Contos de fada em do maior

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A FUGIDA


     Com dificuldade olhou nas agulhas dum relogio que marcava as dez da noite ... Na cidade celebravam-se as festas patronais, havia muito ruido por toda a parte. Foi subindo os andares, primeiro, segundo, terceiro e quarto. A obscuridade era total no ultimo andar. Duvidou uns instantes. Buscou o interruptor da luz electrica sem dar com ele.
     Decidiu, por fim, percorrer o corredor longo que havia antes de chegar ao quarto que lhe fora asignado. Cada passo que dava na escuridade resoava e repetia-se como se alguem o fora seguindo. Um misto aceso demonstrou que eram simples reflexos do medo. Entrou naquele tetrico quarto um pouco mais tranquilo do que fazia uns segundos...
     A cidade seguia imersa num estrondoso ruido festeiro. A orquestra tocava no parque colonial perto de uma ria fermosa que bicava pola parte sul a cidade... Os «cavalinhos» chirriavam as suas cantigas pasadas de epoca perto do hostal ...
     Despiu-se pouco a pouco, como temendo algo... Quiçá ter que fugir de imediato! A festa continuava, os «cavalinhos» seguiam passando as suas peças antigas e folcloricas, os ruidos do corredor continuavam zumbando nos ouvidos. Ergueu-se a fechar a porta com chave. O medo era cada vez maior, já não só ouvia os ruidos do corredor, via imagens raras pala janela. Preso de panico meteu a cabeça debaixo dos lençois ... De subito deu um salto e foi baixar a persiana.
     Pusso-se a inspecionar o quarto, histerico e sem controlo. Dentro de um armario um jornal atrasado, uma garrafa de cerveja valeira, um livro de comics com ilustrações terrorificas... No interior de uma mesinha havia um copo cor vermelha com algumas moscas mortas no fundo ...
     Os ruidos seguiam batendo-lhe nos ouvidos com mais frequencia e volume. Aquela situação originou-lhe ganas de mijar. A porta não abria agora... Intentou-o varias vezes, mas a porta não cedia. Berrou e ninguem respondeu.
     As ganas eram caprichosas e insistentes, a porta não abria ...Sem mais, colheu a garrafa de cerveja e encheu-a e ainda lhe ficavam mais ganas...
     O ruido cessou, os «tios-vivos» calaram com as suas musicas pasadas de moda... Mas a porta seguia sem querer abrir. Puxo de novo roupa acima do corpo e tomou a determinação de sair daquele inferno psicologico como for ...
     Subiu a persiana e observou a possibilidade de passar daquele quarto a uma janela que ,dava ao corredor, polo exterior pendurado do beirão. Com tino e sem olhar para a rua, foi deslizando-se até chegar à janela, quando ia abri-Ia viu o intrepido rosto de um homem de grossas faces e olhar penetrante. Retrocedeu outra vez até ao quarto. Depois de transcorridas umas horas intentou de novo. Esta vez com mais exito. Abriu a janela e passou ao corredor, desceu as escadas e uma vez na rua respirou profundo. Mas nesse momento compreendeu que o perigo ainda não desaparecera. A poucos metros dele estava o rosto do individuo olhando-o atonito, com olhos penetrantes e infernais. Sem pensá-Io botou a correr. A onde? —perguntava-se,— que mais dá, corre, corre! Quanto mais corria o sujeito mais se aproximava. Ia chegando ao meio do passeio da Ria e já não podia mais ... Botou a mão ao coração e detivo-se, olhou para atrás e ali, imperturbavel o individuo das faces grossas. Foi quando lhe pareceu de uma estatura gigantesca, uns cento e noventa centimetros ... Corre, corre! Um barco de grande tonelagem estava arriado ao final do passeio ... Tenho que alcançá-lo ... —pensava—. Ali seria mais fácil confundir-se nos recantos do navio e fugir do pais!
     Acordou sobressaltado, zangado pela fugida que sonhora, deitado sobre o chão e colhido com uma mão ao cabeçalho da cama.

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