Um serviço policial (Trascendência num acto)

 

Cenas I a VIII

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Para Jenaro Marinhas del Valle




Personagens
:

Padre Pedro, cura pároco, 59 anos.
Dom Tibúrcio, comissário de polícia
Vindiciano, Levelino, inspectores de polícia
Elisa a Sota, mendiga
Soror Anúncia, Soror Madalena
Chefa da Guarda Municipal
Directora do Coro, Membros do Coro e Rondalha
Sacristám
Rapariga 1, filha da Chefa da Guarda Municipal
Rapariga 2, Rapariga 3
O Garoto, Meninho 1, Meninho 2
Umha cadela
Vozes, ruídos, risos e rumores


     A acçom desenvolve-se na praça da Igreja de umha localidade costeira do país. Ao fundo do cenário vê-se a fachada do monumento. Polo meio-dia, numha jornada de verao, véspera da festa maior.




I

(Quando se alça o pano está no cenário, só, o Padre Pedro. Mostra-se inquieto. Veste sotaina e porta umha escopeta de caça).


Padre Pedro.— (Ameaçante). Já veredes, já! (Escuita-se um ruído). E ainda por riba provocando! Mas, aproveitai-vos, que pouco resta para que remate a vossa léria. Tenho 59 anos, levo 34 a exercer de crego e jamais me faltou nada. Ouvistes bem? Nada! (Ergue a arma, ameaçante face ao pórtico). E vós nom ides ser os primeiros! Certo é que nesta Igreja nom avondam as riquezas. O dinheiro retiro-o todos os dias, ao concluir a última missa. Nunca deixo sobras por temor ao que poda acontecer. As noites nom som para fiar, nelas moram os demos e há que prevenir as suas más artes. Porém, o vosso é pior, vir roubar em pleno dia, na véspera da festa maior! Talvez pensedes que com isso dos turistas há mais que apanhar. Estades bem aviados: as gentes forasteiras acodem só para tumbar-se ao sol, gastar nos bares e montar barulho quando os bons cidadaos tencionamos dormir. Aqui (assinala o edifício de culto) pouco entram, e os que o fazem nom soltam grande cousa. Assim que, o que é dinheiro, pouco teres para rapinar. (Ouve-se de novo o mesmo ruído). Outra vez? Que queredes? Que andaredes a joeirar?! (Sossegado, para si). Nom obstante, teria de mostrar-me tranquilo. Deve estar a chegar a polícia; de facto já tarda, há quase um quarto de hora que a chamei. (Outra vez em tom de intimidaçom). Com ela acabará a aventura. Nom pretendades sair antes (brande a arma) porque se o fazedes havedes-vos de topar comigo, e nom som já tenro de roerdes-me. Ou que pensades?
(Pausa).




II

(Padre Pedro, Dom Tibúrcio).


Dom Tibúrcio.— (Entrando). Já estamos aqui!
Padre Pedro.— Ainda bem!
Dom Tibúrcio.— Que acontece, pois?
Padre Pedro.— Como lhe dixem, estám a roubar na Igreja.
Dom Tibúrcio.— Som muitos?
Padre Pedro.— Nom lhe sei, nom os vim.
Dom Tibúrcio.— Como é que foi a cousa?
(Escuita-se novamente o ruído anterior, procedente do monumento).
Padre Pedro.— Aí andam, nom ouve?
Dom Tibúrcio.— O quê! Que som esses ruídos?
Padre Pedro.— Pois, som a prova.
Dom Tibúrcio.— Ah, pois, pois, é claro! Os ruídos. Isso quer dizer que se movem para fazer mal e provocam-nos ao agirem.
Padre Pedro.— Isso mesmo.
Dom Tibúrcio.— E há muito que principiárom?
Padre Pedro.— Pois, a isso das onze, quando me dispunha a aprontar as cousas para a missa do meio-dia notei-o por vez primeira.
Dom Tibúrcio.— Serám um só, um par ou umha moreia de delinqüentes?
Padre Pedro.— Eu nom os vim e isso nom lhe sei calcular.
Dom Tibúrcio.— Há muitas cousas de valor que furtar?
Padre Pedro.— As de sempre. Dinheiro, mui pouco; só as esmolas que pudessem deixar desde que abrim, passadas as oito.
Dom Tibúrcio.— O ruído deve ser que andam a apanhar santos...
Padre Pedro.— Ou o cálice de ouro, ou os candeeiros de prata, ou outras pertenças que tenhem valor. Nom muitas, mas algumha há, de doaçons de generosos fregueses.
Dom Tibúrcio.— Nom se pararám a beber vinho da missa?
Padre Pedro.— Nom creio que sequer pensen nisso.
Dom Tibúrcio.— Pois tranquilize-se. Enfim, deslocárom-se todas as hostes, já cercárom a Igreja. Vindiciano e Levelino, os dous melhores inspectores, estám ordenando a colocaçom de cada quem para que nom haja possibilidades de que se evadam. Achava-se alguém dentro?
Padre Pedro.— Nom o sei. Nom entrei. Quando ouvim os ruídos chamei-os de contado, para nom perder tempo. Tampouco quigem penetrar por se se lhes dava plor prender-me a mim como refém.
Dom Tibúrcio.— Fizo bem, muito bem. Gosto dessas precauçons. Se todos obrassem assim evitariam-se muitos infortúnios. A nom se encontrar ninguém dentro será mais singelo. (Adverte-se de novo um pequeno estrondo. O pároco faz-lho apreciar, com um gesto). Os ruídos! É claro, estám a roubar! Mas por pouco tempo. Com isto acabamos aginha. Deixe-o da nossa mao!
(Entram Vindiciano e Levelino)




