Eu

Ângelo Pineda

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Como é moda,
nesta altura,
terei que começar
falando de mim:
Eu era um haste sem bandeira nem farrapo
Eu era a piada dum homem sem graça
Ficavam aderidas,
na minha alma,
as cabichas acesas
dumha espera interminável?
Entom o povo
operou em mim
a sua invasom de consigna
impregnando as minhas palavras
de terra.
Da terra nascem
como gomos
e me vêm florescer
na língua,
para que nunca falte um tribuno
que submeta o belo
ao justo.
Reconhecem-me agora
trágico, colérico, dramático
como umha terrível vingança?
Reconhecem-me agora
rijo, vermelho, implacável
como um apóstolo do nom?


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