«Da
presente dignará-se deduzir a Vossa Alteza Real que as terras
da V. M. na Gronelândia se estendem por ambas as duas partes
para o Novo Mundo e para as ilhas achadas polos Portugueses e polos
Espanhóis, polo que é possível chegar a elas desde a
Gronelândia. Este ano vim uns mapas da terra de Islândia, da
Vossa Real Majestade, publicados em Paris, da França, com a
descriçom de todas as maravilhas que ali se podem ver e saber,
em que consta que Islândia é duas vezes maior do que Sicília,
e que os dous navegadores Pynningh e Poidthorsth, foram providos
de alguns navios polo augusto avô da Vossa Majestade o Rei
Christian I, a convite da Sua Majestade o Rei de Portugal, para
procurarem novas terras e ilhas nos mares do Norte.
No penedo de Wydthszerk, diante da
Gronelândia, mesmo frente a Sniefeldsiekel, na Islândia,
erguêrom um grande marco virado para o mar, por causa dos
piratas gronelandeses, que, em grande número, com muitas
pequenas embarcações sem quilha, atacavam os navios de
improviso, etc.; e eu já escrevim para mandar vir os tais
mapas, e logo que chegarem enviarei-nos à maior brevidade à
Vossa Majestade». |
A. O DOCUMENTO REVELADOR
A citaçom precedente foi tomada da carta que
Carsten Grypp, Burgomestre da cidade de Kiel, escreveu no dia 3 de
Março de 1551 ao rei Christian III (1535-59) da Dinamarca. Este
importante documento foi publicado pola primeira vez em 1909 polo Dr.
Louis Bobé na Parte Quinta, do Tomo Sexto, do Danske Magazin,
páginas 309 a 311.
Digamos também que Burgomestre, o cargo que
ostentava o redactor da missiva, se corresponde com o de Presidente do
Concelho Municipal. Quer dizer, que Carsten Grypp era Alcaide da
referida cidade hanseática de Kiel.
Situada numha baía do Báltico, Kiel pertence
geograficamente ao ducado alemám de Holstein. No ano 1460 este ducado
fora herdado polo monarca dinamarquês Christian I (1448-81), o primeiro
da dinastia Oldenburg. Para os habitantes do mesmo, Christian I, o
organizador da expediçom ao Noroeste Atlântico da que se fala na
carta, nom era mais que o seu Senhor Feudal. E seguiam a considerar-se
alemães. Na prática, porém, estes ingénuos vasalos seriam governados
directamente tanto polo referido Christian I, como polos demais
soberanos que ocupárom depois o trono da Dinamarca. Holstein, e com ele
Kiel, nom voltariam à soberania alemã até ao ano 1864 (1).
Queremos significar com isto a curiosa
circunstância de que Carsten Grypp escreveu em 1551 ao seu Senhor, o
duque de Holstein, mas nom ao seu Rei.
Segundo nos informa o descobridor do documento,
Carsten Grypp é o mesmo Christianus Grypp que em 1517 rematava o seu
Bacharelato em Rostock (Alemanha) e que, cinco anos depois, chamando-se
entom Christianus Gripp, era já funcionário do Concelho de Brema, e
como notário público no domicílio do seu pai, o alcaide Detlef Grypp,
emitiu entom um documento notarial que ainda se conserva.
Sabemos também por Louis Bobé que, em 1528, o
nosso home fora nomeado governador de Aero polo rei dinamarquês
Frederick I (1523-1533). Algo mais tarde, em 1535, Carsten Grypp,
chegaria a síndico, Secretário Municipal do Concelho de Kiel, vila da
que acabaria por ser eleito Burgomestre cinco anos depois. No momento de
redigir a referida carta do 3 de Março de 1551 a Christian III,
Carsten Grypp continuava no exercício deste cargo, e permanecia ainda
nele a princípios de 1553, quando o surpreendeu a morte, sendo entom
sucedido polo seu irmão Ditlev.
Casado com Anna Ahlefeldt de Haselau, Carsten
Grypp utilizava como selo umha pouta de águia, emblema que nos permite
diferenciar a sua estirpe de outra família nobre Grib, ou Grip do
mesmo ducado de Holstein, e de outra família dinamarquesa epónima
residente entom em Rislev. Cabe pensar assim mesmo que Carsten Grypp
deveu de ser descendente de um tal Detlev Gryp, que fora Burgomestre da
mesma Kiel no período 1489-1522.
Achamo-nos, pois, diante de um singular
personagem, estreitamente ligado a Kiel unha irmã sua fora esposa
doutro burgomestre da mesma. Um personagem especialmente dúctil e
acomodatício, como veremos mais adiante, que, além de se ocupar das
finanças de Christian III no ducado, desfrutava de amplos poderes, e
ocupava-se também de labores tam particulares como os de procurar-lhe
mapas e livros raros.
Carsten Grypp, como se deduz da análise da sua
extensa missiva, foi um home culto, que fazia uso de umha excelente
caligrafia nos escritos que dele se conservam (2).
No que diz respeito ao conteúdo da sua carta,
e ainda antes de proceder à sua análise pormenorizada, podemos
salientar já que este breve retalho descobre ao investigador vários
factos de grande relevância histórica, que sintetizamos nos quatro
pontos que seguem:
Em 1551, Islândia e Gronelândia estavam integradas na coroa
dinamarquesa.
Nesse mesmo ano, o informador tivera ocasiom de ver uns mapas
publicados em París, com informes sobre a segunda destas ilhas, entre
eles o de que era «duas vezes maior que a Sicília».
Informavam também tais mapas que os navegadores Pinningh e Pothorst,
providos de alguns navios polo monarca dinamarquês Christian I
(1448-1481), a convite de um rei de Portugal, andárom à procura de
novas terras e ilhas nos mares do Norte.
Ambos os expedicionários erguêrom entom um sinal de aviso
«grande marco virado para o mar» no penedo de Wydthszerk,
situado diante da Gronelândia, frente a Sniefeldsiekel, Islândia, a
causa dos piratas gronelandeses, que em pequenas embarcações sem
quilha, atacavam os navios.
Pontos todos eles que nos conduzem ao hermético e ignorado
mundo das
explorações Atlânticas do fim da Idade Média, bem como ao
conhecimento da possível participaçom portuguesa numha delas, numha
data tam prematura como pode ser o reinado na Dinamarca do primeiro
dos monarcas da dinastia Oldenburg, o já citado Christian I. Quer dizer,
no período de 1448 a 1481. A confirmaçom de semelhante facto situaria
estes viajantes portugueses, quando menos na área da Gronelândia, com
mais de dez anos de anterioridade ao descobrimento das terras americanas
efectuado por Cristovo Colom.
O documento descoberto por Louis Bobé contribui, pois, informações de
capital importância, que vamos tentar penetrar no possível neste
trabalho.
B. EM 1551 ISLÂNDIA E GRONELÂNDIA ESTAVAM INTEGRADAS NA COROA
DINAMARQUESA.
B.1: ISLÂNDIA
Situada no Atlântido Norte, entre 63° 25' e 66° 30' de latitude, e
13° 30' e 24° 30' de longitude oeste, a Islândia tem umha superfície
de 102.846 quilómetros quadrados. É um território em precário
equilíbrio, sempre entre a benéfica influência da Corrente do Golfo,
a sua proximidade do Círculo Polar e as ameaças sísmicas e
vulcânicas. A sua climatologia, por estes motivos, resulta mui pouco
estável.
E se bem que seja certo que no Suleste da mesma
fôrom achadas três moedas romanas, pertencentes ao período 270 a 305
d. de C., bem como umha quarta na sua costa meridional, lugares
adequados todos eles para o normal acesso à ilha por qualquer nave que
chegasse do meiodia, nom parece apropriado pensar senom que podam
proceder de umha ocasional arribada ou, quiçá mais fácil ainda, que
tivessem sido levadas ali por algum dos colonizadores escandinavos (3).