III

(Padre Pedro, Dom Tibúrcio, Vindiciano e Levelino).


Vindiciano.— (Dirige-se ao comissário). Já está todo disposto, senhor.
Padre Pedro.— Menos mal!
Dom Tibúrcio.— Já lho dizia eu. Ham de adoptar-se prevençons para actuarmos com segurança. Agora será todo fácil (dá-lhe umha pancada no ombro) já o verá, nom de preocupe de nada, questom de minutos. (A Vindiciano e Levelino, imperativo). Bem, procedam!
Levelino.— Agora mesmo, senhor!
Vindiciano.— Como mande, às suas ordens, senhor!
Dom Tibúrcio.— Adiante, pois!
Levelino.— (Olha para Vindiciano). Vamos lá!.
(Adiantam-se. Abrem a porta da Igreja com cuidado e retiram-se, cada um para um lado. Escurece o cenário, a luz centra-se neles).
Vindiciano.— (Voz alta). Saiam fora!
(Pausa breve. Silêncio e expectaçom. Padre Pedro e Dom Tibúrcio permanecem juntos. Escuita-se de novo o ruidinho).
Levelino.— (Também em alto). Venha, saiam com os braços en alto; estám rodeados!
Padre Pedro.— (À parte, tom amedrontador). Oxalá parta umha centelha esses provocadores!
(Nova pausa. Continua o silêncio).
Levelino.— (Paternalista). Será melhor que venham polas boas. Nom lhes há de acontecer nada grave. Pior será resistirem-se.
Vindiciano.— Repito, saiam que estám rodeados!
(Ninguém sai. Após outra breve pausa, fecham a porta e retornam onde Dom Tibúrcio e Padre Pedro).
Levelino.— (A Dom Tibúrcio). Nada, nom se dam.
(Escuita-se de novo ruído).
Dom Tibúrcio.— Pois, apreciárom esse ruído?...
Vind., Level.— (A umha). Apreciamos, sim.
Dom Tibúrcio.— Essa é a prova de que estám a roubar!
Level., Vind. (A umha). Nom há dúvida!
Padre Pedro.— (Tom inocente). Será difícil colhê-los?
Dom Tibúrcio.— (Rotundo). Nom hó! (Questiona, com gestos, os dous polícias). Que se fai? Porque algo haverá que fazer, digo eu!
Vindiciano.— (Rotundo). Se nom saem, imos por eles!
Dom Tibúrcio.— Isso mesmo pensava eu, a por eles!
Padre Pedro.— Actuem amodinho, nom seja que se manquem.
Dom Tibúrcio.— (Ofendido). Obrigado, mas temos experiência, em piores casos nos temos visto. Somos profissionais!
Padre Pedro. Tem razom. Perdoe, mas eu nom o dizia por mal!
Dom Tibúrcio.— (Tranquilizador). Bem sei, bem sei. Tampouco lho tomamos como tal!
Padre Pedro.— Menos mal!
Dom Tibúrcio.— (Aos dous polícias, imperativo). Bem, procedam segundo a táctica conveniente nestes casos.
Levelino.— Vamos pois, como manda o senhor.
(Outra vez adiantam-se. Ao chegarem onde a porta olham-se os dous).
Vindiciano.— (Em alto). Queremos dar-lhes outra oportunidade!
(Abrem a porta e, como da outra vez, ponhem-se cada um a umha beira).
Levelino.— (Em alto). Botem-se para fora, entreguem-se, que estám rodeados!
(Pausa breve. Silêncio. Dom Tibúrcio e Padre Pedro reagem intranquilos).
Vindiciano.— Assim que se resistem, eh?
Levelino.— Será melhor que se dem polas boas, senom vai ser pior!
Vindiciano.— Por última vez, apareçam! É o mais conveniente para todos. Sabemos que estám aí e nom lhes consentiremos liscarem. Há polícias por toda a parte a cercar a Igreja.
(Nova pausa breve. Silêncio).
