobre a que escreveu Samuel Purchas douscentos anos mais tarde (28), a empresa das explorações portuguesas recebeu umha ajuda decisiva em 1420 ao ser nomeado dom Henrique administrador apostólico da Ordem de Cristo, sucessora da recentemente suspendida, e moi opulenta, Ordem do Temple.
     Os recursos económicos das empresas marítimas de dom Henrique incrementariam-se ainda através da percepçom de rendimentos sobre certos meios de produçom, xabonarias, e, desde 1433, com a doaçom ao seu favor das ilhas da Madeira, Porto Santo e Desertas, bem como do privilégio da captura do atum e outras pescas. E em 1443, sendo o seu irmão dom Pedro regente do reino —período 1439 a 1446—, concederia-lhe também o monopólio da navegaçom, guerra e comércio, mais além do cabo Bojador, na África (29).
     Nada do até aqui comentado permite constatar, no entanto, mais do que a possível existência de umha provável e longínqua relaçom entre Portugal e Dinamarca. Algo mais estreito, mas ainda nom todo o que necessitamos para justificar a colaboraçom que se depreende do relatório de Carsten Grypp, deveu ser o mútuo conhecimento que ambos os países devêrom de adquirir através da Hansa germânica.
     O mais antigo documento que se conserva desta relaçom comercial é de Setembro de 1373. Recolhe a viagem de umha nave hanseática à cidade de Lisboa (30). Os contactos, todavia, pudérom ter começado antes. Este comércio, especialmente no que diz respeito ao século XV, foi mui bem estudado por A. H. Oliveira Marques —(9) e (30)—, com dados que demonstram ainda que, através das embarcações hanseáticas, os produtos portugueses chegavam a quase que todos os países europeus, tanto do arco Atlântico como do mar Báltico, Dinamarca e Islândia incluídos. Curiosa e lamentavelmente, este importante e produtivo comércio saltava praticamente os portos galegos (31).
     De todas as maneiras, existiu também um comércio directo português com as ilhas Britânicas ao longo do século XV, que permitiu o estreitamento das relações exteriores do país peninsular com os países e gentes nórdicas (32).
     Esta actividade tem de estar directamente relacionada com o facto, perfeitamente documentado, da presença em Portugal, ao longo do século XV, além de muitos comerciantes e gentes de mar originárias das repúblicas itálicas, também de gentes de certa relevância de procedência nórdica.
     Citemos, entre elas, o flamengo Jácome de Bruges. Este homem, que casou em Ourense com Antónia Dias Darce, depois de ter residido nesta vila algum tempo, passou a fazê-lo depois no Porto, a partir de 1431. Mais tarde, em 1450, foi capitám-donatário da ilha Terceira, nos Açores. Outros flamengos com especial projecçom fôron, Josse vam Huertere —Joz vam Hurtere—, também capitám-donatário nas ilhas açorianas de Faial e do Pico, entre 1468 e 1495, às que chegara com outros flamengos, ao parecer por iniciativa do comentado Jácome de Bruges; ou Fernando Dulmo, originariamente vam Olmen, assim mesmo capitám-donatário nos Açores, com anterioridade a 1468, a quem dom João II (1481-1495), lhe encomendou umha misteriosa expediçom para o Ocidente. O próprio pai de Dulmo também se instalara havia anos na Madeira. Lembremos assim mesmo o nuremberguês Martin Behaim, conhecido como Martinho da Boémia (?-1507), duvidoso integrante da segunda expediçom de Diogo Cao, que atingiu a latitude da actual Namíbia em 1486 (33). Martin Behaim foi residente assim mesmo nos Açores, onde aparentou nesse mesmo ano, polo seu matrimónio com Joana de Mando, com a família dos conhecidos descobridores Corte-Real (34).
     No ano 1492, com anterioridade ao descobrimento efectuado por Colom, Martin Behaim terminava de desenhar em Nüremberg o primeiro globo terrestre (35), circunstância que haveremos de retomar mais adiante, dado que nele dá referências de inaprezável valor para o desenrolar deste estudo.