Sabemos que os Nórdicos obtinham a maior parte da prata de que
precisavam polo cómodo sistema de procurarem-se moedas nos países
meridionais. Mas nom todas elas fôrom fundidas. Assim, os mais de mil
tesourinhos atopados na Escandinávia, contenhem mais de 60.000 moedas
árabes de prata, cunhadas com anterioridade ao ano 1000 nas principais
cecas de Al-Andalus, Norte da África, Egipto, Oriente Médio, Cáucaso,
Pérsia, e mesmo ao Leste de Samarcanda. Tam só no achado de Stora
Velinge, na ilha de Gotland, contabilizam-se 7.853 moedas desta
proveniência. Noutros tesourinhos há também moedas bizantinas.
Todo isto fai que podamos considerar como
provável o facto de que também se tivessem conservado na península
nórdica, polas mesmas razões, moedas romanas, algumhas delas levadas
posteriormente à Islândia polos seus possuidores durante a
colonizaçom deste território (4). Por outra parte, a polo de agora
incontrovertível realidade histórica e arqueológica é que a
Islândia permaneceu desabitada até pouco antes do ano 795, momento em
que foi escolhida como lugar para o desenrolo da vida ascética por
alguns monges irlandeses, segundo pode tirar-se do que refere o
geógrafo Dicuil, contra o 825, no seu Liber de Mensura Orbis Terrae:
«Há agora trinta anos que uns clérigos, que
estiveram nesta ilha desde Fevereiro a Agosto, me dixérom que nom só
durante o solstício do Verão, mas também nos dias que o precedem e o
seguem, o sol poente esconde-se ao solpor, como atrás de um pequeno
outeiro, de modo que nom se produz escuridade nengumha durante um breve
período de tempo, senom que, polo contrário, um homem pode fazer o
trabalho que queira como à luz do dia, mesmo despiolhar a sua camisa,
e, de se achar num monte elevado, em nengum momento desaparecerá o sol
da sua vista» (5).
Redescoberta de novo a Islândia, na década do
860, polos noruegueses Naddodur e Floke Vilgerdsson, bem como polo sueco
Gardar Svavarsson, a colonizaçom seria iniciada pouco depois por
Ingólfur Arnarson, bem na tradicional e admitida data do ano 874, já
na do 870 que aparece consignada no Islendingabók, ou "Livro
dos Islandeses" (6). O facto motivou o abandono da ilha por
parte dos clérigos ou eremitas irlandeses chamados "papar"
polos nórdicos, que se fôrom, talvez precipitadamente, já que
deixárom abandonados devocionários, sinos e báculos, segundo recolhem
o Landnámabók, o Islendingabók, e Theodricus Monachus, na sua
Historia de Antiquitate Regum Norwagiensi (7).
|
Fig. 1
O cenário do nosso estudo:
ao Leste, à altura do paralelo 70°, a fortaleza de Vardohus,
da que foi gobernador Didrik Pining em 1490, e no Oeste o
assentamento «L'Anse aux Meadows», em Terranova, de arredor do
ano 1000, que se identifica com o realizado pola mesma data por
Leifur Eirikson. Além da provável rota da sua expediçom,
sinalam-se também a das do seu pai, Erico o Ruivo, que coincidem
por aproximaçom com o bordo da plataforma continental do Leste
gronelandês, denominada por esta causa «Deriva de Erik» polos
geólogos, bem como a distância entre Kögur e a Gronelândia. |
A partir de entom, e durante mais de
trescentos anos, a Islândia foi politicamente independente, até à
chegada de um recrudescimento climático (8) e, posteriormente, os
graves enfrentamentos que se dérom no país entre a hegemónica família
Sturlung, a Igreja, e outros grupos de poder, que acabárom por minar
social e economicamente o país. Arruinados e privados os seus
habitantes de subministros exteriores, o Althing, ou parlamento islandês, aceitou em 1262 a oferta do monarca noruego Haakom IV
(1217-1263), que lhes garantia o aprovisionamento, em troca «da sua
lealdade e de uns tributos razoáveis». O pacto, «Gámli Sáttmali»,
permitia-lhes conservar a sua autonomia interna, bem como o Parlamento,
mas nom o poder económico, que passou às mãos de governadores reais,
por desgraça incapazes de manterem o prometido abastecimento (9).
|
Fig. 2
Thingvelhir. Ao ar livre, entre estes muros de basalto, juntou-se desde o ano
930 o Althing islandês. Cada solstício de Verão, durante 15
dias, os representantes dos 12 Things comarcais, elaboravam aqui
as leis da comunidade e administravam justiça. Neste mesmo
lugar decidiu-se em 1262 que Islândia se integrasse na coroa
norueguesa. Umha decisom que marcaria o início de um dilatado
período de esmorecimento e penúrias para o país. |
Convertida em colónia da Noruega a partir de
1262, a Islândia correria desde entom a sorte deste país. Assim, algo
mais de um século depois, estando casado o monarca noruego Haakom VI
(1343-1380), desde 1363, com a princesa dinamarquesa Margareta,
aconteceu que, por morte do pai desta, Valdemar Atterdag (1340-1375), se
converteu na raínha da Dinamarca. Este facto produziu-se em 1375. Cinco
anos depois, falecia também o seu esposo, o referido Haakom VI, polo
que Margareta passou a ser assim mesmo raínha da Noruega (10).
Este facto, e a posterior Uniom Kalmar, ou
uniom perpétua dos três estados, em 1397, determinárom que a
Islândia passasse a integrar-se na coroa Dinamarquesa, hegemónica
dentro da Uniom, na que já nom deixaria de se manter até 1918, data em
que recobrou a sua soberania, ainda que aceitando o de Dinamarca como
soberano. Islândia voltou a ser República plenipotenciária o 17 de
Junho de 1944 (11).
B.2: GRONELÂNDIA
Esta imensa ilha, de 2.175.600 quilómetros
quadrados de extensom, está situada ao oeste da Islândia, entre os 59°
46' e os 83° 39' de latitude. Geológica e geograficamente é parte
integrante elo continente Americano.
Avistada casualmente por Gunnbjor Ulf-Krakason,
a princípios do século X, passaria a integrar-se no mundo nórdico
graças a um tanto complicado processo. No ano 982 um noruego instalado
no ocidente de Islândia, Eirik Thorwalsson, mais conhecido como Erico o
Ruivo, foi condenado a um desterro de três anos por ter dado morte a dous
homens numha liorta. Suspeita-se que Eirik, que entom contava arredor dos 30 anos,
e fora vizinho por algum tempo dos descendentes de Gunnbjor, deveu de
saber por estes da existência da Gronelândia. Mas também podia tê-lo
sabido polo simples facto de que, nos dias claros, é possível albiscar
as suas margens tanto desde as alturas do noroeste da Islândia, no que
vivia, como logo de percorrer em barco um terço da distância que
separa ambos os territórios, já que entom é possível enxergar as
montanhas gronelandesas de Bloserville (12).
|
Fig. 3
Kögur, um dos extremos da inóspita comarca de Hornstrandir, no
Noroeste da Islândia, em que no ano 960 tivérom de se
assentar, fugidos de Noruega a causa de um delito de sangue,
Thorvald Asvaldssom e o seu filho Erico o Ruivo. Kögur dista
uns 260 quilómetros de Gronelândia, da que, nos dias claros,
se podem observar desde esta altura o Monte Rigny (2385 m) e as
suas proximidades. O Snaefjölh, algo mais alto (793 m), que
cita Wahlgren, acha-se à direita, fora já da imagem, e a certa
distância. |
Há que precisar, porém, que a Gronelândia
que se pode albiscar desde o promontório Kögur, o ponto islandês mais
próximo a ela, é excesivamente nórdica. A grande contribuiçom da
viagem exploratória de Gunnbjor Ulf-Krakasom foi a de facilitar a
compreensom de que aquele imenso território continuava para o Sul,
caminho de latitudes climatológicamente mais adequadas, que deveu de
ser o que decidiu a Eirik a passar ali o desterro.
E chegado a ele procedeu a explorá-lo
meticulosamente. E decidiu chamá-lo «Grönland», quer dizer,
«Terra Verde».