Levelino.— (Sempre em alto, dirigindo-se para dentro). Bem, para que vejam que temos paciência, procederemos a contar até três. Se, entretanto, se mostrarem para fóra, esqueceremos a resistência que evidenciárom até agora. Se nom, se nom...
Vindiciano.— Se nom, ham de recordar este día! Porque escapar é impossível.
Padre Pedro.— (A Dom Tibúrcio, gestos de aprovaçom). Isso é!. Duro com eles!
Dom Tibúrcio.— (Em plano confidente). Som estratégias para estes casos.
Padre Pedro.— Compreendo.
Dom Tibúrcio. Bem, estará melhor se calarmos.
Padre Pedro.— Calemos, pois. Prestemos atençom.
(Música de suspense enquanto contam).
Vindiciano.— Até três, dixemos.
Levelino.— Começo: Três (Breve pausa). Dous (Outra breve pausa).
Vindiciano.— Um... e meio...
Levelino.— Um... e vinte cinco...
Vindiciano.— Um... e um quarto...
Levelino.— Um! Dixem um! Escuitárom?
(Ouve-se de novo um pequeno estrondo).
Vindiciano.— Pois claro que escuitárom, já vejo. E ainda em cima, provocadores! Bem, zero... menos sete...
Levelino.— Zero... menos cinco... (Tom suplicante). Por favor, entregem-se!
Vindiciano.— Zero... menos... menos... zero menos um quarto... Tenham presente que nom queremos fazer-lhes nengum dano caso de portarem-se como é devido...
Levelino.— Zero... menos dous... (Paternalista). Venham, homes, que nom lhes há passar nada mau!... zero menos um... zero. Zero. Zero!
Vindiciano.— (Mais alto). Zero.
Levelino.— Bem. Acabou-se!
Vindiciano.— (Rotundo). Acabou-se.
Dom Tibúrcio. (À parte). Isso de que se resistam nom tem muito jeito. A ver no que dá esta andrómena!
(Pausa breve).
Vindiciano.— (Desiludido). Nada, nom se dam!
Levelino.— (Assoma-se com cautela). Nem traças de renderem-se!
Vindiciano.— (Assoma-se também. Fecha a porta que dá a si, com prevençom. Depois, avança, com medo, para o outro lado, onde o companheiro). Resistem-se!
Levelino.— Talvez sejam profissionais. Há bandas organizadas.
Vindiciano.— Bem que o sei; mas, que venham dar precisamente aqui...
Levelino.— Isso também é certo...
Dom Tibúrcio. (Imperativo). Deixem-se de lérias. Já se lhes deu a sua oportunidade. Mais do que se costuma nestes casos, e nom a quigérom aproveitar. Assim que, como nom obedecem, a por eles! (Novamente o ruído. O comissário, com tom convencido). Porque o ruído continua, como bem notamos todos. Ou o que é o mesmo: roubando estám! E nós somos defensores da ordem, da tranquilidade; os anjos da guarda dos clementes cidadans. Devemos evitá-lo. Assim que, avante a por eles!
Vindiciano.— Como V.ª Exc.ª mande!
Levelino.— Vamos logo, senhor.
Padre Pedro.— (Com tom preocupado). E fecham a porta de todo, fagam o favor!
Dom Tibúrcio. Sim, sim, assim se fará. (Imperativo). Ouvírom?
Levelino.— Ouvimos, sim senhor: entramos e deixamos a porta bem fechada!
Dom Tibúrcio. Isso é. E em todo instante estejam alerta, com estas gentes nom se podem ter confianças nem dar-lhes vantagem algumha.
Vindiciano.— Com efeito, assim se executará!
Dom Tibúrcio. Procedam de umha vez!
Vindiciano.— Vamos lá!
(Entram os dous, com a sua arma regularmentar na mao. Fica um instante aberta umha das portas. Mas, logo a seguir, fecham-na).