     Conhecida esta maciça presença nórdica em Portugal, passemos já a analisar o que sabemos a respeito dos dinamarqueses. O primeiro personagem desta nacionalidade que aparece documentalmente atestado em Portugal foi Vallarte. Dele ocupa-se Gomes Eanes de Azurara (morto em 1474), na sua Crónica da Guiné. Segundo este prestigioso cronista, tendo-se espalhado as novas das primeiras expedições além do cabo Bojador, Vallarte, um gentil-homem da Dinamarca, decidiu acudir a Portugal com o intuito de tomar parte nelas.
     Vallarte, refere-nos também o historiador João de Barros (1496-1570), trazia umha recomendaçom para o infante dom Pedro do monarca dinamarquês Kristoffer de Bavaria (1439-1448), sobrinho e sucessor de Eric de Pomeránia. Este facto parece confirmar o conhecimento que antes supugemos que deveu de existir entre ambos. Sabemos também que dom Pedro, ainda que já nom regente, desde Janeiro de 1446, possivelmente o mesmo ano em que o dinamarquês se apresentou em Lisboa, continuava a colaborar nas tarefas de governo com o seu sobrinho Afonso V (1438-1481), entom duns quinze anos de idade (36).
     Vallarte é, indubitavelmente, a forma portuguesa de um nome dinamarquês, possivelmente Wolhert, ou outro semelhante. E existe ainda na Dinamarca o topónimo Volderslev, no distrito de Praestó, antigamente Valhaerslóff (37). Pois bem, este primeiro estrangeiro que tomou parte nas expedições portuguesas, conseguiu de dom Pedro umha caravela, com a que, na companha de Pedro Afonso, partiu para a Terra dos Negros no ano 1447. A exploraçom duraria seis meses, e nela o nobre dinamarquês pereceria num desnecessário enfrentamento com os indígenas. Na sua expediçom Vallarte parece ter ultrapassado o rio Senegal, descoberto quatro anos antes por Nuno Tristão, e alcançou com toda a probabilidade o cabo Vermelho, hoje Red Cape (38).
     O seguinte dinamarquês que encontramos em Portugal é o chamado Loland, ou Laaland, segundo outra leitura, identificado como Herolden Lolland por Louis Bobé (39). Este homem tomou parte no ano 1458 no ataque às praças do norte da África.
     Nesse ano, as 220 naves da frota portuguesa recolhêrom em Sagres o velho infante dom Henrique o Navegante o 3 de Outubro, quem, como chefe da expediçom conseguiu tomar no dia 23 seguinte a praça de Alcácer Ceguer, ou Pequeno Alcáçar, ainda que nom a imediata Tánger. O ataque entende-se dentro da política de reacçom da cristiandade logo de que cinco anos antes tomaram os turcos a cidade de Constantinopla, acabando assim com o Império Romano de Oriente. Esta acçom de Portugal foi a única resposta á petiçom realizada polo papa Calixto III tanto aos príncipes europeus como ao preste da Etiópia e, indubitavelmente, o facto de que tivesse sido levada a termo deve de estar estreitamente relacionado com a circunstância de ser também entom o infante Dom Henrique o administrador apostólico da Ordem de Cristo.
     Como já dixemos, esta era a sucessora em Portugal da Ordem do Temple, extinguida por mandato de Clemente V na sua bula Ad Providam do 2 de Maio do ano 1312. A Ordem de Cristo fora instituída por Dom Dinis o 14 de Agosto do 1318, e avaliada pola bula Ad ea ex quibus do ano seguinte por Joám XXII. A sua Sé achava-se, inicialmente, em Castromarim, Algarve, ainda que passaria depois à vila de Tomar, ao Norleste de Lisboa (40).
     Este Lolland, parece que chegara à corte portuguesa algo antes, possivelmente com algumha representaçom da coroa dinamarquesa, entom na cabeça de Christian I (1448-1481). Quer dizer, que estamos a falar já do monarca que, segundo o Burgomestre Carstem Grypp cedera as naves para a expediçom ao Noroeste Atlântico. É mui pouco o que se sabe acerca de Herolden Lolland. Mas, três anos depois desta expediçom militar contra o islam, permanecia ainda em Portugal, pois nesse momento foi portador de umha especial mensagem de Afonso V para o rei dinamarquês (41).