Este atractivo nome, bem como quanto referiu
acerca do novo país ao seu retorno à Islândia, no ano 985,
produzírom tal impacto entre os habitantes da ilha, que, na Primavera
seguinte, Eirik foi seguido por unha autêntica expediçom colonizadora
de nada menos que 25 barcos ateigados de colonos, animais, trebelhos e
sementes, ainda que alguns nom teriam mais remédio que desistir.
|
Fig. 4
Morto o seu pai, e casado já, Erico transladou-se ao vale de
Hauka, situado mais para o Sul, no fiorde de Breida. Outras
mortes obrigárom-no a se instalar depois nestas ilhas de Brokey
e Öxney, do mesmo fiorde, que vemos na gravura. Nas suas
redondezas aparelharia Erico a sua nave no ano 982, ao ser de
novo desterrado por um outro delito de sangue, para ir explorar
a Gronelândia na que acabaria por ter definitivo acougo. |
O astuto noruego repartiu entom aquela xente,
maioritariamente islandesa, em dous assentamentos. O Oriental
Eystribyggd, situado no Suloeste da ilha, e o Ocidental Vestribyggd,
a umha distância duns 300 quilómetros e vários dias de navegaçom ao
Noroeste do primeiro. Assombra advertir agora que ambos os lugares som
os pontos de melhor climatologia desta escassamente acolhedora ilha, o
que nos dá a medida da grande capacidade exploradora de Eirik.
Este seria o início da colonizaçom escandinava da Gronelândia que, no
seu momento culminante chegou a contar com umhas trescentas granjas,
principalmente dedicadas à criaçom de cavalos, vacas, ovelhas, ou
cabras, bem como à caça, à pesca, e ao artesanato (13).
|
Fig.
5
Bratahalid, na margem ocidental do Eiriksfjord, o ponto em que
Erico o Ruivo fixou a sua residência na Gronelândia no ano
986. O aeroporto internacional de Narssassuaq acha-se na outra
banda. Os paramentos do primeiro termo som os restos da pequena
igreja construída no século XIII sobre a que, arredor do ano
999, erguera a sua esposa Thjodhild, que abraçou o cristianismo
levado entom à Gronelândia por Leifur, o filho de ambos. |
A escavaçom das 400 ruínas deixadas polos
nórdicos neste remoto território permitiu-nos saber que em Eystribydd
actualmente Juliane-haab, houvo um mosteiro agostinho, um convento de
monjas bieitas, umha Catedral, em Gardar hoje Igaliko, e 12 igrejas
paroquiais, enquanto que na colónia Ocidental Vestribydd se
localizárom tam só 4 igrejas.
Ainda dentro do reduzido número dos seus
habitantes, que se estima que nunca devêrom de ultrapassar os 5.000,
Gronelândia organizou-se jurídica e constitucionalmente, a imitacióm
da Islândia, como umha República. O seu Laugmader, ou Legislador,
residiu sempre na localidade de Bratahlid, na Colónia Oriental, o lugar
escolhido por Erico o Ruivo como residência. O Thing, ou Assembleia
Nacional, juntava-se em Gardar, a que logo havia de ser a Sé episcopal,
a escassa distância.
O homem moderno nom pode deixar de se admirar
perante o facto de que com recursos humanos e económicos tam escassos
como os que aquele reduzido número de colonos se podiam proporcionar
naquele território sem árvores, pudessem os nórdicos ter aços e
capacidade suficientes como para explorar e tentar estabelecer colónias
no território continental americano, ou que atingissem em expedições
de caça o paralelo 78° da própria Gronelândia. Nesta latitude fôrom
achados amilhadoiros de pedras, idênticos aos que ainda hoje enchem
Noruega. E aparecêrom, assim mesmo, artefactos de origem nórdica ainda
mais ao norte, e ao noroeste, se bem que, neste caso, poderiam ter sido levados ali por esquimós.
No ano 1261, um ano antes que a Islândia, o
Thing Gronelandês aceitou a soberania norueguesa em troca também de
certas concessões comerciais. De modo semelhante também ao caso
islandês, a finais do mesmo século ano 1294 a Coroa concedeu o
monopólio do comércio com a Gronelândia aos mercadores da cidade de
Bergen. O concerto proibia transladar-se ou comerciar com a colónia sem
a autorizaçom real, mas assegurava a aqueles longínquos vassalos a
assistência de umha nave estatal anual, o chamado Knor gronelandês,
umha linha, aliás, de umha elevada rentabilidade, já que os
Gronelandeses pagavam mui bem a madeira, o ferro, o grão e o sal,
produtos dos que andavam mui escassos.
Fig.
6
A igreja de Hvalso hoje Qaqortoq, vista
desde o Noroeste. Está situada uns 37 quilómetros ao Sul de
Bratahalid sendo a mais nomeada e a melhor conservada das
construções nórdicas na Gronelândia. Erguida contra o ano
1100, tinha, segundo Paul Herrmann, vidros nas janelas, com
diferença ao que entom acontecia na Europa. Hvalso acha-se a
escassa distância de Gardar, o lugar onde no ano 1261 o
«Thing» aprovou a uniom com a Noruega. |
|
Gronelândia seguiu, politicamente, um caminho
parelho ao islandês. Mas, com diferença a este, veria-se afectada por
outros factores determinantes. O pioramento climático (Nota 8), o acoso
esquimó, ou a própria lonjura dos assentamentos, levárom estes à sua
destruiçom, ou ao abandono, a princípios desse século XVI no que
Carsten Grypp lhe falou a Christian Ill acerca desta sua possessom
ultramarina.
O que nunca desapareceu na Dinamarca foi a
memória da vinculaçom deste território com a metrópole, e enviárom-se,
ao longo do mesmo século, ainda que sem resultado positivo, diversas
expedições à procura dos seus povoadores.
Em 1721 daria começo a nova colonizaçom da
Gronelândia. Nesse ano chegou à ilha, disposto a evangelizar a sua
populaçom esquimó, Hans Egede. Ele seria o fundador da actual capital
do território, Nuuk-Godthaab, situada sobre o assento da antiga
Vestribydd ou Colónia Ocidental. Gronelândia acabaria por
constituir-se como condado autónomo da Dinamarca em Maio de 1979, com um governo próprio
Landstyre e umha assembleia legislativa, o
Landsting.
Sem necesidade de que sigamos a afundar na
questom, parece ficar claro que a informaçom até aqui manejada,
perfeitamente contrastada, e contrastável, ratifica plenamente a
afirmaçom do Burgomestre Carsten Grypp de que em 1551, tanto a
Islândia como a Gronelândia pertenciam à coroa do monarca
dinamarquês Christian III, a quem dirigia a sua carta. E permite-nos
saber, ainda, d a importante circunstância, para o que estamos a tentar
estudar, de que se encontravam na mesma situaçom jurídica durante o
reinado de Christian I (1448-1481), aquele seu antecessor que cedera
embarcações para a realizaçom da viagem exploratória da que soubemos
através do referido Burgomestre.
C. CARSTEN GRYPP EXAMINOU EM 1551 UNS MAPAS, EDITADOS EM PARIS, COM
INFORMES SOBRE A ISLÂNDIA.
A segunda das informações que da carta de
Carsten Grypp salientamos é a que se refere a ter visto este
funcionário, naquele mesmo ano, uns mapas, editados em Paris, que se
ocupavam de determinados aspectos da Islândia.
O único trabalho cartográfico sobre a
Islândia do que se tenha conhecimento que foi editado em Paris, se nom
com imediatez à data de Março de 1551, na que o Burgomestre escreve,
sim com umha proximidade temporal adequada para que este o pudesse ter
visto pola primeira vez naquele momento, é o realizado por Hieronymus
Gourmontium em 1548. Quer dizer, publicado havia um máximo de três
anos.
Isto nom significa, claro é, que nom tenha
havido outros. Som bastantes os mapas antigos perdidos, dos que sabemos
que existírom, e devem de ser também muitos os que se perdêrom, sem
que fiquem sequer informes que nos permitam saber da sua existência.