IV

(Padre Pedro,
Dom Tibúrcio, Vozes).


Padre Pedro. (Preocupado). Armas na Igreja, nunca tal se viu!
Dom Tibúrcio. É só prudência. Mas, nom há de ser preciso empregá-las, já o verá!
Padre Pedro. (Tom grave). Esperemos que assim seja.
Dom Tibúrcio. Aguardemos, porque som o último modelo e de se usarem seria grave.
Padre Pedro. Deus, que medo! Estaremos bem seguros?
Dom Tibúrcio. Sim, aqui estamos seguros.
Padre Pedro. Nom destroçarám nada?
Dom Tibúrcio.— Nom, nom o creio.
Padre Pedro. Esperemos.
Dom Tibúrcio. (À parte). Confie, home, demonstre ser home de fé!
Padre Pedro. (Sem inteirar-se). Aguardemos, pois, com calma. (Pausa breve).
Dom Tibúrcio. Fai calor. (Desabotoa a camisa). Você nom se assa, com essa sotaina?
Padre Pedro. Nom; tomo-o como um sacrifício mais dos muitos que fago a diário. Que é um bocado de calor em comparaçom com as que passou Jesus-Cristo?
Dom Tibúrcio. Ah, se o considerar assim nom digo nada, dou-lhe a razom. (Com fastio, incómodo). A ver se acabam rápido. Os turistas estám começando a curiosear e nom convém que se junte muita gente, pode entorpecer mais que outra cousa. (Imperativo, aos polícias, que estarám no exterior embora nom se vejam). Dissuadam polas boas essas pessoas, que nom nos molestem!
Vozes. (Todas ao mesmo tempo, com o mesmo tom). Sim, senhor!
(De fundo, as mesmas vozes por uns instantes a pedirem polas boas aos curiosos que se movam).
Padre Pedro. A ver se os detenhem aginha. E depois, a dar-lhes um escarmento. Estes indesejáveis, que só se dedicam a amolar, havia que acabar com todos eles. Som... som umha escória!
Dom Tibúrcio. Eles surgem como produto de todos nós. Se fôssemos diferentes, mais humanos, talvez nom se gerariam elementos assim.
Padre Pedro.— Como é que dize isso?
Dom Tibúrcio. É o que sinto. Tenho muitos anos, mais que você seguramente. Estou às portas do retiro e escarmentei muito nesta profissom. Podo assegurar-lhe: este é o lugar mais tranquilo em que tivem destino.
Padre Pedro.— Mas... há roubos a todas as horas... e sovas... (O seu tom vai medrando em indignaçom, cada vez mais alto) e droga... e atracos... e ameaças... e contrabando... e de todo. Cada dia é mais perigoso sair à rua. Como dize que é umha cidade tranquila?
Dom Tibúrcio. Nom é para tanto, hó! A ameaça de verdade som as bandas organizadas que tiram o proveito de todo isso. Porque o que dixo há-o, é certo; é o comum em todas as partes. Mas som desadaptados, marginados, pequenos probleminhas. Esses até é preciso que estejam aí, faga-me caso, tal como funciona o mundo; se nom... se nom haveria que intentá-los.
Padre Pedro.— Ora, que cousas! Assusta-me, senhor comissário!
Dom Tibúrcio. Pois, há que resignar-se, assim lhe é a vida!
Padre Pedro.— Nada disso, nom concordo. Tinha de haver mais autoridade, que se fizesse guardar o respeito. Eu lembro-me de tempos em que era diferente, claro que o era! Porque hoje, já se sabe, apresam-nos e ao pouco estám de novo ceives na rua a incomodar. Nom tenhem medo nem acatamento a nada, porque nom há mando, assim nom há jeito de acabar com eles. Cumpre mais mao dura. (Com afinco). Com estes acababa eu prontamente, bem que conheço a fórmula!
Dom Tibúrcio. (Interessado). Qual é?
Padre Pedro.— Nom me faga falar, nom me faga falar, faga o favor...!