     Na missiva, que se conserva no Museu Nacional da Dinamarca, e é o único testemunho das relações que podiam existir entre as duas cortes naquele momento (Nota 39), escrita em latim, o soberano português refere-se a Lolland como «perfevant» ou «persevant». Esta expressom foi traduzida polo administrador da Biblioteca Nacional de Lisboa, António Anselmo, como «passavante» ou «persevante», quer dizer, «portavoz» ou «mensageiro» (Nota 41).
     Reproduzimos a continuaçom, íntegra, esta traduçom, pola importante relaçom que tem o conteúdo da carta com o conhecimento de quanto aqui estamos a tratar:
     «Ao Sereníssimo príncipe Cristiano, por graça de Deus rei da Dinamarca, etc., seu parente e irmão caríssimo, Afonso, por graça de Deus rei de Portugal e do Algarve e senhor de Ceuta e Alcácer em África, envia muitas saudações e deseja aumento de prosperidades. Foi-nos dado saber por L(aaland), passavante da Vossa Serenidade, da saúde vossa e de vossa espôsa e filhos. Ao mesmo temos muitas vezes interrogado sôbre o estado do vosso reino e sôbre várias outras coisas em que os vossos domínios abundam e são notabilíssimos; coisas que êle com tão boa ordem e abundância nos tem referido que parece as estamos vendo por nossos próprios olhos. Não obstante terdes um tal passavante, ao qual com razão já certamente tendes honrado, resolvemos referir-vos ainda alguns marecimentos seus, porventura de vós não conhecidos, para que por êles mais, se possivel fór, o estimeis. Com efeito, em varios combates que pelo magnífico Conde de Viana, capitão da nossa fortaleza de Alcácer em África e comandante das nossas tropas, foram há tempo travados com os mouros, e em várias incursões nos territorios dêstes, em que os nossos lançaram fogo a muitas aldeias e muitas outras saquearam tomando não poucos cativos, deu mostras de tanta grandeza de ánimo que se tornou um digno vassalo de tão grande príncipe e por isso mereceu grande louvor. Pelo qual motivo (porquanto sóbre a cortesia de maneiras, que na nossa córte tem mostrado, nada é necessário dizer), quando de lá voltou à nossa presença, o armámos cavaleiro, certificados como fomos do seu esforço na guerra por cartas do dito Conde e de muitos varões que com êle estiveram nos combates. Pedimovos, portanto, que não só pelos grandes perigos e trabalhos a que se expôs em honra da fé e pelos serviços que continuamente vos presta, como também por consideração para connosco que muito o honramos em tudo o que se refere ao seu aumento, honra e proveito, o tenhais como especialmente recomendado, para que se entenda que a nossa carta e pedido junto de Vós valem quanto em vosso nome êle antes referíu. Dada na nossa vila de Sintra, dia 11 de julho do ano do Senhor de 1461. Elrey» (41).
     A carta é nove meses posterior à morte de dom Henrique o Navegante, o durante tantos anos responsável polas descobertas portuguesas, facto que acontecera no 13-11-1460. Através do seu conteúdo fica claro que Lolland deveu de ser pessoa de umha certa posiçom social também na Dinamarca, já que o próprio Afonso V se toma a moléstia de recomendá-lo ao monarca deste país. E parece confirmar a existência de boas relações entre as duas cortes, como se pode tirar da redacçom da própria carta, e mesmo da expressom «parente e irmão caríssimo».
     Chegado aqui, o investigador dinamarquês Sofus Larsen pergunta-se também o motivo e a missom cie Lolland em Portugal, bem como de qual das duas partes poderia ter partido a iniciativa para esta ter-se dado. E responde-se ele próprio que nom lhe parece que pudesse ter partido de Christian I, homem em constantes dificuldades financeiras sempre (42), já que «não é crível que pensasse em alcançar coisa alguma em Portugal ou em África» (Nota 41).