Hieronymus Gourmontium, o autor, foi membro da
família Gourmont, Gurmontius, ou Germontius, que se distinguiu na
publicaçom de obras no Paris do século XVI. Além deste sobre
Islândia, de 1548, Hieronymus publicou vários mapas mais: de França,
das viagens de Sam Paulo, um cordiforme do mundo (1538), outro da
Palestina, bem como vários mais, anónimos, da Alemanha, Itália e
Inglaterra. Sabe-se, assim mesmo, que em 1536 existia um catálogo das
obras editadas pola empresa familiar que, tristemente, tampouco chegou a
nós (14).
De todos estes mapas, o que realmente nos
interessa, é o da Islândia. Foi gravado sobre umha plancha de madeira,
e tem umhas medidas de 356 x 500 mm. O único exemplar que dele se
conserva acha-se na «Thüringische Landesbibliothek», de Weimar (Alemanha)
(15).
Pode ser este um dos mapas que Carsten Grypp
asegura ter olhado, e que acabava de pedir, para ofrecer-lhos à Sua
Majestade Christian III?
Podemos razoar a resposta:
1°) O mapa de Hieronymus Gourmontium é,
efectivamente, da Islândia.
2°) NeI há um texto de onze linhas, que
principia: «Haec insula duplo Sicilia maior est»... («Esta ilha é
duas vezes maior que a Sicília»).
3°) Outro texto seu, de 17 linhas,
intitula-se: «Rerum mirabilium declaratio». («Declaraçom das cousas
maravilhosas»)(14).
4°) Texto baixo umha ilha situada ao noroeste
da Islândia: «Mons excelsus Witzarc appellatus, in cuias summitate
Index marinus factus este á duobos piratis Pinnigt et Pothorst, in
nautarum protectionem á Gruntlandia» («A grande montanha chamada
Witsarc, em cujo cimo os dous piratas Pining e Pothorst colocárom um
Sinal marinho para a protecçom dos navegantes da parte de Gronelândia"
(16).
Resulta fácil advertir que, além de
apresentar umha cronologia adequada, todo quanto Carsten Grypp lhe
comunica ao monarca ter visto nos mapas por ele examinados, aparece
neste de Hieronymus Gourmontium. Todo um cúmulo de circunstâncias que
haverá que considerar como um tanto determinantes. Mantêm-se ainda,
todavia, duas diferenças substanciais:
a) Que o Burgomestre chama a Pining e Pothorst,
navegadores, nom «piratas», como se lê neste texto.
Como veremos mais adiante, no apartado em que
nos ocupamos das biografias destes dous personagens, existem sobre eles
informações excessivamente contraditórias, e pode que interessadas,
para que devam ser considerados, sem mais, como piratas. Se o primeiro
deles chegou a governador tanto da Islândia como da Lapónia, deu-lhe
aos islandeses umhas novas leis, e ainda dirigiu a expediçom
luso-dinamarquesa, haverá que supor-lhe também certos valores, e,
portanto, terá de peneirar-se a intencionalidade de quem o definiu como
malfeitor. Por outra parte, o Burgomestre deveu de se medir muito à
hora de outorgar-lhes um qualificativo a quem um antecessor de Christian
III elegera para levar a termo a importante exploraçom que lhe está a
comunicar. Isso, sem contar que Carsten Grypp, como também poderemos
ver em posteriores contributos, parece ter informações diferentes das
que continham os mapas examinados, polo que cabe pensar que soubesse,
assim mesmo, de outras circunstâncias acerca dos supostos «piratas».
b) Que o Burgomestre fala de «mapas» ,
enquanto que aqui contamos nada mais que com um.
A explicaçom cómoda para esta segunda questom
seria a de dizer que nom há outros mapas, porque se perdêrom. Perdeu-se
o catálogo das publicações da família Gourmont, existente em 1536, e
perdêrom-se também todas as cópias que deste mapa se fizérom, a nom
ser esta que se conserva em Weimar. Portanto, que impede pensar que se
tivessem perdido também os demais mapas que, complementando este, tivo
diante dos seus olhos Carsten Gripp?
Razoemos, porém, esta possibilidade,
principiando por dizer que R. W. Karrow considera que o mapa de Weimar
é «umha mui fiel cópia» de umha parte da famosa «Carta
Marina» de Olaus Magnus, e de que as notas que contém fôrom tomadas
directamente das lendas que nesta aparecem (Nota 14), enquanto que para
Sofus Larsen é umha cópia «com poucas modificações», também da
mesma «Carta Marina» (17).
Olaus Magnus Olaus Magnus Gothus (1490-1558),
arcebispo de Uppsala desde 1544, é um autor de decisiva importância
para o conhecimento do mundo nórdico, do que nos havemos de ocupar com mais vagar nos próximos capítulos. No ano 1539 publicou
em Veneza um mapa da Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Islândia e parte
da Gronelândia, denominado «Carta Marina» , em que maneja abondosa toponímia e nos mostra mais de cem excepcionais desenhos
de
monstros marinhos, naves, pessoas e animais, complementado todo com
textos explicativos em latim. Cumpre esclarecer, todavia, que nada se
diz neles acerca do tamanho da Islândia, comparando-o com o da
Sicília, nem sobre Pining e Pothorst, embora si coincidam com o de
Gourmontium na descriçom das cousas admiráveis da Islândia. A
afirmaçom de R. W. Karrow, pois, é real tam só em parte (18).
O prelado sueco publicaria mais tarde umhas explicações
complementares, em italiano, «Opera Breve», e umha traduçom mui livre da mesma ao
alemám, «Ain kurze Auslegung und Verklerung der neuvem Mappem alten
Goettenreich», («Breve exposiçom e
explicaçom dos novos mapas do velho domínio dos Godos»),
que é onde se encontram as restantes referências das que pudo ter
extraído as suas informações Hieronymus Gourmontium (19).
Esclarecido este ponto, expliquemos também que
a «Carta
Marina» consta de nove planchas de madeira, e que dela sobreviveu tam
só umha cópia, propriedade da «Staatsbibliothek» de Munique. Neste
lugar foi achada por Oscar Brenner, quem a publicou em 1886 sob o
título «Die ächte Karte des Olaus Magnus vom Jahre 1539», («O
verdadeiro mapa de Olaus Magnus do ano 1539»). Neste caso as nove
xilografias aparecem coladas umhas às outras, formando um único mapa
de 170 x 125 cm. Com ele encontrava-se também um facsímile mais
reduzido (20). E existe ainda outra versom, assim mesmo em formato
menor, impressa em Roma em 1572, desde lâminas de cobre, da que existem
sete cópias (21). Esclareçamos, nom obstante, que o exemplar de
Munique parece nom pertencer à ediçom de 1539, como pensara no seu dia
o professor Brenner, mas à de Basileia de 1567, já que se observam em
ambas as mesmas imperfeições. Enquanto a de Roma de 1572 mantém todas
as suas representações intactas (Nota 14).
A «Carta
Marina» supujo no seu momento um autêntico impacto no mundo cultural
europeu. Umha grande parte da cartografia posterior está em dívida com
ela, e os seus desenhos acabárom por ser repetidamente copiados em
mapas e livros de viagens (Nota 21), aparecendo também, ainda que em
diferentes lugares, no mapa de Gourmontium de 1548.
Na «Carta
Marina» de que dispomos, podem-se advertir perfeitamente os pontos de
uniom das suas nove planchas originais, sinaladas ainda com as letras
«A» à «I». Na cópia do mapa de Hieronymus Gourmontium que nos foi
faciliatada pola «Stiftung Weimarer Klassik», («Fundaçom Clássica de
Weimar»), de 356 x 500 mm, parecem assim mesmo perfeitamente claros os
pontos de uniom de DUAS PLANCHAS inicialmente independentes, de acima
para baixo, na parte central do mapa. A circunstância resulta
perceptível mesmo na cópia reduzida que se mostra neste trabalho.
Por consequência, além da possibilidade de Hyeronymus
Gourmontium ter podido fazer no seu momento, com mais informaçom, algum
outro mapa mais da Islândia e os seus arredores, hoje perdidos,
através do que acabamos de examinar parece provável que o que este
cartógrafo publicou em Paris em 1548 fôrom DOUS MAPAS, cada um da sua
METADE DA ISLÂNDIA, e que puderom ser estes os consultados polo
Burgomestre Carsten Grypp.