Dom Tibúrcio. Fale, fale. Eu levo muitos anos nisto e asseguro-lhe que nom percebo nengumha. A fame, a competitividade, o desemprego, a falta de oportunidades, a injustiça, a incompreensom e os desequilíbrios, em definitivo, levam a isso. Eu é o que penso.
Padre Pedro.— O senhor comissário é, na verdade, muito considerado. E quer talvez fazer-se o ingénuo. Mas, nom me tem dito que som quase sempre os mesmos?
Dom Tibúrcio. Mais ou menos.
Padre Pedro.— Pois a esses, aos conhecidos, havia que escarmentá-los! A paus! A primeira vez, a paus. E depois, depois... (A crispaçom do seu tom acrescenta-se) cousas piores! E se insistirem, se teimarem... cortar-lhes as maos! E se continuarem ainda, se continuarem...
Dom Tibúrcio. (Interrompe). Nom o diga, nom me interessa.
Padre Pedro.— Saiba-o, saiba-o: a morte, a morte na praça pública, para que servisse de exemplo. (Dom Tibúrcio fecha os ouvidos com as maos). Assim acabava-se toda esta lacra.
Dom Tibúrcio. Nom pensava escuitar isso de si, meu amigo. Lembre-se que quando condenárom Jesus-Cristo o povo pediu que se soltasse Barrabás, um ladrom...
Padre Pedro.— Aqueles eram outros tempos!
Dom Tibúrcio. E o mundo está ainda cheio de enormes contrastes.
Padre Pedro.— Só os necessários.
Dom Tibúrcio. Home, nom esqueça todo o que dize a religiom, o que prega sobre o perdom...
Padre Pedro.— O perdom é so para quem se arrepende... e para quem o merece. E esta (Tom despreciativo, com gestos face a porta da Igreja)... estas fezes, este lixo humano, estes nom tenhem perdom possível. Roubar numha Igreja! Onde outra se viu! Que grande ofensa a Deus!
Dom Tibúrcio. Há tantas cousas que ofendem a esse tal Deus, bem piores, que ficam sem castigo algum...!
Padre Pedro.— O caso que nos ocupa está bem claro, ou nom?
Dom Tibúrcio. Quem sabe, porventura arrependem-se...!
Padre Pedro.— Ora essa! Esses nunca, nom sabem o que é isso! (Mui tenso). Havia que matá-los!
Dom Tibúrcio. Nota-se bem às claras que nom é pai.
Padre Pedro.— Como dize isso? Claro que o som: pai espiritual de três parróquias.
Dom Tibúrcio. Você bem que me entende. Quero dizer, que nom tem filhos.
Padre Pedro.— (À parte). Suponho.
Dom Tibúrcio. Como dize?
Padre Pedro.— Nom, nada, cousas minhas. Por que dize isso dos filhos?
Dom Tibúrcio. (Confidente). Um dos meus, o do meio, de jovem fizo todo o pior. Ainda tivem de mover bem amizades para tirá-lo das liortas e asneiras em que se meteu. Foi difícil fazer dele um home de proveito.
Padre Pedro.— Sempre há algumha ovelha má, bem é sabido. Até a Jesus-Cristo lhe saiu um Judas, o que som as cousas.
Dom Tibúrcio. Tem razom, isso nom o cavilara eu. Desde logo, onde menos se pensa...
Padre Pedro.— (Interrompe). Mas isto é diferente. A este tipo de ladrons há que escarmentá-los (Mui indignado), escarmentá-los bem escarmentados. Asseguro-lhe eu que é a única soluçom para evitar que progridam de mais. E corta-se de raiz que podam reproduzir-se e saírem-lhe imitadores. (Fora de si). Porque o mal nom tem acougo, e há que atalhá-lo bem a tempo.
Dom Tibúrcio. (Apaziguador). Está você muito tenso. Tem que descontrair-se, é mau para a saúde manifestar-se dessa maneira.
Padre Pedro.— Estas cousas a mim ponhem-me mau. Eu som doutros tempos, sabe? Como lhe dixem, gosto da ordem, de que cada quem faga o seu, de que todo ande como é devido e esperável... de que nom haja cousas assim, imprevistas, que levam a intranquilidade...
Dom Tibúrcio. Somos homes, portanto há de perdoar os erros...




