Podre mae prostituta,
Com a lírica decadente dos rostos da misséria,
Com a épica brutal das tuas gruas e os teus motores,
Com a pantofágia das tuas costras de cimento,
Com a dureza dos teus braços de asfalto; mae minha, sentinela dos meus
anos…
…o teu ventre de chúvia é a minha
casa, o meu caminho, a minha cançom, o meu metalúrgico riff banhado em
versos slam…
…esta cidade tam puta e misserenta é
esse poema violento tatuado na minha olhada,
um poema de luita operária, de
violência racial, de desarraigo
de ruído de comboios agonizantes e
enferrujados
de barcos esquecidos
de pessoas grises, sem esperança
de travesias dolorosas até um naufrágio
seguro no teu estómago.
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