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36 háikus |
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(Texto íntegro) |
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v4xavierfrias36haikus.html
1
perguntar-te
pelo caminho caminho
que nos sorria
2
doente o oeste
trás do solpor
são-nos gaivotas de visita
3
beijar-te
como anjo irreverente
de mel e algodão
4
queria ser gente
ainda mais gente
esparzindo ternura
5
uma coisa é
doce e calada
trás do silêncio mais terno
6
deitada
junto dos lenços em
paisagem
teces orgasmos
7
tu, cidade agarimosa,
todo o eterno
namorado
8
afortunadamente
existe o eco
contra a soidade
9
a tua língua
foi, por brisa,
rebelião de borboretas
10
soavas a fogaça
nunca feita
quando húmida gemias
11
o velho carro
ainda range
teus silêncios e ausências
12
outono lento
de brise e pele
e sorriso impaciente
13
vestem a escuridade
de silêncio,
é isso liberdade?
14
ladridos de cão à alva
tornam-me
na tua peça de caça
15
a luz dos faróis
mendiga noturna
tua suave sombra
16
algum dia
vou pintar sem dor
minhas saudades de rosa
17
descer às poutas da nada
pra dizer nada
entre a nada
18
nossos desejos
andam céleres
por talos de papoula
19
o sol pôs solene
óculos de sol
escondendo os olhos
20
os amigos na palma
como o pão
alimentam em branco
21
lembra sempre
esses dedos céleres
que foram rios
22
a lua laranja
por mentes choradas
e solitárias
23
e fecho os olhos
para não te ver já mais
mas és aroma
24
onde te devo
enviar com um selo
o adeus derradeiro?
25
as bestas de pó
que nos contemplavam
tornaram-se em reais
26
se te beijar
o rio, o luar, a impaciência
lembra-me
27
não procures
agendas na maré
pra anotar o esqueço
28
fui teu no vôo
foste minha sem distância
foi... fomos tudo
29
não dissimules
o inverno da tua cabeça
com florestas
30
procuravas como
tantas vezes
um xarope de versos
31
as tuas mãos
entreabertas sobre a lua
são a pátria dos druídas
32
há um rosio feliz
sobre a minha pele;
respiraste
33
os teus lábios muito abertos
e o sol do verão
cabe todo
34
começar bêbedo
com a fim
de um adeus todo silêncio
35
quem disser que hoje
é liberdade
quer-te gaivota nas mãos
36
a chuva vai
a tarde vai
lentas porque bebem teus
passos
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