V

(Padre Pedro, Dom Tibúrcio, Elisa a Sota).


Elisa a sota.— (Entrando. Porta um pau grande na mao). Olá, olá... Aqui estou, Elisa a Sota, a tola mais grande dos arredores...!
Dom Tibúrcio.— (Surpreendido). Esila, olá!
Padre Pedro.— (Nervoso). Vai-te, vai-te, que isto é mui sério!
Elisa a sota.— Ah sim? Vamos ver: de que carta do baralho tenho, pois, que pôr-me: ouro, copa, espada ou talvez (brande com intençom o pau que leva na mao) paus?
Padre Pedro.— (Com desespero). Fazes o favor de te ires rápido? Nom andam bem as cousas.
Elisa a sota.— Isso já me dou conta. Chamou-me a atençom... que tramam tantas forças de ocupaçom neste lugar? Seguro que nada bom.
Dom Tibúrcio.— (Distraído). Como dixo?
Elisa a sota.— Pergunto que quê maquinam...
Padre Pedro.— (Dá um salto e tapa-lhe a boca). Nom repitas, nom o repitas que é desnecessário, nom cumpre para nada. (Reage nervoso). Estám a trabalhar, andam a roubar a Igreja.
Elisa a sota.— E que vam roubar aí dentro?
Padre Pedro.— (Mais nervoso). O que houver!
Elisa a sota.— Só há mentiras fechadas entre paredes mortas, lérias para entontecer, falsidades polas quais nom passam os séculos...
Padre Pedro.— (Suplicante). Cala e vai-te, por favor.
Elisa a sota.— (Apoia-se no pau). Nom me vou, claro que nom! Este é um lugar público e ninguém me pode botar.
Dom Tibúrcio.— Pois nada, por mim...! Eu nom a expulso, embora nom seja este um bom momento, compreenda.
Padre Pedro.— Mas eu sim! Nom se dá conta que tem umha língua que fura as paredes? A sua presença nom vai trazer nada bom.
Elisa a sota.— Nem nada mau. (Tom desafiante). Ou fizem porventura algo que censurar?
Padre Pedro.— Este é um momento mui sério. Estám a roubar a Igreja e precisa-se tranquilidade. Podem-se apresentar dificuldades. Nom sei como chegou até onde nós!
Elisa a sota Como pudem. As forças de ocupaçom queriam evitar-mo, mas safei-me, e aqui estou.
Dom Tibúrcio.— (Sorridente). Assim que forças de ocupaçom!
Padre Pedro.— Nom lho tome a mal, já a conhece.
Elisa a sota.— (A Dom Tibúrcio). Isso mesmo. Ou é que acaso nom estám a ocupar todo este lugar?
Dom Tibúrcio.— Isso é certo. Pensei que o dizia por outra cousa.
Padre Pedro.— Que ia dizer! Está tola e nom dá mais de si. Contodo, quando bota a língua a pacer nunca se sabe com que pode sair.
Elisa a sota.— (Encara a Padre Pedro). Estou como estou. A ti que che importa! Também tu, quando dizes os teus mitins e prédicas nos domingos, nunca se sabe com que vas ouvear para agredir as mentes dos escuitantes.
Padre Pedro.— Um respeito, som o representante de Deus nesta paróquia!
Elisa a sota.— O que dize! Que vas representar tu! Deus, no caso de existir, nom precisa de chiflagaitas assim. Se nem sequer mereces esse nome que levas: Petrus foi alguém importante, polo que contam os evangelhos.
Dom Tibúrcio.— (Irritado). Um respeito, umha consideraçom...!
Elisa a sota.— Claro que, os evangelhos, como papeis que som, tenhem conta do que lhe ponhem.
Padre Pedro.— (Zangado). Como... como... como ousas...?
Dom Tibúrcio.— (Interpom-se). Haja paz!
Elisa a sota.— (A Dom Tibúrcio). Já viu V.ª Exc.ª, este corvo anda a enfastiar-me.
Padre Pedro.— Como?... Que me chamou?... Como se atreve?...
Dom Tibúrcio.— Calma, calma.
Elisa a sota.— (Ao Padre Pedro, com força, no instante em que começa a soar umha música com grande ritmo, até que os dous saem do cenário). Corvo, chamei-che corvo. E ainda mais: castrom, vendido, nugalhao, engana-parvos...
(Quer continuar, mas Padre Pedro, quem amostra ostentosamente a sua irritaçom, volve a fechar-lhe a boca. Luita física entre as duas personagens).
Dom Tibúrcio.— (Separa-os). Ora, ora, haja paz e serenidade. Eu vim aqui polo roubo na Igreja. Nom me fagam intervir por outra cousa.
Padre Pedro.— Esta tola... é que me descontrola.
Elisa a sota.— (Ao Padre Pedro). Mentireiro, pedichom, mamahostias...
(Padre Pedro volve a fechar-lhe a boca. Outra vez desputa entre os dous. O pároco ameaça com a escopeta. Nova mediaçom de Dom Tibúrcio).
Dom Tibúrcio.— Bem, nom me fica mais remédio que entremeter-me, isto pode dar em algo grave. Enfim, dadas as circunstáncias, e para que se restaure a concórdia, cada um para o seu lar. (Um gesto de conivência ao cura pároco). Elisa, tu para onde ias, prossegue o teu caminho...
Elisa a sota.— Vou-me porque o manda o senhor comissário, mas sempre que esse (Aponta para o pároco) se marche também.
Dom Tibúrcio.— Pois claro. Ele também, para a casa rectoral. Total, resolver o roubo é cousa da polícia.
Elisa a sota.— Sim, senhor.
Padre Pedro.— Sim senhor.
Elisa a sota.— (Ao comissário). E a ver se fai que este entroido se dedique a governar só a sua própria vida, em vez de andar a foçar onde nom o chamam.
Dom Tibúrcio.— Venha, venha (com gestos face aos dous), caminhem.
(Elisa a sota. Padre Pedro sai também, polo lado contrário).
Voz de elisa (Distante). Estám a roubar a Igreja, estám roubando...!




VI

(Dom Tibúrcio).


Dom Tibúrcio.— (Só no cenário). Que história de lugar este. Nom é mais que umha vila um pouco grande, mas os seus moradores incomodam-se se nom se lhe chama cidade. Isto é um amuamento, só acontecem tontices, que eles pensam som o mais grande do Universo. Ainda bem é o bom, conste, contodo. Depois, estas pequenezes de disputas e discórdias aldeás, próprias de tempos já superados, de mundos do passado nas civilizaçons adiantadas. Porém, a eles som o que os movem, o que os fam progredir. Há duas noites tivemos que intervir, a isso das três da madrugada, porque um bêbedo estava a atirar os móveis e demais cousas da morada pola janela. E menos mal que nos avisárom a tempo, chegamos justo quando ia lançar ao chao um dos filhos, depois de ter atirado a mulher, que ficou doente. Este roubo de hoje é umha excepçom que se sai da normalidade. A bom seguro que quem o cometem som de fora; aqui nom conheço ninguém que seja capaz de atrevers-e a tanto. A ver em que dá e se o resolvemos com satisfaçom.
(Pausa breve).




VII

(Dom Tibúrcio, Padre Pedro, Sacristám).