     Deixemos aqui, em suspenso, e de momento, quantas considerações podam acugular-se-nos agora no magim acerca das relações existentes entre Portugal e Dinamarca naquela altura, ou do que Herolden Lolland pudo significar, tanto ao vir a Portugal, como depois de ter voltado ao seu país, na articulaçom da expediçom conjunta ao Noroeste Atlântico. Sobre todo isto teremos que voltar mais adiante. Constatemos tam só que, ainda que precariamente documentada, sim parece ter existido entom unha sorte de, polo menos, aceitável relaçom entre as duas cortes. Semelhante facto nom nos permite negar a possibilidade de que a colaboraçom exploratória que recolhe Carstem Grypp tenha podido dar-se.



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NOTAS


(1)

LAURING, Palhe: A HISTORY OF DENMARK. Host & Son. Copenhaga, 1995, páginas 114-115, 262-265.
LAGERQVIST, LARS. O.: KINGS AND RULERS OF SWEDEN. Vincent Publications. Stockholm, 1995. pág. 30.
DUBY, Georges: ATLAS HISTÓRICO MUNDIAL. Debate. Barcelona, 1992, página 104.
(2) BOBE, Louis: AKTSTYKKER TIL OPLYSNIGN OM GRONLANDS BESEJLIM 1521-1602 «Danske Magazin», citado, páginas 304 e 305.
SMAASTYKKER, .id. id. 1913, pág. 383.
(3) JONES, Gwyn: EL PRIMER DESCUBRIMIENTO DE AMÉRICA. Libros Tau. Barcelona, 1965, pág. 23.
NJARDVIK, Njördur P.: BIRTH OF A NATION. lceland Review. Reykjavik, 1978, pág. 13.
(4) GRAHAM-CAMBELL, James, e outros: CULTURAL ATLAS OF THE VIKING WORLD. Infobase Holding Company. Abingdom, 1994, págs. 195-198.
BLOCH-NAKKERUD; Dr. Tom: LOS VIKINGOS. Scandinaviam Film. Group. Oslo (Sem ano). Na pág. 49 o autor eleva a 70.000 o número de moedas árabes achadas tam só na Suécia, a maioria na ilha de Gotland, e cifra numhas 6.000 as bizantinas.
(5) OXENSTIERNA, Eric Graf, obra citada, pág. 238
JONES, Gwyn, obra citada, páginas 27 e 28.
(6) NJARDVIK, Njördur P., obra citada, 14 e 16.
(7) JONES, Gwyn, obra citada, páginas 29 e 30.
(8)  WAHLGREN, Erik: LOS VIKINGOS EN AMÉRICA. Destino. Barcelona, 1990, páginas 22-27. Na tabela do grossor do gelo Oceânico arredor de Islândia a partir do ano 1000, um excelente indicador por este autor manejado, advirte-se um grave recrudescimento climático na ilha a partir do 1200, logo de um período quente, iniciado arredor do ano 866, com oscilações, até atingir a sua máxima deterioraçom no ano 1900. Desde entom a situaçom melhorou de modo ostensível até voltar nos últimos anos do presente século a quotas similares ás do 1200, facto que coincidiu com um espectacular desenvolvimento demográfico, económico e cultural no país. Este último dado concorda ainda com os informes recolhidos por Christian Kempf em SIPTZBERG, TERRE POLAIRE, Editions de L'est, Paris, 1994, quem, na sua página 30, sinala que a temperatura média das ilhas Spitzberg se incrementou em 8° C nos últimos 80 anos, enquanto que, no mesmo periodo, a da Gronelândia subira 4,5° C e a da Escócia 1,5° C, o que parece indicar que a Terra está a quecer polos pólos. Som semelhantes as conclusões da maioria dos estudos paleoclimáticos que se vêm realizando, que coincidem em situar, tanto para a Islândia como para a Gronelândia, o seu óptimo climático no período Subtlântico Final, entre os anos 1000 e 1200.