A conclusom seria válida mesmo para o caso,
estudado por Sofus Larsen, de que Hieronumys nem sequer se inspirasse na
obra de Olaus Magnus, senom que ambos tiraram as suas informações de
umha fonte anterior, comum (22).
Ainda com todas estas analogias, existe em
contra umha circunstância ao nosso jeito de ver insalvável: os mapas de
Gourmontium desconhecem tanto a expediçom de Pining e Pothorst como a
ubicaçom de Hvitserk. Como consequência, temos de concluir que, ainda
que pudesse haver mais folhas da obra deste cartógrafo, nom pudérom
ser estas as que informárom a Carsten Grypp acerca de ambas as
questões, já que muito dificilmente poderia nengumha delas contradizer
o que se referem os dous mapas que de Gourmontium se conservam.
|
Fig.
7
Bergen no século XVI. Capital oficiosa da Noruega durante o
XIII, adquiriria do rei Eirik Magnusson (1280-99) o monopólio do
comércio com a Islândia e a Gronelândia, e contou desde
meados do século seguinte com umha representaçom Hanseática.
A maioria dos edifícios de pedra que aparecem na imagem enfeitam ainda a
Bergen actual, o mesmo que a maior parte do bairro de madeira
que aparece na parte norte do Vágen. O complexo fortificado da
esquerda foi erguido entre 1247 e 1270, ainda que tem retoques
do século XVI. |
Fig.
8
Este mapa corresponde a umha parte («hluti») da «Carta
Marina» («Sjókort») de Olaus Magnus, de 1539, segundo a
publicou em 1991 a «Póstur og Sími» («Correios e
Telefones») da Islândia. |
|
|
Fig. 9
Reproduçom do mapa Hieronymus Gourmontium conservado em Weimar,
Alemanha. Há grandes semelhanças entre os mapas das figuras 8
e 9. No requadro superior esquerdo deste aparecem as onze linhas
que informam sobre o tamanho da Islândia. Debaixo dele, o
compás colocado por Pining e Pothorst no ilheu de Witzarc, com
umha breve explicaçom. No ângulo da direita acham-se as 17
linhas da «Rerum mirabilium declaratio», que coincidem quase
ao pé da letra com o parágrafo «A» da «Carta Marina». |
D. RELAÇÕES ENTRE PORTUGAL E DINAMARCA
A terceira e, quiçá, mais surpreendente das
novas que se podem tirar da carta de Carsten Grypp é a de que o monarca
dinamarquês Christian I (1448-1481) provira de barcos os navegadores
Pining e Pothorst, para levar a termo a sua expediçom, «a convite ou
pedido da Sua Majestade o rei de Portugal».
Porque, à margem dos valores semânticos que poda acarretar a própria
palavra, convidar a participar numha expediçom exploratória os
relatórios e as rotas dos descobrimentos portugueses mantinham-se no
mais arcano dos segredos, nom se pode entender mais que no quadro, se
nom de umha estreita colaboraçom, sim de umha especial relaçom.
Penetrar nessa possível vinculaçom entre Portugal e Dinamarca no
século XV, vai ser o propósito do presente capítulo.
|
Fig. 10
Descobertas e praças tomadas polos Portugueses até a morte de
Dom Henrique o Navegante. As datas que acompanham cada lugar
corresponde à do ano da descoberta. Indicam-se assim mesmo os
pontos onde actuárom os dinamarqueses Herolden Lolland e
Vallarte. |
E dado que o objecto da colaboraçom entre
ambos os países, fora, segundo Carsten Grypp, «procurarem novas
terras e ilhas nos mares do Norte», cumpre relacioná-lo já, de
primeiras, com o mundo das descobertas.
A expansom, e com esta as descobertas portuguesas, dérom começo no 25
de Julho do ano 1415. Nesse dia, umha frota ao mando do rei João I, e
os príncipes Duarte, Pedro e Henrique, partiu de Lisboa e alcançava a
conquista de Ceuta no 21 de Agosto seguinte. Os três infantes seriam entom
armados cavaleiros na mesquita, convertida em catedral, da vila
conquistada (23).
Existem muitas lacunas no conhecimento das
explorações portuguesas. Habitualmente recorre-se ao «sigilo
que imperava na ciência náutica e navegações portuguesas», ou a que
a «depredação
levada a cabo nas bibliotecas e arquivos históricos portugueses,
durante o período de domínio filipino (60 anos, de 1580 a 1640)
extraviou uma muitíssimo valiosa documentação» (24)
para explicar a
falta dos correspondentes informes. E ainda que, nalguns casos poda
resultar discutível semelhante recurso, dado que umha boa parte das
descobertas sim se acham ampliamente documentadas, a realidade é que é
mui pouco o que sobre as expedições para o Oeste e Noroeste
Atlânticos se tem conservado.
Principiemos, pois, por dizer já que o monarca
português João I (1383-1433), estivo casado com Filipa de Lencastre,
filha do duque de Lancaster, John de Gaunt, e irmã de Henry IV da
Inglaterra (1399-1413). Por outra parte, umha filha deste, chamada
também Filipa, casou com o monarca dinamarquês Eric de Pomeránia
(1397-1438). De todo isto vém resultar que os infantes armados
cavaleiros em Ceuta, dom Duarte (1391-1438), dom Pedro, Duque de Coimbra
(1392-1449), e dom Henrique o Navegante (1394-1460), filhos do referido
João I de Portugal, eram curmaõs da consorte do rei dinamarquês.
Digamos assim mesmo que este dom Pedro,
partícipe na tomada de Ceuta, foi homem de umha excepcional cultura e
preparaçom, que percorreu umha grande parte da Europa, entre os anos
1425 e 1428, participando com Segismundo da Hungria nas suas luitas
contra Turcos e Hussitas (25). No fim deste périplo, além de traer
consigo de Veneza o livro de Marco Polo, e um mapa-mundi coas vias
comerciais com Oriente, segundo afirma o cronista António Galvão morto
em 1557, nos seus muitos contactos ao longo do mesmo, dom Pedro
adquiriu, em frase de Oliveira Martins, «um
tesouro de saber e de experiência», que haveria de ser de grande
utilidade para o futuro do país.
Dom Pedro deu também ímpeto à traduçom de livros e traduziu
pessoalmente ao português diversas obras, sendo assim mesmo o primeiro
a advertir, já de imediato, o onerosa que ia resultar para o país a
expansom territorial em Marrocos entom iniciada (26). Suspeita-se
também que pudo ter estado na Dinamarca em 1426, assim como que
conheceu pessoalmente o seu rei e parente, Erico da Pomeránia, um ano
antes, na própria corte de Segismundo da Hungria, onde este estivo
efectivamente. Cabe também dentro do possível que os datos
geográficos e sobre navegações que o infante dom Pedro recolheu, ou puido
ter entom recolhido, estivesem destinados ó seu irmão Henrique (27),
segundo se pode entender por algumhas actuações suas posteriores.
E ainda que a historiografía portuguesa tenha
demonstrado já a inexistência daquela sonada Escola de Sagres, sobre a
que escreveu Samuel Purchas douscentos anos mais tarde (28), a empresa
das explorações portuguesas recebeu umha ajuda decisiva em 1420 ao ser
nomeado dom Henrique administrador apostólico da Ordem de Cristo,
sucessora da recentemente suspendida, e moi opulenta, Ordem do Temple.
Os recursos económicos das empresas marítimas
de dom Henrique incrementariam-se ainda através da percepçom de
rendimentos sobre certos meios de produçom, xabonarias, e, desde 1433,
com a doaçom ao seu favor das ilhas da Madeira, Porto Santo e Desertas,
bem como do privilégio da captura do atum e outras pescas. E em 1443,
sendo o seu irmão dom Pedro regente do reino período 1439 a 1446,
concederia-lhe também o monopólio da navegaçom, guerra e comércio,
mais além do cabo Bojador, na África (29).
Nada do até aqui comentado permite constatar, no entanto, mais do que a
possível existência de umha provável e longínqua relaçom entre
Portugal e Dinamarca. Algo mais estreito, mas ainda nom todo o que
necessitamos para justificar a colaboraçom que se depreende do
relatório de Carsten Grypp, deveu ser o mútuo conhecimento que ambos
os países devêrom de adquirir através da Hansa germânica.
