O comboio, animal asmático
Introduz-me na boca da besta
E eu revivo
A fisonomia vertiginosa dos arrabaldos.
O meu diálogo interior é com um sujo vinilo
Que tem tatuados os riffs daquele combate
Que um dia tivemos com a puta que pariu o mundo
Aquela épica que hoje já
apenas se conserva
em nebulosa
A besta, bebedora de azeite
industrial, hoje é um cadáver
onde moram
Dúzias de miles de missérias
Tu que foches a minha caverna
e a minha deusa assassina
Hoje és umha seca bosta de
vaca infectada de glória
ressessa e sem sentido
E eu fago skate-board num
metálico lóstrego que lambe,
provocador, com lascívia
Os muros que chucharom a
nossa juventude
Como saudando fachendoso
Umha parte mutilada do meu
corpo |