(9) NJARDVIK, Njördur P., obra citada, páginas 72 a 92. O acordo consistia no envio de seis naves durante os dous anos seguintes, estudando-se a partir de entom a renovaçom do mesmo, à satisfaçom de ambas as partes. A finais do mesmo século, nom obstante, a Coroa concederia-lhe o monopólio deste comércio aos mercadores de Bergen, polo que o abastecimento ficou supeditado aos graves avatares económicos e políticos que sofreu esta cidade. A causa disto, no século seguinte, o XIV, houvo seis anos em que tam só chegou à Islândia umha embarcaçom, e cinco nos que nom o fijo nengumha. (JONES, Gwyn, obra citada, páginas 101-102). Bergen tivo também umha representaçom hanseática desde meados desse século. A primeira Hansa fora estabelecida na Alemanha no ano 1259, entre Lübeck, Hamburgo, Vismar e Rostock. Posteriormente, a partir de 1358, Lübeck lideraria a chamada Liga Hanseática, que chegou a agrupar mais de 200 cidades. (OLIVEIRA MARQUÈS, A. H.: HANSA E PORTUGAL NA IDADE MEDIA. Ed. Presença, 2ª Edição. Lisboa, 1993, pág. 16; DUBY, Georges, obra citada, págs. 62-63).
(10) LAGERQVIST, Lars O., obra citada, página 26.
LAURING, Palhe, obra citada, páginas 105-109.
(11) NJARVIK, Njördur, P., obra citada, página 93.
(12) THORSTEINSSON, Bjorn: ENSKA ÖLDIN. Reykjavic, 1970, pág. 263.
PHILPOT, Don: THE VISITOR'S GUIDE TO ICELAND. Ashbourne, 2ª ediçom, 1991, pag. 168.
Erik WAHLGREM sustenta que a distância mais curta entre a Islândia e a Gronelândia som os 287 quilómetros que se medem desde Snaefjölh, umha montanha de 793 m. de altura, que dista da Gronelândia uns 22 quilómetros mais que Kögur. Afirma também que, quando há vento do Árctico a visibilidade é excelente e pode-se albiscar a Gronelândia desde as alturas dos fiordes ocidentais da Islândia. Afirma assim mesmo que, a causa das condições atmosféricas de inversom óptica que por vezes se dam no mar, as partes altas da costa de Gronelândia som visíveis, ou facilmente conjecturáveis, desde os barcos situados no mar alto ao Oeste da Islândia. (Obra citada, página 76).
(13) Sobre Erico o Ruivo, e as colónias gronelandesas: CLAUSEN; Birthe L.: VIKING VOYAGES TO NORTH AMERICA. The Viking Ship Museum. Denmark. 1993, passim. GRAHAM-CAMPBELL, James, obra citada, págs. 172 a 179. HAYWOOD, John: HISTORICAL ATLAS OF THE VIKINGS. Penguin Books. London, 1995, págs. 92 a 99. HERRMANN, Paul: LA AVENTURA DE LOS PRIMEROS DESCUBRIMIENTOS. Labor, 1957: Capítulos VI, VII, e VIII. JONES, Gwyn, obra citada, passim. OXENSTIERNA, Eric Graf, obra citada, págs. 237-255. PARIAS, L.H.: HISTORIA UNIVERSAL DE LAS EXPLORACIONES. Tomo I. Madrid, 1967, págs. 286 a 305. WAHLGREN, Erik, obra citada, passim. LA SAGA DE LOS GROENLANDESES. LA SAGA DE EIRIK EL ROJO. Ediciones Siruela, Madrid, 1983, anotada por Antón e Pedro CASARIEGO CÓRDOBA.
(14) KARROW, R. W.: MAPMAKERS OF THE SIXTEENTH CENTURY AND THEIR MAPS. Chicago, 1993. Págs. 364-365.
(15) Existem também várias reedições deste mapa: J. METELKA (1896), NORLUND (1944), e SIRGURDSSON (1971) (14).
(16) LANDSTRÖM, Björn: EN BUSCA DE LAS INDIAS. Juventud. Barcelona, 1971, pág. 207.
(17) Estou a manejar umha cópia da «Carta Marina» facilitada pola universidade de Uppsala (Suécia) em Agosto de 1996, de 87 x 63,7 cms., que, polas imperfeições que apresenta nalguns pontos, deve de ser tirada da existente na Staatsbibliothek de Munique (Vide pontos 18 a 21 ).
(18) LARSEN, Sofus: DINAMARCA E PORTUGAL NO SÉCULO XV, Biblioteca Nacional, Lisboa, 1983, pág. 35.
