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Esquecida
vivia
do
meu corpo. Umha pobre mulher
cumha
filla de vinte e cinco anos,
que
tem à sua vez
umha
filha de três, e vive longe.
Umha
muller já bem
madura,
porque tem
umha
filha de vinte e cinco anos.
Umha
mulher abandonada
polo
marido, sem recursos,
sem
estudos, que tivo que empregar-se
numha
oficina para um trabalho
rotineiro,
há muitos anos, já.
E
assi vive, entre companheiros
indiferenres,
apressados, descontentes;
descontente,
apressada, indiferente.
Vestida
sem cuidado,
penteada
sem esmero.
Sem
horizonte, só, sem ilusom.
E
apareceste ti,
um
parente remoto
e
que necessitava um documento
que
se expedia na minha oficina,
e
eu lhe facilitei.
Um
parente remoto
a
quem nom vira nunca, e que vivia
numha
grande cidade de além-mar.
E,
surprendentemente,
achaste-me
formosa.
Dixeste-mo,
e
no teu rosto lim que eras sincero.
E
foi um terramoto para mim.
No
meu apartamento, pola noite,
dispo-me
perante
o espelho, e acho
que
tés razom, que o meu corpo é formoso
ainda,
e gostaria
de
que o visses assi, sem véu algum.
E,
nua, entro no leito
pensando
em ti, para sonhar contigo,
e
renace entre a escuma dos lençóis
umha
esquecida voluptuosidade,
e
fecho os olhos, porque em sonhos ponho
neles
os lábios teus.
Manhá
convidarei-te a visitar-me;
a
tomar umha copa,
ao
sair do trabalho,
no
meu apartamento.
Tomaremos
a copa, e cando eu veja
que
a hora soou
nos
teus olhos, nos teus
beiços,
nas tuas mans,
farei
o mesmo que hoje fago,
decidida,
tranquila,
sem
temor, sem rubor.
Despirei-me,
mas nom
ante
o espelho: ante ti.
Nua,
sulagarei-me
no
leito: mas contigo.
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