Silêncio! Silêncio!
No alpendre há um miúdo
a cravar uma faca numa caveira.
Na rua os cavalos cospem o veneno dos mortos.
Os sonhos! Ai! Os sonhos!
Os sonhos dos povos
perecerão alagados
sob passagens subterrâneas.
Os pássaros da cidade estão a destruir os edifícios.
Os mestres ensinam nas aulas
como roubar aos nossos pais.
Um rapaz reprovou em Matemática
e deitou-se pela janela de um arranha-céus.
Aos rapazes educam-nos no auto-ódio.
Uma rapariga beijou o meu coração
e logo mordeu-o para o cuspir na lama.
O plástico! Como odeio o plástico!
Os lápis do Mundo assassinaram os seus donos.
Ninguém ficou vivo.
Ninguém.
Ninguém excepto os pássaros e os cavalos.
Silêncio. Silêncio.
Olhai os cadáveres do Mundo,
O cemitério das bicicletas e dos sonhos.
Já não haverá mais aulas de Matemática.
Nem mais medo.
...Silêncio...
Apenas silêncio.
|