(19) LARSEN, Sofus, id, id. página 34.
(20) Id. Id. páginas 33 e 34.
(21) STETOFF, Rebeca: MAPS AND MAPMAKING: British Library. London, 1995, página 186.
(22) LARSEN, Sofus, obra citada, páginas 60 a 91.
(23) SERRÃO, Joel: DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL. Figueirinhas, 1992. Tomo II, páginas 44-45.
(24) MASCARENHAS BARRETO, Augusto: O PORTUGUÊS CRISTOVÃO COLOMBO AGENTE SECRETO DO REI DOM JOÃO II. Referendo. Lisboa, 2ª edição 1988, págs. 67-68. (Domínio «filipino», é a uniom com a Espanha de Filipe II, Filipe III e Filipe IV, um período em que Portugal acabaria até por deixar de existir como reino, para se converter numha simples província de Castela, e proibiu-se a publicaçom de obras em português, entre outras cousas). 
STETOFF, Rebeca, obra citada, pág. 80. Esta autora lembra também que umha grande parte dos documentos existentes na Casa da Índia, a agência que organizava e controlava as expedições portuguesas, se perdêrom no grande terramoto de Lisboa de 1755.
(25) Este facto, como no-lo lembra Sofus Larsen, na página 26 da sua obra, está avaliado polo humanista Eneas Silvio Piccolomini (1405-64), nos seis derradeiros anos da sua vida, papa Pio II, na sua inacaba Historia rerum ubique gestarum, umha das obras anotadas por Cristovo Colom que ainda se conservam.
(26) SERRÃO, Joel, obra citada, Volume V, págs. 29-31.
(27) THORSTEINSSON, Bjorn, obra citada, pág. 270.
(28) SERRÃO, Joel, obra citada, Tomo V, pág. 414.
(29) Id. id., Tomo VI, páginas 676-677.
(30) OLIVEIRA MARQUÈS, A. H., obra citada, pág. 43. Vide (9).
(31) FERREIRA PRIEGUE, Elisa: GALICIA EN EL COMERCIO MARÍTIMO MEDIEVAL. «Pedro Barrié de la Maza». Corunha, 1988, págs. 567-69.
(32) Id. id. id., páginas 622-623 e 654. Umha anedota que ilustra esta relaçom é a que recolhe o historiador João de Barros (1496-1570), na sua obra Ásia. Década primeira, Livro I, cap. 15, onde indica que dom Henrique o Navegante enviara um Ieom a «um fidalgo ingrês, grande seu servidor, que vivia em Galueu». Quer dizer, em Galway, Irlanda.
(33) PARIAS, L. H., obra citada, Tomo II, Madrid, 1968, págs. 37-39.
(34) O enlace celebrou-se em 1486. Joana de Mando era irmã de Jobst de Utra, casado com umha filha de Joám Vaz Corte-Real. Behaim viveu desde entom até 1490 na ilha do Faial. LARSEN, Sofus, obra citada, págs. 93-98.
(35) STEFOFF, Rebecca, obra citada, págs. 53-54.
(36) SERRÃO, Joel, obra citada, tomo I, pág. 42.
(37) LARSEN, Sofus, obra citada, págs. 12-13. LANDSTRÖM, Bjrön: EN BUSCA DE LAS ÍNDIAS. Juventud. Barcelona, 1971, pág. 172.
(38) PERES, Damião: HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES. Vertente. Porto. 4.ª edição. 1992, págs. 92 e 98-100. Este historiador cre, porém, que o nome original do malogrado descobridor deveu de ser Abelhart. ZURARA, Gomes Eanes: CRÓNICA DA GUINÉ. Civilização. Barcelos, 1973, págs. 395-401.
(39) BOBE, Louis: AKTSTYKKER..., obra citada, página 307.
(40) FUENTES PASTOR, Jesús: CRÓNICA TEMPLARIA. Iberediciones. Madrid, 1995, págs. 130-40. MASCARENHAS BARRETO, Augusto, obra citada, págs. 57-58.
(41) LARSEN, Sofus, obra citada, págs. 17-21.
(42) LAURING, Palhe, obra citada, págs. 114-17.

 

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