O teu sotaque de Verim 2

S.

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     Hoje notei-te comigo. O exame foi um fracasso, sei que me influi esta cuita.
     Sigo botando de menos o teu sotaque de Verim. Que se lhe vai fazer? Penso em chamar a qualquer número a volto que comece por 988, nom suporto a síndrome de abstinência.
     O mono invade-me e vou ligar para algures.
     Disco um número sem olhar. Atende umha voz masculina.

O rapaz - Olá, quem é?

-Já percebo o prazer. Entro num estado satisfatório.-

S.. — É você o meu Sx?
O rapaz 
—Nom, sou Alberto.
S. 
— Ah, desculpe. É que botava em falta o sotaque ourensam.
O rapaz
—Tem você adicçons estanhas.
S. 
—Com certeza as suas me pareceram mais raras ainda.
O rapaz 
—Possivelmente.
S. 
— Possivelmente. Meu nome é S.
O rapaz 
—Tá bem. Só queria ouvir o meu sotaque ou algo mais?
S. 
—Home, o seu... Exactamente o seu nom, mas serve-me igual. Actua como a metadona.
O rapaz
—Bom, tenho mais que fazer que falar com umha rapariga drogadicta.
S.
— A minha droga é o amor.
O rapaz 
— Há-che muitas ilusas na vida.
S. 
—Vivo temporalmente na adolescência.
O rapaz 
—Eu também.
S. 
— Foda-se. Nom lhe parece suficiente motivo?
O rapaz 
— Umhas hóstias de cativo tirarom-ma de súpeto.
S.
— Sinto-o.
O rapaz 
— Eu nom tanto.
S. 
— Com certeza?
O rapaz 
— É você... É você umha rapariga estranha.
S.
—Nom namores de mim.
O rapaz 
— Nem tinha pensado, mas a proibiçom é suculenta.
S. 
—Só sou umha voz.
O rapaz 
— Umha voz namorada, talvez?
S.
— Mas nom de você!
O rapaz - E quem é esse Sx?
S. 
—Umha pessoa especial... O meu bailador. Embora nom gostemos de dançar.
O rapaz 
—É contraditório.
S.
—Lendo a Castelão compreedera-lo.

Siléncio.

S.
— Estou farta desta simulada metadona.
O rapaz 
—Que?
S
—Que quero ao meu Sx.
O rapaz
— Pois vai com el.
S.
—Nom podo. Tem o móvel desligado e vive longe.
O rapaz - Mágoa.
S.
—Amo-o.
O rapaz
— Imagino... Deve ser bom rapaz.
S.
—É um céu.
O rapaz 
—Corto isto. Chau.
S. 
— Até mais, minha senhor.


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