O mais antigo documento que se conserva desta
relaçom comercial é de
Setembro de 1373. Recolhe a viagem de umha nave hanseática à cidade de
Lisboa (30). Os contactos, todavia, pudérom ter começado antes. Este
comércio, especialmente no que diz respeito ao século XV, foi mui bem
estudado por A. H. Oliveira Marques (9) e (30), com dados que
demonstram ainda que, através das embarcações hanseáticas, os
produtos portugueses chegavam a quase que todos os países europeus,
tanto do arco Atlântico como do mar Báltico, Dinamarca e Islândia
incluídos. Curiosa e lamentavelmente, este importante e produtivo
comércio saltava praticamente os portos galegos
(31).
De todas as maneiras, existiu também um comércio directo português
com as ilhas Britânicas ao longo do século XV, que permitiu o
estreitamento das relações exteriores do país peninsular com os
países e gentes nórdicas (32).
Esta actividade tem de estar directamente relacionada com o facto,
perfeitamente documentado, da presença em Portugal, ao longo do século
XV, além de muitos comerciantes e gentes de mar originárias das
repúblicas itálicas, também de gentes de certa relevância de
procedência nórdica.
Citemos, entre elas, o flamengo Jácome de
Bruges. Este homem, que casou em Ourense com Antónia Dias Darce, depois
de ter residido nesta vila algum tempo, passou a fazê-lo depois no
Porto, a partir de 1431. Mais tarde, em 1450, foi capitám-donatário da
ilha Terceira, nos Açores. Outros flamengos com especial projecçom
fôron, Josse vam Huertere Joz vam Hurtere, também capitám-donatário
nas ilhas açorianas de Faial e do Pico, entre 1468 e 1495, às que
chegara com outros flamengos, ao parecer por iniciativa do comentado
Jácome de Bruges; ou Fernando Dulmo, originariamente vam Olmen, assim
mesmo capitám-donatário nos Açores, com anterioridade a 1468, a quem
dom João II (1481-1495), lhe encomendou umha misteriosa expediçom para
o Ocidente. O próprio pai de Dulmo também se instalara havia anos na
Madeira. Lembremos assim mesmo o nuremberguês Martin Behaim, conhecido
como Martinho da Boémia (?-1507), duvidoso integrante da segunda
expediçom de Diogo Cao, que atingiu a latitude da actual Namíbia em
1486 (33). Martin Behaim foi residente assim mesmo nos Açores, onde
aparentou nesse mesmo ano, polo seu matrimónio com Joana de Mando, com
a família dos conhecidos descobridores Corte-Real (34).
No ano 1492, com anterioridade ao descobrimento efectuado por
Colom,
Martin Behaim terminava de desenhar em Nüremberg o primeiro globo
terrestre (35), circunstância que haveremos de retomar mais adiante,
dado que nele dá referências de inaprezável valor para o desenrolar
deste estudo.
Conhecida esta maciça presença nórdica em Portugal, passemos já a
analisar o que sabemos a respeito dos dinamarqueses. O primeiro
personagem desta nacionalidade que aparece documentalmente atestado em
Portugal foi Vallarte. Dele ocupa-se Gomes Eanes de Azurara (morto em
1474), na sua Crónica da Guiné. Segundo este prestigioso cronista,
tendo-se espalhado as novas das primeiras expedições além do cabo
Bojador, Vallarte, um gentil-homem da Dinamarca, decidiu acudir a
Portugal com o intuito de tomar parte nelas.
Vallarte, refere-nos também o historiador João
de Barros (1496-1570),
trazia umha recomendaçom para o infante dom Pedro do monarca
dinamarquês Kristoffer de Bavaria (1439-1448), sobrinho e sucessor de Eric de
Pomeránia. Este facto parece confirmar o conhecimento que
antes supugemos que deveu de existir entre ambos. Sabemos também que
dom Pedro, ainda que já nom regente, desde Janeiro de 1446,
possivelmente o mesmo ano em que o dinamarquês se apresentou em Lisboa,
continuava a colaborar nas tarefas de governo com o seu sobrinho Afonso
V (1438-1481), entom duns quinze anos de idade (36).
Vallarte é, indubitavelmente, a forma portuguesa de um nome
dinamarquês, possivelmente Wolhert, ou outro semelhante. E existe ainda
na Dinamarca o topónimo Volderslev, no distrito de Praestó,
antigamente Valhaerslóff (37). Pois bem, este primeiro estrangeiro que
tomou parte nas expedições portuguesas, conseguiu de dom Pedro umha
caravela, com a que, na companha de Pedro Afonso, partiu para a Terra
dos Negros no ano 1447. A exploraçom duraria seis meses, e nela o nobre
dinamarquês pereceria num desnecessário enfrentamento com os
indígenas. Na sua expediçom Vallarte parece ter ultrapassado o rio
Senegal, descoberto quatro anos antes por Nuno Tristão, e alcançou com
toda a probabilidade o cabo Vermelho, hoje Red Cape (38).
O seguinte dinamarquês que encontramos em
Portugal é o chamado Loland, ou Laaland, segundo outra leitura,
identificado como Herolden Lolland por Louis Bobé (39). Este homem
tomou parte no ano 1458 no ataque às praças do norte da África.
Nesse ano, as 220 naves da frota portuguesa
recolhêrom em Sagres o velho infante dom Henrique o Navegante o 3 de
Outubro, quem, como chefe da expediçom conseguiu tomar no dia 23
seguinte a praça de Alcácer Ceguer, ou Pequeno Alcáçar, ainda que
nom a imediata Tánger. O ataque entende-se dentro da política de
reacçom da cristiandade logo de que cinco anos antes tomaram os turcos
a cidade de Constantinopla, acabando assim com o Império Romano de
Oriente. Esta acçom de Portugal foi a única resposta á petiçom
realizada polo papa Calixto III tanto aos príncipes europeus como ao
preste da Etiópia e, indubitavelmente, o facto de que tivesse sido
levada a termo deve de estar estreitamente relacionado com a
circunstância de ser também entom o infante Dom Henrique o
administrador apostólico da Ordem de Cristo.
Como já dixemos, esta era a sucessora em
Portugal da Ordem do Temple, extinguida por mandato de Clemente V na sua
bula Ad Providam do 2 de Maio do ano 1312. A Ordem de Cristo fora
instituída por Dom Dinis o 14 de Agosto do 1318, e avaliada pola bula Ad
ea ex quibus do ano seguinte por Joám XXII. A sua Sé achava-se,
inicialmente, em Castromarim, Algarve, ainda que passaria depois à vila
de Tomar, ao Norleste de Lisboa (40).
Este Lolland, parece que chegara à corte
portuguesa algo antes, possivelmente com algumha representaçom da coroa
dinamarquesa, entom na cabeça de Christian I (1448-1481). Quer dizer,
que estamos a falar já do monarca que, segundo o Burgomestre Carstem
Grypp cedera as naves para a expediçom ao Noroeste Atlântico. É mui
pouco o que se sabe acerca de Herolden Lolland. Mas, três anos depois
desta expediçom militar contra o islam, permanecia ainda em Portugal,
pois nesse momento foi portador de umha especial mensagem de Afonso V
para o rei dinamarquês (41).
Na missiva, que se conserva no Museu Nacional
da Dinamarca, e é o único testemunho das relações que podiam existir
entre as duas cortes naquele momento (Nota 39), escrita em latim, o
soberano português refere-se a Lolland como «perfevant» ou «persevant».
Esta expressom foi traduzida polo administrador da Biblioteca Nacional
de Lisboa, António Anselmo, como «passavante» ou «persevante», quer
dizer, «portavoz» ou «mensageiro» (Nota 41).