(Assomam-se Padre Pedro e o Sacristám. Dom Tibúrcio, absorto, está de costas e nom se dá conta).
Padre Pedro.— Já se foi a tola?
Dom Tibúrcio.— (Reage com assombro). Ah... perdoe, padre Pedro, nom me apercebera de que estava aí. As minhas saudaçons, senhor sacristám. A Elisa dizem? Sim, já se foi, venha home, acheguem-se. (Gestos de escusa para o Padre Pedro). De facto nom tinha por quê ir-se, só a botava a ela.
Padre Pedro.— (Entra, junto com o Sacristám). Assim aproveitei para um recado que me veu trazer o sacristám.
Sacristám.— (A Dom Tibúrcio). Já me dixo (fai um gesto face ao pároco) que andam a roubar...
Dom Tibúrcio.— Pois sim, assim é.
Sacristám.— (Excusa-se). Com licença, despido-me, pois, que aqui nom fago nada, só interrompo. Vim avisar para um enterro e trazer umhas cousinhas.
Dom Tibúrcio.— Como quiger.
Sacristám.— (Com indecisom). Vou-me. Agora já sabem certo que nom som eu que estou dentro, o padre Pedro dixo-me que desconfiara isso de primeiras...
Dom Tibúrcio.— A mim nom me comentou nada, eu nunca suspeitei...
Padre Pedro.— Ele fala bem: desconfiei ao princípio, mas chamei-o e, como nom respondia, telefonei à Comissaria. Assim que, nom considerei interessante dizer-lhe nada.
Dom Tibúrcio.— Ah, bem.
Sacristám.— Retiro-me, pois.
Dom Tibúrcio.— Como quiger.
Sacristám.— Adeus.
(Despede-se).
Padre Pedro.— Adeus.
Dom Tibúrcio.— Até logo.
(Pausa breve).
Padre Pedro.— Que demontre de mulher. Tem de perdoar.
Dom Tibúrcio.— (Surpreendido). Como dize?
Padre Pedro.— Refiro-me a Elisa a Sota, a tola essa.
Dom Tibúrcio.— Ah, nada, por isso as escusas som, em todo caso, minhas. Ela nunca deveria ter chegado até aqui. Enfim, depois investigarei o que passou. Agora aguardemos que nom espante o grilo e nom nos encha isto de gente.
Padre Pedro.— Esperemos. Nom sei por quê anda seguido a meter-se comigo. E olhe que lhe dou sempre esmola, porto-me com ela o melhor que podo e me deixa.
Dom Tibúrcio.— Com esta gente que vive só, na pobreza e no desamparo, nunca um se porta bem...
Padre Pedro.— Sim, é certo, sempre pedem mais.
Dom Tibúrcio.— Enquanto existirem, é umha acusaçom para todos o permitir que se dem situaçons assim.
Padre Pedro.— Como é que dize?
Dom Tibúrcio.— Esqueçamos a questom.
(Pausa mui breve).
Padre Pedro.— (Furioso, de repente. O seu tom espanta o comissário. Novamente música a grande ritmo, durante o diálogo entre os dous). Bem pensado, a culpa é da polícia. Nom sei que fai tanta força pública numha cidade pequena se cada vez há mais indesejáveis.
Dom Tibúrcio.— (Admirado). Olá, como é que dize isso?
Padre Pedro.— Acaso minto?
Dom Tibúrcio.— A Igreja que representa leva vinte séculos a predicar e comer à conta da injustiça, do mal e todo o demais polo estilo, e nom logra avanços; antes polo contrário, como se vê...
Padre Pedro.— O que se há de escuitar... (Reage contrariado). Enfim, deixemos também este conto. Total, nós os dous nom imos arranjar nada.
Dom Tibúrcio.— Nada, esteja seguro.
Padre Pedro.— E nom quero incomodar-me...
Dom Tibúrcio.— Nem eu tampouco.
Padre Pedro.— O importante é resolver este assunto, deter os ladrons.
Dom Tibúrcio.— Isso mesmo, tem razom.
Padre Pedro.— A ver se saem con eles de umha vez.
Dom Tibúrcio.— A ver, a ver.

(Pausa. Os dous reagem com inquietude polo cenário).




VIII

(Padre Pedro, Dom Tibúrcio, Sóror Anúncia e sóror madalena).