Reproduzimos a continuaçom, íntegra, esta
traduçom, pola importante relaçom que tem o conteúdo da carta com o
conhecimento de quanto aqui estamos a tratar:
«Ao Sereníssimo príncipe Cristiano, por
graça de Deus rei da Dinamarca, etc., seu parente e irmão caríssimo,
Afonso, por graça de Deus rei de Portugal e do Algarve e senhor de
Ceuta e Alcácer em África, envia muitas saudações e deseja aumento
de prosperidades. Foi-nos dado saber por L(aaland), passavante da Vossa
Serenidade, da saúde vossa e de vossa espôsa e filhos. Ao mesmo temos
muitas vezes interrogado sôbre o estado do vosso reino e sôbre várias
outras coisas em que os vossos domínios abundam e são notabilíssimos;
coisas que êle com tão boa ordem e abundância nos tem referido que
parece as estamos vendo por nossos próprios olhos. Não obstante terdes
um tal passavante, ao qual com razão já certamente tendes honrado,
resolvemos referir-vos ainda alguns marecimentos seus, porventura de
vós não conhecidos, para que por êles mais, se possivel fór, o
estimeis. Com efeito, em varios combates que pelo magnífico Conde de
Viana, capitão da nossa fortaleza de Alcácer em África e comandante
das nossas tropas, foram há tempo travados com os mouros, e em várias
incursões nos territorios dêstes, em que os nossos lançaram fogo a
muitas aldeias e muitas outras saquearam tomando não poucos cativos,
deu mostras de tanta grandeza de ánimo que se tornou um digno vassalo
de tão grande príncipe e por isso mereceu grande louvor. Pelo qual
motivo (porquanto sóbre a cortesia de maneiras, que na nossa córte tem
mostrado, nada é necessário dizer), quando de lá voltou à nossa
presença, o armámos cavaleiro, certificados como fomos do seu esforço
na guerra por cartas do dito Conde e de muitos varões que com êle
estiveram nos combates. Pedimovos, portanto, que não só pelos grandes
perigos e trabalhos a que se expôs em honra da fé e pelos serviços
que continuamente vos presta, como também por consideração para
connosco que muito o honramos em tudo o que se refere ao seu aumento,
honra e proveito, o tenhais como especialmente recomendado, para que se
entenda que a nossa carta e pedido junto de Vós valem quanto em vosso
nome êle antes referíu. Dada na nossa vila de Sintra, dia 11 de julho
do ano do Senhor de 1461. Elrey» (41).
A carta é nove meses posterior à morte de dom
Henrique o Navegante, o durante tantos anos responsável polas
descobertas portuguesas, facto que acontecera no 13-11-1460. Através do
seu conteúdo fica claro que Lolland deveu de ser pessoa de umha certa
posiçom social também na Dinamarca, já que o próprio Afonso V se
toma a moléstia de recomendá-lo ao monarca deste país. E parece
confirmar a existência de boas relações entre as duas cortes, como
se pode tirar da redacçom da própria carta, e mesmo da expressom «parente
e irmão caríssimo».
Chegado aqui, o investigador dinamarquês Sofus
Larsen pergunta-se também o motivo e a missom cie Lolland em Portugal,
bem como de qual das duas partes poderia ter partido a iniciativa para
esta ter-se dado. E responde-se ele próprio que nom lhe parece que
pudesse ter partido de Christian I, homem em constantes dificuldades
financeiras sempre (42), já que «não é crível que pensasse em
alcançar coisa alguma em Portugal ou em África» (Nota 41).
Deixemos aqui, em suspenso, e de momento,
quantas considerações podam acugular-se-nos agora no magim acerca das
relações existentes entre Portugal e Dinamarca naquela altura, ou do
que Herolden Lolland pudo significar, tanto ao vir a Portugal, como
depois de ter voltado ao seu país, na articulaçom da expediçom
conjunta ao Noroeste Atlântico. Sobre todo isto teremos que voltar mais
adiante. Constatemos tam só que, ainda que precariamente documentada,
sim parece ter existido entom unha sorte de, polo menos, aceitável
relaçom entre as duas cortes. Semelhante facto nom nos permite negar a
possibilidade de que a colaboraçom exploratória que recolhe Carstem
Grypp tenha podido dar-se.
NOTAS
(1) |
LAURING, Palhe: A HISTORY OF DENMARK. Host & Son. Copenhaga, 1995,
páginas 114-115, 262-265.
LAGERQVIST, LARS. O.: KINGS AND RULERS OF SWEDEN.
Vincent Publications. Stockholm, 1995. pág. 30.
DUBY, Georges: ATLAS HISTÓRICO MUNDIAL. Debate. Barcelona, 1992, página 104.
|
(2) |
BOBE, Louis: AKTSTYKKER TIL OPLYSNIGN OM GRONLANDS BESEJLIM 1521-1602 «Danske
Magazin», citado, páginas 304 e 305.
SMAASTYKKER, .id. id. 1913, pág. 383.
|
(3) |
JONES, Gwyn: EL PRIMER DESCUBRIMIENTO DE AMÉRICA. Libros Tau. Barcelona,
1965, pág. 23.
NJARDVIK, Njördur P.: BIRTH OF A NATION. lceland Review. Reykjavik, 1978, pág.
13.
|
(4) |
GRAHAM-CAMBELL, James, e outros: CULTURAL ATLAS OF THE VIKING WORLD.
Infobase Holding Company. Abingdom, 1994, págs. 195-198.
BLOCH-NAKKERUD; Dr. Tom: LOS VIKINGOS. Scandinaviam Film. Group. Oslo (Sem ano).
Na pág. 49 o autor eleva a 70.000 o número de moedas árabes achadas tam só
na Suécia, a maioria na ilha de Gotland, e cifra numhas 6.000 as bizantinas.
|
(5) |
OXENSTIERNA, Eric Graf, obra citada, pág. 238
JONES, Gwyn, obra citada, páginas 27 e 28.
|
(6) |
NJARDVIK, Njördur P., obra citada, 14 e 16.
|
(7) |
JONES, Gwyn, obra citada, páginas 29 e 30.
|
(8) |
WAHLGREN, Erik: LOS VIKINGOS EN AMÉRICA. Destino. Barcelona, 1990, páginas
22-27. Na tabela do grossor do gelo Oceânico arredor de Islândia a partir do
ano 1000, um excelente indicador por este autor manejado, advirte-se um grave
recrudescimento climático na ilha a partir do 1200, logo de um período quente, iniciado arredor do ano 866, com
oscilações, até atingir a sua
máxima deterioraçom no ano 1900. Desde entom a situaçom melhorou de modo
ostensível até voltar nos últimos anos do presente século a quotas
similares ás do 1200, facto que coincidiu com um espectacular desenvolvimento
demográfico, económico e cultural no país. Este último dado concorda ainda
com os informes recolhidos por Christian Kempf em SIPTZBERG, TERRE POLAIRE,
Editions de L'est, Paris, 1994, quem, na sua página 30, sinala que a temperatura média das ilhas Spitzberg se incrementou
em 8° C nos últimos
80 anos, enquanto que, no mesmo periodo, a da Gronelândia subira 4,5° C e a
da Escócia 1,5° C, o que parece indicar que a Terra está a quecer
polos pólos. Som semelhantes as conclusões da maioria dos estudos paleoclimáticos que se
vêm realizando, que coincidem em situar, tanto para a
Islândia como para a Gronelândia, o seu óptimo climático no período Subtlântico Final,
entre os anos 1000 e 1200. |
(9) |
NJARDVIK, Njördur P., obra citada, páginas 72 a 92.
O acordo consistia no envio de seis naves durante os
dous anos seguintes, estudando-se a partir
de entom a renovaçom do mesmo, à satisfaçom de ambas as partes. A finais
do mesmo século, nom obstante, a Coroa concederia-lhe o monopólio deste
comércio aos mercadores de Bergen, polo que o abastecimento ficou supeditado
aos graves avatares económicos e políticos que sofreu esta cidade. A causa
disto, no século seguinte, o XIV, houvo seis anos em que tam só chegou à Islândia
umha embarcaçom, e cinco nos que nom o fijo nengumha. (JONES, Gwyn, obra citada, páginas 101-102). Bergen tivo também umha representaçom hanseática
desde meados desse século. A primeira Hansa fora estabelecida na Alemanha no ano 1259, entre
Lübeck,
Hamburgo, Vismar e Rostock.
Posteriormente, a partir de 1358, Lübeck lideraria a chamada Liga Hanseática,
que chegou a agrupar mais de 200 cidades. (OLIVEIRA MARQUÈS, A. H.: HANSA E
PORTUGAL NA IDADE MEDIA. Ed. Presença, 2ª Edição. Lisboa, 1993,
pág. 16; DUBY, Georges, obra citada, págs. 62-63).
|
(10) |
LAGERQVIST, Lars O., obra citada, página 26.
LAURING, Palhe, obra citada, páginas 105-109.
|
(11) |
NJARVIK, Njördur, P., obra citada, página 93.
|
(12) |
THORSTEINSSON, Bjorn: ENSKA ÖLDIN. Reykjavic, 1970, pág. 263.
PHILPOT, Don: THE VISITOR'S GUIDE TO ICELAND. Ashbourne, 2ª ediçom, 1991, pag. 168.
Erik WAHLGREM sustenta que a distância mais curta entre a Islândia e a Gronelândia
som os 287 quilómetros que se medem desde Snaefjölh, umha
montanha de 793 m. de altura, que dista da Gronelândia uns 22 quilómetros mais que
Kögur. Afirma também que, quando há vento do Árctico a visibilidade é
excelente e pode-se albiscar a Gronelândia desde as alturas dos fiordes
ocidentais da Islândia. Afirma assim mesmo que, a causa das condições
atmosféricas de inversom óptica que por vezes se dam no mar, as partes altas
da costa de Gronelândia som visíveis, ou facilmente conjecturáveis, desde os
barcos situados no mar alto ao Oeste da Islândia. (Obra citada, página 76).
|
(13) |
Sobre Erico o Ruivo, e as colónias gronelandesas: CLAUSEN; Birthe L.:
VIKING VOYAGES TO NORTH AMERICA. The Viking Ship Museum. Denmark. 1993, passim.
GRAHAM-CAMPBELL, James, obra citada, págs. 172 a 179. HAYWOOD, John: HISTORICAL
ATLAS OF THE VIKINGS. Penguin Books. London, 1995, págs. 92 a 99. HERRMANN,
Paul: LA AVENTURA
DE LOS PRIMEROS DESCUBRIMIENTOS. Labor, 1957:
Capítulos VI, VII, e VIII. JONES, Gwyn, obra citada, passim. OXENSTIERNA, Eric
Graf, obra citada, págs. 237-255. PARIAS, L.H.: HISTORIA UNIVERSAL DE LAS
EXPLORACIONES. Tomo I. Madrid, 1967, págs. 286 a 305. WAHLGREN, Erik, obra
citada, passim. LA SAGA DE LOS GROENLANDESES. LA SAGA DE EIRIK EL ROJO. Ediciones
Siruela, Madrid, 1983, anotada por Antón e Pedro CASARIEGO CÓRDOBA.
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(14) |
KARROW, R. W.: MAPMAKERS OF THE SIXTEENTH CENTURY AND THEIR MAPS. Chicago,
1993. Págs. 364-365.
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(15) |
Existem também várias reedições deste mapa: J. METELKA (1896), NORLUND
(1944), e SIRGURDSSON (1971) (14).
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(16) |
LANDSTRÖM, Björn: EN BUSCA DE LAS INDIAS. Juventud. Barcelona, 1971,
pág. 207.
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(17) |
Estou a manejar umha cópia da «Carta Marina» facilitada pola
universidade de Uppsala (Suécia) em Agosto de 1996, de 87 x 63,7 cms., que, polas
imperfeições que apresenta nalguns pontos, deve de ser tirada da existente na
Staatsbibliothek de Munique (Vide pontos 18 a 21 ).
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(18) |
LARSEN, Sofus: DINAMARCA E PORTUGAL NO SÉCULO XV, Biblioteca Nacional,
Lisboa, 1983, pág. 35.
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(19) |
LARSEN, Sofus, id, id. página 34.
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(20) |
Id. Id. páginas 33 e 34.
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(21) |
STETOFF, Rebeca: MAPS AND MAPMAKING: British Library. London, 1995, página
186.
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(22) |
LARSEN, Sofus, obra citada, páginas 60 a 91.
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(23) |
SERRÃO, Joel: DICIONÁRIO DE HISTÓRIA DE PORTUGAL. Figueirinhas, 1992. Tomo II, páginas 44-45.
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(24) |
MASCARENHAS BARRETO, Augusto: O PORTUGUÊS CRISTOVÃO COLOMBO AGENTE
SECRETO DO REI DOM JOÃO II. Referendo. Lisboa, 2ª edição 1988, págs. 67-68.
(Domínio «filipino», é a uniom com a
Espanha de Filipe II, Filipe III e Filipe IV, um período em que Portugal acabaria até por deixar de existir
como reino,
para se converter numha
simples província de Castela, e proibiu-se a publicaçom de obras em português, entre outras
cousas).
STETOFF, Rebeca, obra citada, pág. 80. Esta
autora lembra também que umha grande parte dos documentos existentes na Casa da
Índia, a agência que organizava e controlava as expedições portuguesas, se
perdêrom no grande terramoto de Lisboa de 1755.
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(25) |
Este facto, como no-lo lembra Sofus Larsen, na página 26 da sua obra,
está avaliado polo humanista Eneas Silvio Piccolomini (1405-64), nos seis derradeiros anos da sua vida, papa Pio
II,
na sua inacaba Historia rerum ubique gestarum, umha das obras anotadas por Cristovo
Colom que ainda se conservam.
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(26) |
SERRÃO, Joel, obra citada, Volume V, págs. 29-31.
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(27) |
THORSTEINSSON, Bjorn, obra citada, pág.
270.
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(28) |
SERRÃO, Joel, obra citada, Tomo V, pág. 414.
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(29) |
Id. id., Tomo VI, páginas
676-677. |
(30) |
OLIVEIRA MARQUÈS, A. H., obra citada, pág. 43. Vide (9).
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(31) |
FERREIRA PRIEGUE, Elisa: GALICIA EN EL COMERCIO MARÍTIMO MEDIEVAL. «Pedro
Barrié de la Maza». Corunha, 1988, págs. 567-69.
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(32) |
Id. id. id., páginas 622-623 e 654. Umha anedota que ilustra esta relaçom
é a que recolhe o historiador João de Barros (1496-1570), na sua obra Ásia.
Década primeira, Livro I, cap. 15, onde indica que dom Henrique o Navegante
enviara um Ieom a «um fidalgo ingrês, grande seu servidor, que vivia em Galueu».
Quer dizer, em Galway, Irlanda.
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(33) |
PARIAS, L. H., obra citada, Tomo II, Madrid, 1968, págs. 37-39.
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(34) |
O enlace celebrou-se em 1486. Joana de Mando era irmã de Jobst de Utra,
casado com umha filha de Joám Vaz Corte-Real. Behaim viveu desde entom até
1490 na ilha do Faial. LARSEN, Sofus, obra citada, págs. 93-98.
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(35) |
STEFOFF, Rebecca, obra citada, págs. 53-54.
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(36) |
SERRÃO, Joel, obra citada, tomo I, pág. 42.
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(37) |
LARSEN, Sofus, obra citada, págs. 12-13.
LANDSTRÖM, Bjrön: EN BUSCA DE
LAS ÍNDIAS. Juventud. Barcelona, 1971, pág. 172.
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(38) |
PERES, Damião: HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES. Vertente. Porto.
4.ª edição. 1992, págs. 92 e 98-100. Este historiador cre, porém, que o nome
original do malogrado descobridor deveu de ser Abelhart. ZURARA, Gomes Eanes: CRÓNICA
DA GUINÉ. Civilização. Barcelos, 1973, págs. 395-401.
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(39) |
BOBE, Louis: AKTSTYKKER..., obra citada, página 307.
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(40) |
FUENTES PASTOR, Jesús: CRÓNICA TEMPLARIA. Iberediciones. Madrid, 1995, págs.
130-40. MASCARENHAS BARRETO, Augusto, obra citada, págs. 57-58.
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(41) |
LARSEN, Sofus, obra citada, págs. 17-21.
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(42) |
LAURING, Palhe, obra citada, págs. 114-17.
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