Voz de Sóror Anúncia.— (Chama, com tom baixo e meloso). Psss... Padre Pedro, padre Pedro...
Padre Pedro.— (Incómodo). Quem é, quem chama?
Voz de Sóror Madalena.— (O mesmo tom). Somos nós, olhe para aqui...
Padre Pedro.— (Volve-se). Ah, perdoem, nom as vira.
Voz de Sóror Madalena.— Diga-lhes que nos deixem passar.
Padre Pedro.— (A Dom Tibúrcio). Som duas mestras, sóror Madalena e sóror Anúncia, freiras do convento, nom sei que querem...
Dom Tibúrcio. (Voz de mando). Está bem, deixem-nas achegar-se. Mas só um instantinho de nada.
(Entram as duas freiras).
S. Anúncia.— Perdoem a intromissom, mas passávamos por aqui e preocupou-nos o ver tantos guardadores e garantes da decência. Que acontece?
Padre Pedro.— Nom há nada que perdoar, estejam tranquilas; é que andam a roubar na Igreja.
S. A., S. M. (A umha, santigando-se). Ave Maria...!
Dom Tibúrcio.— (Pede-lhes com gestos que acalmem). Tranquilas, nom há ser nada.
Padre Pedro.— Já estám dous polícias dentro, para os apanhar.
S. Anúncia.— (Interessada). Quantos som?
S. Madalena.— (Preocupada). Nom ocorrerá nada mau?
Dom Tibúrcio. Nom sabemos quantos som, mas nom há de acontecer nada mau. Os dous inspectores que intervenhem som os mais expertos, tenhem abondosa experiência mesmo em casos piores.
S. Anúncia.— Menos mal.
Dom Tibúrcio.— Sim, menos mal. Todo há de acabar bem.
Padre Pedro.— Bem e em breve.
S. Anúncia.— Parece como se fosse cousa do demo.
S. Madalena.— Com efeito, mesmamente.
S. Anúncia.— Ou umha vingança de algum dos muitos santos esquecidos polas gentes deste povo.
Dom Tibúrcio.— Parecerá, parecerá. Mas é cousa de homes. Está muito claro a estas alturas.
S. Anúncia.— Pois será, se o senhor o dize. Tratará-se de jovens desocupados.
S. Madalena.— Seguramente.
Dom Tibúrcio.— Isso nom se sabe
S. Anúncia.— Gastam o tempo assim, em asneiras, nom se lhes dá por fazer bem.
S. Madalena.— Ah, isso nom! E há tanto por fazer, a quererem...
Padre Pedro. Bem pensado, sóror Anúncia tem razom. Quiçá o roubo nom seja de todo cousa do demo. Mas, detrás dele há de estar, com certeza.
Dom Tibúrcio.— O demo, dize?
Padre Pedro. Sim, o demo digo.
Dom Tibúrcio.— Pois eu penso que o demo tem cousas piores e mais interessantes em que ocupar-se.
Padre Pedro. (Gesticula com a mao livre e brande a escopeta com a outra). Nom creia, nom creia. Com tal de fazer mal ele já está contente e conforme, por pouco que seja.
S. Anúncia.— Há tantos demos, onde menos se pensa!
Dom Tibúrcio.— Nisso dou-lhe toda a razom, já vê.
(Pausa).
S. Madalena.— Esperemos que Deus preste a sua ajuda, num caso destes.
S. Anúncia.— Há de prestá-la. Nós imo-nos, que aquí nom resolvemos nada, só estamos estorvando. Assim que cheguemos havemos de rezar para que caminhe todo como é devido.
Dom Tibúrcio.— Rezem, rezem se querem. Isso nunca sobra.
S. A., S. M..— (A umha). Assim o faremos.
Padre Pedro.— Haverá sorte.
Dom Tibúrcio.— (Céptico). Suponho... (Com intençom). Porém, podem marchar.
Padre Pedro.— E nom esqueçam o de rezar.
S. Madalena.— (Maternal). Assim o faremos. Estejam tranquilos. Avisaremos às outras irmás para que também ajudem.
S. Anúncia.— E rogaremos em especial para que ao Santo António, o nosso caro protector, nom lhe fagam nada mau esses pecadores.
Dom Tibúrcio.—

(À parte, com intençom). O Santo António pouco pode fazer por estas, penso eu, por mui boas profissionais do rezo que sejam. (A elas). Talvez. Aliás, a minha mulher sempre lhe reza o responso para achar qualquer cousa quando nom se lembra de onde a deixou.

S. Anúncia.— Pois, nom se preocupe; com os nossos rezos ham de descobrir os delinqüentes aginha.
Dom Tibúrcio.— Isso queria dizer eu.
S. Madalena.— Dê-o por feito, o Santo António jamais erra.
S. Anúncia.— Ou quase nunca, quase nunca.
Padre Pedro.— (Rotundo). Nunca!
S. Madalena.— Nunca, com efeito!
S. Anúncia.— Pois que seja nunca, total...!
Dom Tibúrcio.— (Conciliador). Nom se me ponham com discussons teológicas, que nom é o caso nem o instante.
Padre Pedro.— Bem, que fagam como quigerem, de seguro que acertam.
Dom Tibúrcio.— Nós, de todas as formas, ficamos agradecidos; avonda-nos com a intençom.
S. Anúncia.— A nossa obriga num caso assim é essa e saberemos cumpri-la.
Dom Tibúrcio.— Mui bem. Obrigados.
S. Madalena.— Imo-nos, pois.
Dom Tibúrcio.— Pois adeus, obrigado de novo.
Padre Pedro.— Adeus.
S. M., S. A. (A umha). Adeus.
(Saem).


 

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